quinta-feira, 7 de junho de 2012

RIO + 20 - LOCAIS DA CONFERÊNCIA


Locais: Galpão da Cidadania, Mapas, Arena da Barra, Pier Mauá, Riocentro, Centro, Parque dos Atletas, Museu de Arte Moderna, Conferencia, Barra da Tijuca, Quinta da Boa Vista, Arena do MAM

   Da Barra da Tijuca ao centro, vários locais da cidade do Rio de Janeiro estarão envolvidos na realização da Conferência Rio+20 e eventos relacionados. Veja abaixo.


BARRA DA TIJUCA


Riocentro


   O Riocentro será, durante a Rio+20, perímetro das Nações Unidas. No local, serão realizadas as sessões plenárias e negociações oficiais da Conferência. Ademais, lá serão realizados os “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, série de debates em que a sociedade civil discutirá temas prioritários da agenda internacional para o desenvolvimento sustentável. Haverá ainda espaços para eventos paralelos da sociedade civil durante o período de negociações oficiais. O acesso ao local depende de credenciamento junto à ONU, responsável pela coordenação dos eventos oficiais da Conferência.
Avenida Salvador Allende, 6555. Barra da Tijuca.


Parque dos Atletas


   Essa grande área livre em frente ao Riocentro será dedicada a exposições governamentais e intergovernamentais. No local, serão montados pavilhões eexposições de países estrangeiros, de organizações internacionais e do Governo brasileiro, representado em suas diferentes instâncias (municipal, estadual e federal) e Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Destaca-se o Pavilhão Brasil, em que serão apresentados programas e projetos do Executivo Federal para a promoção do desenvolvimento sustentável. O Parque dos Atletas será ainda um espaço de debate, com a realização de seminários, palestras e mesas-redondas. Empresas parceiras também se farão presentes com demonstrações de inovação e gestão no campo da sustentabilidade.


Avenida Salvador Allende, s/n. Barra da Tijuca.


Arena da Barra


   A estrutura multifuncional da Arena da Barra será o grande espaço de concentração da sociedade civil nas proximidades do Riocentro. Suas salas, auditórios e ginásio abrigarão palestras, seminários e outras atividades da sociedade civil, bem como servirão de centro de retransmissão dos eventos do Riocentro e demais locais da Conferência.


Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401. Barra da Tijuca


CENTRO


Parque do Flamengo


   Local histórico por ter abrigado eventos da sociedade civil na Rio-92, o Parque do Flamengo será novamente utilizado para a realização da Cúpula dos Povos. A organização do evento está sob a responsabilidade do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20. Informações adicionais podem ser obtidas no endereço eletrônico da Cúpula dos Povos.


Museu de Arte Moderna (MAM)


   Durante a Conferência, as galerias do Museu abrigarão exposições temáticas de renomados artistas brasileiros e mostra da campanha “O Futuro Que Queremos”. A cinemateca receberá palestras e seminários organizados pela sociedade civil e mostra de filmes na temática do desenvolvimento sustentável. O Museu receberá ainda a Arena Socioambiental, série de eventos coordenados pelo Ministério do Desenvolvimento Social.


Arena do MAM


   Essa casa de espetáculos receberá durante a Rio+20 concertos e outros eventos culturais patrocinados pelos parceiros do evento, além de servir de área para debates da sociedade civil organizados no âmbito da Cúpula dos Povos.


Av. Infante Dom Henrique , 85 - Parque do Flamengo


Pier Mauá


   Localizado em área central e de fácil acesso, o Píer Mauá será destinado a apresentações sobre inovação, tecnologias sustentáveis e programas de sustentabilidade. Serão apresentados e divulgados projetos do Governo Federal, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da sociedade civil na seguinte disposição:

• Armazém 1: Sociedade Civil
• Armazém 2 : Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Agrário, das Comunicações e da Integração Nacional
• Armazém 3: Finep
• Armazém 4: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.


Avenida Rodriguez Alves, 10. Praça Mauá


Galpão da Cidadania


   Localizado nas proximidades do Píer Mauá, o Centro Cultural de Ação da Cidadania receberá uma série de eventos culturais organizados pelo Ministério da Cultura. Serão organizados seminários, apresentações musicais, exposições, oficinas, mostras de audiovisual e de gastronomia com enfoque na sustentabilidade, entre outros encontros nas mais diversas áreas culturais. A Cultura Rio+20 é um espaço para a reflexão e debate sobre a importância da cultura como eixo estratégico do desenvolvimento sustentável. Confira a programação especial do Ministério da Cultura no endereço http://www.cultura.gov.br/riomais20/


Avenida Barão de Tefé 75, bairro da Saúde

http://www.rio20.gov.br/clientes/rio20/rio20/sobre_a_rio_mais_20/locais-da-conferencia/locais-da-conferencia

sábado, 2 de junho de 2012

RIO PARA TODOS - MINAS NA RIO + 20 - ENTREVISTA COM MILTON NOGUEIRA PARTE II

   Acompanhe a segunda parte da entrevista com Milton Nogueira – Engenheiro, especialista em mudanças climáticas e biodiversidade, consultor de meio ambiente em vários países, ex-funcionário da ONU, residiu em Viena – Áustria. Trabalhou na equipe no Programa Proálcool no Brasil. Concedeu esta entrevista exclusiva ao Jornal Oecoambiental, onde fala sobre a Conferência Rio + 20 e a Cúpula dos Povos.















JOEC: Como o senhor analisa a conjuntura de meio ambiente? Quais os principais problemas que teremos que enfrentar, hoje, no mundo, daqui para frente?


Milton: Os problemas do mundo hoje são econômicos, com uma causa ambiental. Não existe mais aquela preocupação só com a ecologia. Os problemas apontados na ecologia têm uma causa econômica. O principal problema planeta Terra, hoje, é o desperdício dos recursos naturais. A água, por exemplo. Ela é essencial a vida, mas é desperdiçada, por exemplo, na plantação de manga, é utilizada para lavar calçada. É desperdiçada para lavar coisas que poderia deixar com a natureza. A água potável, água doce, está sendo desperdiçada, cada vez mais. Este é um problema, que é o desperdício dos recursos naturais. Outro problema é o descontrole no ciclo de produção. A natureza tem os recursos, a indústria processa o que a gente compra, no supermercado ou na loja. Depois, este produto, quando vira lixo e é descartado, volta para a natureza, aqui, ou lá na Argentina. Se jogar na água, o lixo vai parar nas lagoas, nos rios ou, então, na atmosfera que circunda o planeta inteiro. Então, o fim do ciclo de produção está sem controle. Os produtos que a gente usa, mais cedo ou mais tarde, vão cair nos lixos, na atmosfera ou, então, nos rios. Não tem outro lugar. Então, este descontrole é um problema grave. Não é só da ecologia, mas também da economia. A forma econômica que nós temos que é a exploração, através da venda acelerada das coisas, já mostrou que há um limite imposto pela natureza.

JOEC: O que é o crédito de carbono e como implantá-lo em um município?

Milton: Esta pergunta é muito interessante. Primeiro, o crédito de carbono é um contrato comercial digital, virtual, entre duas entidades. Uma nos países da Europa, no Canadá e no Japão. E outra entidade produtiva em qualquer outro país. Este contrato virtual diz o seguinte: Se uma empresa, digamos, um shopping center da Bélgica está com excesso de emissões de gás carbônico, muita lâmpada, muito estacionamento. Usou, na construção, muito aço, muito vidro; está com excesso de emissões de carbono, então, ele tem débito de carbono. Mas suponha que uma empresa na Costa Rica, ou em Minas Gerais, consiga diminuir o consumo de energia fóssil: diesel, gasolina, óleo combustível. Se ela conseguir diminuir as emissões no seu padrão de produção, esta empresa tem um crédito de carbono. Crédito é compensado por um débito. Então, este comércio é o comércio de crédito de carbono. É um favorecimento financeiro, a qualquer entidade, por exemplo, uma empresa, um shopping center, um município de um país em desenvolvimento, que consiga diminuir as emissões e, com isso, proteger a atmosfera das emissões de gases; gás carbônico, por exemplo.

JOECO: E em um município?

Milton: Os municípios podem participar diretamente do crédito de carbono. Podem fazer um contrato em algumas áreas interessantes. Por exemplo, racionalizar a iluminação pública. Fazendo isso, diminui o consumo de eletricidade, da qual o Brasil tem 20% dela vinda de carvão mineral e de gás natural, combustíveis fósseis. Se você racionaliza iluminação pública de um município, você consegue diminuir as emissões, coletivamente no Brasil. Além disso, é resíduo urbano, tanto o sólido, quanto o orgânico. O resíduo orgânico, se for jogado no lixão ou no aterro sanitário, vira metano, que é um gás de efeito estufa. Toda matéria orgânica que apodrece sem a presença do oxigênio vira metano; um gás poderoso, de impacto na atmosfera. Então, se uma prefeitura consegue, por exemplo, fazer uma compostagem, que são aquelas pilhas de matéria orgânica, restos de comida que apodrecem, sem virar metano, então, ele tem uma compensação de crédito de carbono. Ainda, tem-se a possibidade da racionalização do transporte. É o que acontece se a prefeitura consegue implantar um sistema de transporte de ônibus, de coletivo, de metrô, o transporte solidário, a carona solidária, coisas que diminuem a emissão de gás carbônico, sem diminuir a mobilidade das pessoas. Não há nenhum motivo para as pessoas, em Belo Horizonte, irem para escola ou para o trabalho de automóvel. Aliás, o motivo que existe é a carência do sistema de transporte coletivo. Mas o dia que tiver um sistema de transporte coletivo rápido, seguro, decente e frequente, a cada “tantos” minutos, a população abandona o automóvel na garagem e vai utilizar estes sistemas. Em se fazendo isso, haverá uma redução das emissões coletivas das cidades e, aí, a prefeitura teria um exemplo de como fazer crédito de carbono. Então, existem algumas medidas deste tipo, a racionalização de energia nos escritórios da prefeitura, dos serviços públicos, das escolas, hospitais públicos. A racionalização de energia, não só de iluminação, mas no uso de energia para ar condicionado. Isso gera crédito de carbono. Portanto, qualquer município, grande ou pequeno, poderia conseguir créditos de carbono, se utilizasse esta racionalização.

JOECO: O Brasil tem uma grande reserva de florestas...

Milton: O Brasil tinha isso de forma gigantesca, na época do descobrimento. Nos últimos séculos, foi diminuindo e, nos últimos cinqüenta anos, da segunda guerra para cá, foram aceleradamente destruídas, as florestas. Isso, por causa da expansão da fronteira agrícola, a soja, o plantio de eucalipto, a cana de açúcar, ou para a pecuária. Corta-se o cerrado para plantar pasto. Reduz-se o cerrado, que é um estoque de carbono que vai para a atmosfera. O Brasil andou na contramão das coisas. De uns anos para cá, conseguiu diminuir drasticamente as emissões da floresta, embora ainda falte muita coisa para fazer. O Brasil conseguiu diminuir o desmatamento, que era escandalosamente alto. Nas demais áreas, em matéria de comportamento, perante a atmosfera, o Brasil vai bem. Por exemplo, por mais de trinta anos o Brasil usa etanol, que é um combustível renovável, e não a gasolina, que é feita de petróleo fóssil. Portanto, nas outras áreas, o Brasil vai bem. Porém, os índices de desmatamento ainda continuam vergonhosamente altos.

JOECO: O senhor participou da equipe do Programa Proálcool. Como foi esta participação?

Milton: Foi uma das fases mais extraordinárias do Brasil, naquela ocasião. Na minha carreira também, mas no Brasil, porque ele tinha recém saído de uma crise pavorosa de suprimento de petróleo, no mundo. Uma crise do petróleo árabe, pelo preço. O Brasil conseguiu formular, em poucos anos, uma estratégia nacional de energia renovável, que foi o etanol. Em três anos, nossa equipe estudou as terras, os processos das indústrias, as formas de distribuição, junto com dezenas de entidades nacionais. A Petrobrás, o ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em Campinas. Então, foi um período glorioso do Brasil, por ter superado a crise. O único país que conseguiu, certamente, superar a dependência do petróleo, tanto que hoje, praticamente, não precisa nem importar. Consumimos o que está no país.

JOECO: O senhor acha que o Brasil pode se destacar na utilização de energias renováveis?

Milton: Pode. Primeiro, por fazer, por exemplo, para as outras fontes de energia renovável, o mesmo que já fez, há trinta anos, para o etanol. A mais óbvia é o sol, tanto em energia fotovoltaica, gerar eletricidade por um painel fotovoltaico, quanto pelo aquecimento da água, pelo sol, colocando placas no teto das casas. O Brasil já faz isso, agora, é hora de acelerar isso, em escala nacional. Na costa brasileira, os hotéis que estão à beira da praia não têm o teto solar. É o momento de utilizar, tanto para o aquecimento de água, quanto para gerar eletricidade. Mas não só na praia, veja, na Chapada Diamantina, em Minas Gerais, no Mato Grosso, no Rio... São regiões que possuem grande incidência solar. A tecnologia, hoje, já é desenvolvida no mundo inteiro. A China produz painéis de ótima qualidade a preços muito baixos, para serem instalados já como quite. Mas o Brasil ainda é um grande desperdiçador de energia. Alguns shoppings centers de Belo Horizonte têm cerca de quarenta mil lâmpadas acesas. Então, primeiro a arquitetura formula coisas de maneira obsoleta. Fecham-se as paredes, colocam-se cortinas, ar condicionado e lâmpadas. É desperdício. Nós somos, ainda, grandes desperdiçadores. Tanto nos automóveis, quanto nas fábricas, setor residencial. Neste desperdício, uma grande campanha nacional pode ser feita, para, coletivamente, se diminuir isso.

JOECO: A Conferência Rio + 20 é um grande acontecimento histórico ?

Milton: É porque a humanidade poderia optar pelo “cada um por si” e dispensar o coletivo. Já houve um momento da humanidade que isso ocorreu. A conferência pelo desarmamento nuclear está a 60 anos em operação e até hoje prevalece. Ela evitou a terceira grande guerra mundial. O que já é uma grande coisa. Mas ela não fez o desarmamento. A Conferência Rio + 20 tem um aspecto de espiritualidade. Primeiro, ela não será uma Conferência dominada pelo mundo empresarial, nem tão pouco pelo mundo político, apenas. Tanto na militância, quanto nas reuniões paralelas, esta espiritualidade trabalhará com as esperanças das pessoas do mundo. Mesmo aquelas que são contra os rumos que o mundo vem tomando. Então, ela vai trabalhar esta questão da espiritualidade que é interessante.
   Outro aspecto que é curioso é o aspecto das celebridades. Muitas celebridades da televisão, do cinema, dos esportes abraçaram causas de interesse coletivo. A Gisele Bündchen tem uma campanha; aproveita a carreira dela e faz campanha. O Ronaldo também tem a campanha dele. Então, essas pessoas têm uma presença importante, para se trabalhar estas coisas da espiritualidade. A presença delas, como Letícia Sabatella, Angelina Jolie, muitas outras celebridades, de todos os esportes... Brady Pitty, por exemplo, tem uma campanha. Tudo no sentido de atrair a atenção de pessoas que não estão nem aí para esta Conferência. É importante cuidar para que a imagem deles oriente as pessoas. “Olha, se o Brady Pitty está ali, é preciso prestar atenção”. Então, lá dentro, não vai ter BBB. Não vai haver celebridade lá dentro.

JOECO: A Rio + 20 vai tratar de questões de conteúdo para o mundo ?

Milton: Em termos de impacto, é uma forma de constituição virtual do mundo. Como constituição, ela traz mensagem para todas as pessoas. Mesmo para aqueles que não gostam. A Conferência poderá ter vários “filhotes”. Tratados específicos, por exemplo, para o transporte marítimo. Os oceanos não têm dono. Um navio pode sair do Japão e ir pescar no Chile. Fora das águas territoriais, é um bem da natureza, de acesso comum. Qualquer um, o Brasil, por exemplo, pode mandar barcos pesqueiros nestas águas. Ocorre que os bens de acesso comum, por exemplo, os cardumes estão se degradando pela própria ganância coletiva. Os países pensam em retirar o máximo possível de peixes. Então, o cardume entra em colapso. Caso que ocorreu no Chile. E agora está acontecendo na atmosfera. A atmosfera está entupida de gás carbônico. Está se aquecendo, mas quando ela aquece, provoca violências nos ecossistemas do planeta. As enchentes serão cada vez mais longas e simultâneas. Não só nas regiões serranas, mas em todas as regiões do Brasil. As ondas de calor são mais longas e mais quentes. E onda de calor é grave, porque quando ela ocorre, traz um impacto direto na produção de alimentos. Tanto no Brasil, quanto no Quênia, ou na Califórnia. Califórnia que já sofre com o gravíssimo problema da falta d’água. Vai precisar de mais água, para enfrentar este aquecimento e produzir a mesma quantidade de alimentos que eles já produzem. Então, não é porque é pobre que vai se sentir o aquecimento; é em todo sistema. A Áustria quase não tem mais esportes de inverno, pela falta de neve. Então, em todos os países, Suíça, França, Europa, há um colapso. E assim, não tendo neve, não tem o riacho da primavera.

JOECO: Isso tudo é monitorado? Não se vê divulgação sobre isso.

Milton: É monitorado tecnicamente, através de satélites metereológicos. O Brasil tem dois deles. E há um coletivo de dados. Estes dados usam um mesmo padrão de medida, na forma de interpretação; No período ou na semana que ocorre. Então, esta forma científica de monitoramento já é padrão. A interpretação delas vem sendo feita.

JOECO: Mas esta informação é restrita? Ela não está sendo divulgada?

Milton: Ela é aberta. O painel científico do clima, da ONU, IPCC em inglês, publica todas as pesquisas que eles fazem sobre o clima. Coletivos de pesquisas estão acessíveis em várias línguas. Não só em inglês, mas em várias línguas. Estas informações já existem. A interpretação delas, claro, exige ter certa preparação intelectual. Mas isso, também, já está avançando. O buraco que existe é entre a interpretação e a mídia convencional. Sobretudo as televisões do mundo, sobre o que é a realidade. As televisões do mundo, uns vinte jornais trabalhavam com duas maneiras de ver o mundo. Uma visão de Hollywood, da ficção, Ou, então, com a visão de conteúdo. Primeiro, analisando o que é o fenômeno, para depois se produzir a matéria. Mas como a televisão tem que produzir matérias contínuas e diárias, não tem tempo para isso. Elas querem índices de audiência. Então, a forma que a televisão, em todo mundo, se acostumou a ver a questão climática tem que ser mudada, porque ela acostumou a ver ficção, seja de Hollywood, seja de Wall Street. O dinheiro, taxa de câmbio, dólar. Se não existirem outras formas, estas mensagens de conferências ficam por aí; em forma de ficção. A ficção pode ser boa, mas, o tempo todo, levar a população a acreditar que isso é verdade é danoso, para a própria população.
   Outros “filhotes” interessantes, da Conferência, são os “repetecos” nos países. No ano seguinte, quase todos os países vão fazer sua conferência nacional sobre aqueles temas. Usar o coletivo do conhecimento da Conferência e, depois, trazer esse conteúdo para o seu país, para ser aplicado em temas como energia, água, migrações de populações, violência... É um “repeteco” importante. Provavelmente, ali vão se encontrar mais soluções práticas, do que nos três dias da conferência mundial. Este “repeteco” vai ser, portanto, a parte mais substancial da conferência.
   Outro resultado vai ser o de formação destes sistemas políticos, para a governança global. São propostas que vão se aperfeiçoando, ajustando-se ao sistema político atual que tem três níveis, que, aparentemente, não servem para muita coisa; a não ser para se manter o statusquo. Vão se buscar soluções que, talvez, aproveitem experiências locais, junto com a informação política que o sistema global teria. Por exemplo, a formação de grupos de países com um interesse coletivo. A bacia do rio Danúbio são sete países, da Alemanha até a Romênia. Eles já têm um tratado. Então, será que vai se formar, em matéria de bacias, coletivos suficientemente fortes, para se implementar medidas eficazes ? O Rio Amazonas tem oito países ribeirinhos. A Bacia Amazônica tem oito países. Só há um pequeno tratado, que é, praticamente, burocrático. Será que se produziriam coletivos para lidar com os problemas da Bacia, como a migração, exploração econômica e ambiental? Além de manutenção do ecossistema, já que é importante para a hidrografia dali. Então, a formação de grupos regionais entre países, talvez, seja um encaminhamento desta Conferência, para se melhorar a governança, no território de cada país. O deserto, por exemplo, passa por cima dos países, na medida em que a natureza e a atmosfera impõem isso. Problemas como a desertificação, a falta de alimentos, as migrações de maneira coletiva são questões para a governança.

sábado, 26 de maio de 2012

SELO BH SUSTENTÁVEL

Fase de Certificação



    Após a disponibilização no site www.cesa.pbh.gov.br, de todas as informações sobre o Programa SELO BH SUSTENTÁVEL, acompanhadas do Manual de Procedimentos e do Simulador de Resultados. Foram cadastrados, até o presente, 21 empreendimentos, sendo que 12 deles entregaram as suas propostas, que foram auditadas pela Bureau Veritas, com a emissão dos certificados de conformidade, conforme relação abaixo.


Empreendimentos aprovados:


- Aterro Sanitário da BR 040 – SLU /Consórcio Horizonte ASJA;
- Hotel Quality Afonso Pena;
- Hotel Caesar Business;
- Edifício Sede da FIEMG;
- Edifício Sede da TV Globo Minas;
- Edifício Sede da COWAN;
- Edifício Residencial Moacyr de Figueiroa – Campo Engenharia;
- Condomínio Edifício Comercial Raja Hills;
- Centro de Educação Ambiental do PROPAM.


Empreendimentos em projeto com propostas aprovadas:


- Hotel Lavras 150 – MASB;
- Edifício Comercial PRIME SAVASSI- Construtora Ferreira Miranda ;
- Edifício Residencial Vila Real – Construtora Diniz Camargos.

terça-feira, 22 de maio de 2012

RIO PARA TODOS - MINAS NA RIO + 20

Acompanhe as entrevistas dos palestrantes do IV Seminário o Cidadão e o Meio Ambiente. A opinião de cada um sobre a importância da Conferência Rio + 20 e a Cúpula dos Povos - os eventos que acontecerão no Brasil em junho de 2012 e que devem traçar os novos rumos do meio ambiente dentro de toda sua abrangência socioambiental no Brasil e no mundo.


Professora Adriana Monteiro

Graduada em geografia, pela Fundação Educacional Monsenhor Messias (2001), especialista em solos e meio ambiente, pela Universidade Federal de Lavras (2003), mestre em Agronomia/Solos, pela Universidade Federal de Uberlândia (2005), doutora em ciência do solo, pela Universidade Federal de Lavras (2008) e tenho pós-doutorado, pela Embrapa Milho e Sorgo (2010). Atuo nas áreas de pedologia, levantamento e classificação de solos e física do solo, com ênfase em indicadores de sustentabilidade do solo e sequestro de carbono no solo. Atualmente, sou Professora adjunta de pedologia, do Departamento de Geografia, Instituto de Geociências (IGC), da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ela falou ao Jornal Oecoambiental:
  "Atualmente, integro a equipe executora de dois projetos de pesquisa relacionados a indicadores sócio-econômicos e ambientais.
  O primeiro deles visa à identificação de indicadores e instrumentos, para serem integrados às metodologias de avaliação da sustentabilidade de atividades agrícolas, em Minas Gerais, cujo objetivo é delinear um instrumento para avaliação sócio-econômica e ambiental de propriedades rurais do estado de Minas Gerais. Este projeto é coordenado pela Epamig e conta com uma equipe multidisciplinar; é financiado pela Fapemig.
   O segundo projeto de implantação de observatório sócio-ambiental, em Congonhas, visa desenvolver um estudo sobre aspectos sócio-econômicos e ambientais de Congonhas, que apresentem um panorama do município e que possa contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento sustentável do município, mediante o grande crescimento econômico e pressões oriundas deste crescimento. O desenvolvimento deste estudo está baseado na metodologia proposta pelo Sistema GeoCidade, conforme PNUMA (2004). Este projeto conta com parcerias entre a UFMG, UFSJ, campus Alto Paraopeba e tem o apoio econômico da Prefeitura Municipal de Congonhas.

2 - No Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, o que, principalmente, você abordou no tema “Observatório socioambiental de Congonhas”?

   A minha palestra esteve direcionada para a definição dos conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e de indicadores de sustentabilidade. Falei acerca da necessidade de definição de indicadores de sustentabilidade, sobre as características desejáveis de um indicador, como estes podem contribuir para a avaliação da sustentabilidade de um determinado local e das dificuldades de um desenvolvimento sustentável, mediante o grande crescimento da população e, conseqüentemente, da sua demanda pela produção de alimentos, energia, melhores condições de saúde, educação, moradia, dentre outros.

3 – Qual sua avaliação da importância deste IV Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, realizado pelo NESTH/UFMG e o Jornal O Eco Ambiental?

   A importância é eminente, na medida em que temos um crescimento acelerado da população e da pressão desta sobre os recursos naturais, carecendo, assim, de esforços das diferentes esferas da sociedade, no sentido de tentar conscientizar a população sobre a necessidade de que todos contribuam para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. Essas iniciativas devem ser incentivadas, e o meio acadêmico é um local privilegiado, para difusão destes valores.

4 – Quais são os principais desafios, em sua opinião, da área socioambiental, em Minas Gerais e no Brasil?

   O grande desafio é delinear um desenvolvimento que seja realmente sustentável, respeitando os pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Como questões a serem debatidas e direcionadas destacam-se o uso e manejo adequado dos solos. Vários trabalhos vêm apontando o agravamento dos processos erosivos em Minas Gerais, como na região do Vale do Rio Doce e Campo das vertentes, e que carecem de intervenção. O uso inadequado dos solos pode levar à sua exaustão, ao avanço de processos erosivos, contaminação dos cursos d’ água, dentre outros. Minas Gerais tem se atentado para isso e conta hoje com um Conselho Diretor das Ações de manejo do solo (CDSOLOS), o qual administrará o Plano Estadual de Manejo e Conservação de Solos, visando o direcionamento das atividades
de controle da ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola em Minas Gerais.
   O Brasil, considerado a grande fronteira agrícola mundial, tem como grande desafio o aumento da produção de alimentos de forma sustentável, para isso, devemos avançar em pesquisas, investir na recuperação de milhões de hectares de áreas degradadas e incorporá-las ao sistema produtivo, investir em sistemas de produção sustentáveis, como os Sistemas de Integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF’s), que, além de garantir maior diversidade de renda e recuperação de solos e pastagem degradados, é um importante instrumento na redução da emissão de CO2 atmosférico.
Outro desafio relaciona-se à questão da disposição dos resíduos sólidos, e aos impactos desta sobre os recursos naturais. O crescimento da população e melhoria da qualidade de vida desta levará à uma crescente produção de resíduos sólidos, o que carece de políticas públicas adequadas para destinação destes.

5 – Quais as soluções possíveis aos conflitos ambientais locais?

   A busca por soluções pelos conflitos ambientais locais deve sempre considerar as peculiaridades do local e o diálogo entre os seus diferentes atores. Nesta perspectiva, o cidadão deve se apropriar dos problemas relacionados ao seu cotidiano, deve ser agente na organização, na gestão do ambiente no qual está inserido, contribuindo para a manutenção da qualidade deste ambiente, como também para a busca de alternativas viáveis para a solução dos problemas. E isso só poderá ocorrer com um diálogo aberto entre as diferentes esferas da sociedade.

6 - Qual a importância da Conferência Rio+20 para o Brasil e o mundo?

  A Rio +20 trará a oportunidade de discussão acerca da necessidade de serem considerados todos os pilares do desenvolvimento sustentável, ou seja, não é admissível mais pensar em crescimento econômico, sem pensar no desenvolvimento social e ambiental. Estes pilares são indissociáveis e toda e qualquer política pública deve se basear nestes pilares. A Conferência Rio+20 exige um novo comportamento dos países, frente aos desafios ambientais que temos presenciado, exige um novo olhar, um pensar e agir de forma sustentável, de forma a conciliar desenvolvimento econômica com sustentabilidade ambiental e social. Deve haver uma convergência entre estes pensamentos. E neste contexto, o Brasil assume um papel de destaque como grande potência ambiental, destacando o grande potencial de biodiversidade, capacidade de produção de alimentos, geração de energia limpa, dentre outros. Desta forma, as suas políticas públicas devem considerar um desenvolvimento centrado nestes pilares.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARTIGO DE LAURA QUICK

  É com grata felicidade que nosso Jornal Oeocambiental estará publicando em nosso blog os artigos de Laura Quick. Por ocasião do debate na Faculdade de Direito da UFMG, nosso jornal publica  este seu primeiro artigo dentro de nossa proposta de estimular o debate e argumentação da sociedade civil acerca da Conferência Rio + 20. Nosso muito obrigado a Laura Quick, desejando-lhe muitas felicidades.

“A Simplicidade é o ultimo grau de sofisticação” Sempre me inspirei nessa frase de Da Vinci, pois meus pais buscam sempre me ensinar que a simplicidade, tida por muitos como uma fraqueza, é uma virtude que demonstra grandiosidade de espírito, consciência do essencial e sutileza. Mas infelizmente, hoje a frase me mostra uma realidade dura: viver de forma simples e em proximidade com a natureza é privilégio de poucos, de uma minoria sofisticada.
  Em uma metrópole, comer de forma saudável todos os dias, consumir alimentos frescos, praticar esportes, poder nadar em dias de extremo calor… é privilegio, para os poucos com renda suficiente. Rios foram poluídos e destruídos em prol de “progresso” e maior conforto. O calor no verão é de matar a não ser que se tenha dinheiro pra pagar um clube ou morar na praia, ao ganhar conforto se perde qualidade de vida. Comprar em um “sacolão” ou almoçar nos restaurantes de comida saudável é muito mais caro do que fazer refeições em um Mcdonalds e comprar enlatados… O sanduiche natural custa sempre mais que a coxinha, o suco natural mais que o refrigerante. Praticar esportes ao ar livre sai muito mais caro do que fazer musculação, há uma academia fechada em cada esquina por preços variados, enquanto quadras e piscinas se concentram em bairros ricos, prédios e condomínios.
   Fui criada no interior, com pomares e fazenda, quando me mudei para Belo Horizonte me pareceu estranho pagar caro pelo selo “Orgânicos”, ovos e frango “free range chicken” e carne de “boi-verde”. Estava acostumada a comer frutas direto da árvore, pegar as verduras na horta, ver as vacas pastando livres. Assistia assustada meu avô cortar o pescoço da galinha que saia correndo sem cabeça e depois acompanhava o processo de preparo ate ir pra panela (e quando pronto catava o fígado, o coração e a moela que não vem nos frangos de supermercado e viraram surpresinha). Eu pegava os ovos no ninho e deixava sempre um, porque vovó me ensinou que se ficar sem nenhum ovinho a mamãe galinha fica triste e não põe mais. Entretanto, tendo em vista a falta de respeito aos animais nas granjas e matadouros, e a quantidade absurda de agrotóxicos e transgênicos, para garantir uma super produção, suficiente para abastecer o mercado das grandes cidades por preços baixos, me parece justo o valor elevado que tais produtos tem, e o aumento crescente de Vegetarianos e Vegans na sociedade.
    Fico indignada com a falta de grandes áreas verdes para se estender uma toalha e fazer um pic nic, o parque municipal de Belo Horizonte e a maioria das praças pela cidade (como na maioria das cidades brasileiras que conheço) são concreto puro, e recentemente virou caso de policia invadir o gramado. Se gasta muito com concreto, em prol de uma “melhoria”, “modernização”, para cobrir o verde, o natural, que é o que se necessita e se busca hoje. É preciso ter dinheiro pra se chegar perto da natureza, os programas antes depreciados como “programa de índio”, hoje são os mais caros e procurados. A tendência dos jovens ricos agora é o turismo de aventura, o eco turismo, a busca pelas belezas naturais. A forma “primitiva” de relação com a natureza dos índios, que por não se relacionarem com a Terra de forma gananciosa foram subjugados e considerados inferiores, recebeu um nome da moda, “sustentabilidade”, o que mostra que eles sempre souberam como viver, só mais de 500 anos depois se começou a aprender com eles.
    Durante muito tempo, o objetivo de vida da maioria das pessoas era acumular bens, viver confortavelmente e elegantemente, comprar todos os eletrodomésticos do mercado para não ter que se ocupar com afazeres domésticos, ser bem-sucedido consistia em ter um emprego bem remunerado, mesmo que estressante, numa grandes cidade. Hoje se trabalha muito para ter a chance de viver em uma pequena casa, cheia de plantas, poder realizar cada simples coisa pessoalmente e com amor, passar tempo com os filhos e ter tranquilidade. Muitos acreditam que criar bem os filhos é prepara-los para um mundo competitivo, que a passagem no vestibular significa que se alcançou o sucesso em sua educação, que um curriculum “ideal” garante realização profissional. Assim, as escolas e cursos focados em aprovação no vestibular se tornaram os mais caros e procurados. Felizmente, vejo uma valorização crescente de escolas com uma pedagogia comprometida com princípios éticos, que ensina a cooperação, propõe uma infância sem cobrança, incentiva a imaginação e criatividade, valoriza as artes não apenas os números… Como as de pedagogia “Waldorf”, que crescem cada vez mais e cuja mensalidade é compreensivelmente alta. A busca por uma educação real, que molda indivíduos preparados para a vida, já que hoje todos reconhecem que um bom desenvolvimento emocional e cognitivo é mais eficaz do que qualquer curriculum para se alcançar a realização profissional e pessoal.
   Eu poderia escrever mais muitas paginas sobre tudo o que me dói e me falta em uma grande cidade e no estilo de vida majoritário do mundo atualmente. Hoje é caro e difícil viver de forma simples curtindo o que costumava ser e deveria ainda ser fácil e barato. Comprar produtos de empresas éticas e ecológicas como os certificados como “fair trade” é para poucos, ter liberdade e segurança é luxo de quem mora em regiões privilegiadas, reciclar o lixo se torna uma odisseia e andar de bicicleta é quase uma tentativa de suicídio. Me pergunto se essa inversão de valores é um mal necessário e temporário, para nos ensinar a dar valor ao que considerávamos garantido, nos punir por essa conduta e nos fazer voltar aos trilhos. Ou se é mais uma condição imposta pelo sistema econômico, pois sabem que os que amam e reconhecem o valor de coisas simples, essenciais e éticas, pagarão o que for e farão o que tiver ao seu alcance para viver de forma digna e com qualidade. Entretanto, me anima perceber que as pessoas estão começando a buscar uma nova forma de convivência cidadã, em harmonia com a natureza para viver bem, só nessa busca pela simplicidade (por mais custosa e árdua que possa ser) podemos recuperar a dignidade humana. Não se trata de um sonho regressivo e negação da tecnologia e praticidade atuais, mas o objetivo de usufruir de confortos conforme pautas éticas, e não excludentes. Laura Quick Lourenço de Lima

MINAS NA RIO + 20 - RIO PARA TODOS - EVENTO: A RIO + 20 E A JUSTIÇA AMBIENTAL

Foi realizado um debate na Faculdade de Direito da UFMG, nos eventos RIO PARA TODOS - MINAS NA RIO + 20, pela diretoria de extensão do Centro Academico Afonso Pena - Faculdade de Direito da UFMG, em parceria com o Jornal Oecoambiental.














Da esquerda para direita:  Poliane Janine, Maria Teresa,  Leonardo Custódio, Milton Nogueira - Foto: Jornal Oecoambiental
 
  Com a tematica “RIO+20 e a justiça Ambiental”, o debate contou com a participação de Luiz Claudio (Jornal Oecoambiental), Milton Nogueira (Representante ex funcionário da ONU), Maria Teresa Corujo (Representante da organização Aguas do Gandarella) e Poliane Janine (GEDA-grupo de estudos de direito ambiental), e foi coordenado por Leonardo Custodio, diretor de extensão do CAAP. Também estiveram presentes diversos segmentos da faculdade como o GEDAI (grupo de estudos de direito ambiental internacional), a AJUP (assessoria jurídica universitária e popular da UFMG) representada por Henrique Almeida, e diversos integrantes do programa POLOS de cidadania.


Participantes do debate - Foto: Jornal Oecoambiental

 Diversos temas foram abordados como o programa de Credito de carbono, os princípios de Direito internacional ambiental como o “Principio da precaução” e do “Poluidor- Pagador”, a proposta de criação de um segundo conselho de segurança da ONU, além das principais diretrizes da RIO+20. Foi discutida a proposta da UNESCO de criação de um GEOPARK na região do quadrilátero ferrífero que abrangeria a serra do Gandarella, a necessidade da gestão de recursos a fim de realizar os direitos humanos, e a ideia do direito ambiental não apenas como instrumento de proteção ecologica mas também de garantia de um acesso democrático.
  Um ponto polemico no debate foi acerca da visão do povo brasileiro como um povo ligitioso, tendo em vista o excesso de processos envolvendo o código de defesa do consumidor. O que gerou controvérsias e uma discussão acalorada sobre o saturamento do sistema judiciário e a defesa da importância das técnicas de conciliação e mediação como meio de desafogar o judiciário, conquistando assim espaço e atenção para causas urgentes como as de direito ambiental. A atuação da mídia, que compromete o acesso a um conteúdo informativo transparente sobre danos ambientais, encobrindo o que é realmente importante, e a negligencia das faculdades de direito em relação ao direito ambiental, também foram assunto de discussão tendo em vista o quanto tais fatos comprometem a mobilização e reflexão por parte da sociedade civil organizada e a justiça ambiental.
   Conceitos e teorias recentes foram discutidos em um sistema de freios e contrapesos. Considerou-se o ponto de vista sociológico, da importância da proteção ambiental para garantir a dignidade humana, e a pobreza e má distribuição de renda como comprometedoras da preservação. Ao mesmo tempo, fez-se a analise dos avanços constitucionais da Bolívia e outros países onde se reconhece a “Pacha Mama”, a própria natureza como sujeito de direitos, a proteção da natureza com um fim em si mesma. Assim como a falta de valorização no Brasil da pluralidade das culturas de comunidades quilombolas, indígenas e suas formas harmônicas e respeitosas de se relacionar com a natureza e a terra. Além do ideal do “Buen vivir”, que se opõe a ilusão de desenvolvimento transmitida a partir das estatísticas de ascensão da classe media, que refletem um aumento do consumo nos padrões europeus o que não significa maior qualidade de vida, e na realidade, compromete a sustentabilidade do planeta e afasta todos desse ideal.
  O encontro serviu de base para a formação de uma rede de contatos entre os alunos interessados no assunto e os convidados, e para a mobilização dos estudantes a fim de organizar uma comitiva da Faculdade de Direito da UFMG para participar da Cúpula dos Povos, um evento paralelo à RIO+20 que deverá reunir 30 mil agentes da sociedade civil nos mesmos dias da conferência, uma oportunidade única para os alunos do ponto de vista da mobilização social onde se poderá discutir com mais profundidade sobre os temas relacionados a connferencia e incentivar com essa participação a formação de profissionais do direito cada vez mais comprometidos com o meio ambiente e o art. 225 da nossa Constituição Federal.
(Laura Quick Lourenço de Lima – GEDAI - UFMG)