quarta-feira, 21 de maio de 2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
O QUE SÃO AS SEMENTES CRIOULAS
Visando contribuir na melhoria da qualidade de vida e meio ambiente, o Jornal O Ecoambiental tem divulgado algumas redes de produção de alimentos sem agrotóxicos, como a Rede Terra Viva, cujos baners de divulgação das feiras são postados aqui. Um caminho que podemos tomar para melhoria da qualidade de nossa alimentação é aumentarmos a área de plantio de alimentos sem agrotóxicos, os orgânicos. Apoiarmos a agroecologia. Neste caminho buscarmos resgatar e plantar as sementes crioulas, as melhores sementes para a agricultura. A seguir postamos algumas informações sobre as sementes crioulas. Um leitor do jornal O Ecoambiental, nos informou que a Embrapa de Sete Lagoas possui sementes crioulas, além de várias agricultores familiares em nosso País, povos indígenas e populações tradicionais, felizmente. Agora é buscarmos conhecer, valorizar, cultivar para as presentes e futuras gerações as sementes crioulas em busca de melhor qualidade de vida e meio ambiente para todos.
O QUE SÃO AS SEMENTES CRIOULAS
As sementes crioulas são aquelas melhoradas e conservadas pelas famílias agricultoras ao longo de séculos, adaptadas às suas condições de solo e clima, às suas práticas de manejo e preferências culturais.
Historicamente, as comunidades agrícolas têm sido responsáveis pela conservação de uma riquíssima diversidade de espécies e variedades, adaptadas aos mais diferentes usos e necessidades. Essa diversidade faz parte da estratégia produtiva desses agricultores: elas fornecem alternativas de alimentos, forragem, fibras e remédios ao longo do ano, entre outras vantagens, enriquecendo a dieta e diversificando as possibilidades de obtenção de renda.
Essa riqueza também está relacionada aos diferentes usos (alimentação, forragem, comércio, preparação de comidas típicas etc.) e características de interesse (duração do ciclo, resistência à seca ou à umidade excessiva etc.). Assim como a diversidade de espécies, a diversidade genética dentro de uma mesma espécie é de enorme importância para diminuir a vulnerabilidade dos agricultores: se numa lavoura existirem diversas variedades de feijão, por exemplo, dificilmente uma doença, praga ou extremo climático dizimará todas.
"As sementes crioulas têm sido guardadas, reproduzi-das e melhoradas milenarmente pelos camponeses e povos indígenas em todo o mundo. Elas têm garantido para eles e para toda a humanidade a diversidade étnico-ambiental que herdamos."
SEMENTES CRIOULAS X SEMENTES HÍBRIDAS E TRANSGÊNICAS
O que as sementes híbridas e as transgênicas tem de diferentes das sementes crioulas? Enquanto que estas sementes podem ser plantadas e reproduzidas ano a ano, segundo os interesses dos povos que as cultivam, as sementes híbridas vão perdendo a sua capacidade genética (vigor híbrido) de reprodução quando são replantadas safra após safra. No limite suportam duas safras; a partir daí, começam a perder o seu vigor. Nessas circunstâncias, o camponês é obrigado a comprar as sementes híbridas toda a vez que desejar plantar.
As sementes transgênicas também são de propriedade privada das empresas multinacionais a partir da proteção por patenteamento como organismo geneticamente modificado. Para utilizar essas sementes transgênicas o camponês deverá pagar “royalties”, ou licença de plantio, à empresa que as produziu. Caso esse camponês não pague os “royalties” exigidos ele poderá ser processado juridicamente e terá de pagar centenas de vezes o valor da licença de plantio normal determinada pelas empresas multinacionais. Para controlar quem utiliza sementes transgênicas tais empresas criam “polícias genéticas” que fiscalizam as terras plantadas pelos agricultores." (Horácio Martins)
Utilizadas desde os tempos pré-coloniais pelos índios, as sementes crioulas chegaram aos dias atuais pela prática da agricultura tradicional, na qual os lavradores conservam-nas, selecionam, melhoram e as trocam entre si. Seu nome muda de acordo com o estado: são as sementes “da paixão” na Paraíba, “da fartura” no Piauí, “da resistência” em Alagoas, “da liberdade” em Sergipe, e “da gente” em Minas Gerais. Agora, as comunidades vêm se organizando para a criação de bancos de sementes crioulas, que podem ser familiares, comunitários ou regionais.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
CONTAMINAÇÃO RADIOATIVA NA BAHIA
Laboratório francês aponta contaminação
ambiental em mina de urânio na Bahia
O laboratório francês da Comissão de Pesquisa e Informação Independente sobre Radioatividade (CRIIRAD), especialista em detectar radioatividade no meio ambiente, com qualificação técnica certificada pelo Ministério da Saúde da França, identificou elevada taxa de radiação gama no ar e contaminação do solo por metais radiotóxicos no entorno da mineração de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que abastece as usinas atômicas de Angra dos Reis (RJ). A mina fica no distrito de Maniaçu, em Caetité, a 750 Km de Salvador, capital da Bahia.
Os efeitos da radiação ionizante sobre o meio ambiente e na saúde da população vem sendo pesquisados desde 2011, numa parceria técnico-científica do CRIIRAD (http://www.criirad.org/) e Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-RJ), com apoio da organização alemã Médico Internacional. Os dados preliminares desta investigação estão no relatório “Justiça Ambiental e Mineração de Urânio em Caetité: Avaliação Crítica da Gestão Ambiental e dos Impactos à Saúde da População”, que foi apresentado em recente debate público (11.04.2014) promovido pela Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité, no auditório da Universidade do Estado da Bahia.
MONITORAMENTO INEFICAZ - O estudo do CRIIRAD traz resultados de análise de amostras coletadas no entorno da mina, em 2012, avalia o relatório de monitoramento ambiental da INB (RT-URA-05-14), referente a 2011/2012, e aponta áreas contaminadas. O CRIIRAD observou falhas e sugeriu correções para as deficiências do monitoramento da INB, que traz indicadores de medição de urânio e radônio, no ar, e de urânio, rádio-226 e chumbo-210, em amostras de água subterrânea. A INB analisa apenas três substâncias radioativas (urânio, rádio e chumbo). Não monitora as cadeias de decaimento do urânio-238 e urânio-235, que contêm mais de 20 substâncias radioativas.
A empresa também não registra o fator de equilíbrio entre radônio e seus produtos de decaimento, cuja radiotoxicidade é maior do que a do urânio, impossibilitando uma avaliação precisa das doses recebidas pela população que vive perto da mina. A quantidade de postos de monitoramento de radônio livre no ar, no ambiente imediato da mina é muito limitada. Não há resultados para a radiação gama no ambiente, a contaminação do solo, da cadeia alimentar e das águas superficiais e sedimentos. Para o físico nuclear Bruno Chareyron, diretor do Laboratório CRIIRAD, o monitoramento da INB é ineficaz e “sem os resultados de um programa abrangente é impossível avaliar os reais impactos da exploração de urânio na região”.
Entre outras recomendações, o CRIIRAD alertou para a necessidade de monitorar a atividade do radônio dissolvido (que pode ser bastante elevada em águas subterrâneas e fornecer dose de radioatividade para o consumidor muito maior do que a emitida pelo urânio) e a atividade do polônio-210 (associado ao urânio-238 este metal está entre as substâncias mais radiotóxicas quando ingerido).
REJEITOS RADIOATIVOS – Dando curso à pesquisa, este ano o CRIIRAD coletou novas amostras de solo e água e tomou conhecimento que em 2013, a INB realizou prospecção intensiva principalmente na comunidade de Gameleira (cerca de 2 km da mina, tendo alguns furos mais de 70 metros de profundidade) e em Juazeiro. Nos dias 9 e 10.04.2014, nessas comunidades foram medidas doses de radiação gama 2,5 a 10 vezes maior que o valor de fundo, registrado em locais não afetados pela perfuração. A empresa também não avalia outros impactos da perfuração, como a contaminação do ar por radônio; a quantidade de partículas radioativas inaladas e ingeridas pela população e a possível contaminação da água subterrânea, pela mudança no regime de circulação da água gerada pela prospecção. Cabe registrar que nos dois dias de trabalho em campo a equipe da pesquisa foi “monitorada” por escoltas de segurança da empresa.
Contaminação por metais pesados, de longa duração (75.000 anos para o tório-230 e 1.600 para o rádio-226), associados a rejeitos radioativos da mineração foi medida no vale do Riacho da Vaca. Considerando a atividade do minério (tório-230 - atividade de 1.000 Bq/kg, rádio-226 - atividade de 2.430 Bq/kg e chumbo-210 - atividade de 1.870 Bq/kg) a atividade total de alguns rejeitos é superior a 300.000 Bq/kg. Medições a um metro acima do solo na borda superior do vale subiram de cerca de 200 c/s (contagem por segundo) para 700 c/s no centro da depressão. O CRIIRAD recomenda a descontaminação desta área. Além dos rejeitos, a mineração gera enorme quantidade de poeira radioativa. Avaliando apenas o urânio-238, com um teor de cerca de 0,3%, a radioatividade do minério é cerca de 37.500 Bq/kg. Mas quando se considera todos os produtos do urânio (como o tório-230, o rádio-226, radônio-222, chumbo-210, entre outros) a radioatividade do minério alcança mais de 500.000 Bq/kg. Dados da INB mostram que em 2011/2012, a concentração média de urânio no ar a favor dos ventos na mina foi 6 vezes acima do valor registrado na direção contrária aos ventos predominantes.
O CRIIRAD não pode entrar na área da empresa, mas foi informada que a proteção da saúde dos trabalhadores não é prioridade na INB. Tambores cheios de concentrado de urânio ficam acumulados perto da cabine dos vigias, que recebem doses consideráveis de radiação gama. Na área 170, onde o urânio é concentrado e embalado em tambores, material radioativo é lançado no ar. Atingindo uma pureza de 80% pode-se calcular que a concentração do urânio-238 é superior a 10.000.000 Bq/kg. Como o pó se espalha no ar, o risco de contaminação por ingestão e inalação é alto. A situação é muito grave, pois como avalia o Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR) entre as atividades da cadeia de produção da energia nuclear, tirando os acidentes em reatores e bombas atômicas, é na extração e beneficiamento de urânio (elas ocorrem em Caetité) que trabalhadores e cidadãos podem receber as doses mais elevadas de radiação.
DANOS À SAÚDE - O cientista francês esteve em Caetité em 2012, iniciando uma colaboração com o trabalho de epidemiologia popular,“Pesquisa participativa de base comunitária sobre os problemas de saúde na área próxima à mina de urânio em Caetité, Bahia”, iniciado em 2011, sob a coordenação do pesquisador titular da FIocruz Marcelo Firpo, no âmbito do projeto internacional EJOLT (Organizações de Justiça Ambiental, Passivos e Comércio). Coordenado pela Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), o ELOLT (ejolt.org) estuda e apoia mobilizações por Justiça Ambiental em várias partes do mundo, como as relacionadas à mineração de urânio.
Esta não foi a primeira vez que um laboratório internacional apontou a contaminação que a INB vem promovendo em Caetité, e que estava prevista no Estudo de Impacto Ambiental da mineração. Em 2008, o Greenpeace contratou um laboratório da Inglaterra que comprovou a contaminação da água em Maniaçu, fato depois confirmado pelo então Instituto de Águas do Governo da Bahia..
Na Europa, os laboratórios que avaliam contaminação radioativa não se reportam a órgãos de regulação do setor nuclear, como aqui no Brasil, onde são subordinados a Comissão Nacional de Energia Nuclear. O CRIIRAD atua independente do governo e de empresas poluidoras, em defesa do direito à radioproteção e à informação confiável sobre a questão nuclear, em especial os malefícios da radiação ionizante. A expectativa agora, é que as autoridades dos três poderes levem a sério as recomendações feitas e adotem as providências que lhes compete para minorar os prejuízos que a exploração de urânio vem causando aos trabalhadores e populações da região. (Z.Vilas Boas)
sábado, 10 de maio de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
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