terça-feira, 25 de outubro de 2022

8º FORUM GLOBAL DO PACTO DE MILÃO - AGRICULTURA URBANHA


 FONTE: ONU - BRASIL

   O 8º Fórum Global do Pacto de Milão, que aconteceu no Rio de Janeiro, promoveu o painel "Agricultura urbana e peri-urbana para cidades inclusivas e resilientes ao clima". 

O evento procurou debater alternativas como a agricultura urbana e peri-urbana como soluções locais para reduzir a má nutrição em todas suas formas, além de gerar renda e promover a inclusão social nas cidades.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 70% do consumo total de alimentos do mundo hoje é realizado nas cidades. 

Painel "Agricultura urbana e peri-urbana para cidades inclusivas e resilientes ao clima", realizado no Rio de Janeiro, durante o 8º Fórum Global do Pacto de Milão.
Legenda: Painel "Agricultura urbana e peri-urbana para cidades inclusivas e resilientes ao clima", realizado no Rio de Janeiro, durante o 8º Fórum Global do Pacto de Milão.
Foto: © FAO

Em um mundo cada vez mais urbanizado e com a insegurança alimentar em alta nos últimos anos, alternativas como a agricultura urbana e peri-urbana podem ser soluções locais para reduzir a má nutrição em todas suas formas, além de gerar renda e promover a inclusão social nas cidades.

Esta discussão foi tema do painel "Agricultura urbana e peri-urbana para cidades inclusivas e resilientes ao clima", realizado no Rio de Janeiro, dia 19, no âmbito do 8º Fórum Global do Pacto de Milão. Os participantes debateram desafios e benefícios conquistados, trataram de estruturas institucionais necessárias para melhorar a governança e a execução na agricultura urbana para se alcançar sistemas alimentares sustentáveis. 

Na abertura, a representante adjunta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil (PNUMA), Regina Cavini, trouxe dados sobre alimentação e agricultura nas cidades. O Painel Internacional de Recursos afirmou que a pressão dos sistemas alimentares sobre os recursos naturais aumentará significativamente devido ao crescimento populacional e à urbanização, com dietas mais baseadas em produtos animais e alimentos pré-embalados, refrigerados e processados, transportados por longas distâncias. Além disso, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 70% do consumo total de alimentos do mundo hoje é realizado nas cidades. 

Já o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostrou, em 2022, que a agricultura urbana e periurbana tem potencial de reduzir os custos da adaptação climática nas cidades, colaborando com controle das inundações e segurança alimentar. "A agricultura urbana pode ajudar a alimentar pessoas nas cidades e aliviar a tríplice crise planetária que tem a ver com mudanças globais do clima, perda da biodiversidade, poluição e desperdício", afirmou Cavini.

A pesquisadora do Centro de Sustentabilidade da FGV, Jéssica Chryssafidis, disse que a agricultura urbana é um tema efervescente no Brasil e que a construção de um guia sobre o tema "partiu de uma demanda dos municípios por uma "orientação conceitual e metodológica de como fazer agricultura urbana e periurbana na agenda municipal". Realizado pela FGV, o documento 'Agendas Municipais de Agricultura Urbana e Periurbana: um guia para inserir a agricultura nos processos de planejamento urbana' traz uma sistematização de conhecimentos, abordagens e ferramentas participativas para o fortalecimento dessa política em nível municipal. 

A pesquisadora defendeu a necessidade de se enfrentar vazios institucionais, como a ausência de marcos que orientem e regularizem a agricultura urbana, e destacou a importância de se fortalecer e multiplicar as práticas para que consigam atingir maior escala. "É importante buscar arranjos e parcerias para que as prefeituras consigam falar com um grande grupo de atores: universidades, sociedade civil organizada, setor empresarial, instituições de pesquisa e agricultores". 

Estudo - Em seguida, foi apresentado um estudo sobre compras públicas no Estado do Rio de Janeiro. Carolina Bueno, da Unicamp, tratou do papel desse mecanismo como estratégia para fomentar o desenvolvimento local. O estudo de viabilidade levou em conta objetivos como geração de emprego e renda, promoção de dietas saudáveis, produção local e sustentável, além de buscar a redução da emissão de gases do efeito estufa. Os pesquisadores calcularão as emissões de cada compra pública do Estado e farão um mapeamento. "A partir desse mapa produtivo, vamos cruzar as informações das rotas com a produção local para que o alimento seja comprado o mais próximo possível", disse Bueno. 

Como critérios recomendados pelo estudo, definiu-se a regulamentação para tornar obrigatória a destinação de ao menos 30% dos recursos da alimentação em compras públicas da agricultura familiar e a adoção de critérios de sustentabilidade para essa ação. Também seria desejável a criação de um consórcio intermunicipal de operacionalização das compras e a elaboração de mecanismos de controle e monitoramento da política visando a diminuição de impactos socioambientais e os gastos em recursos humanos, sociais, econômicos e políticos. 

Chegou para ficar - David Hertz, cofundador e presidente da organização Gastromotiva, disse que há soluções locais para os povos locais, defendendo a identificação de líderes e organizações sociais que possam ser multiplicadores das iniciativas de agricultura urbana. "Pode ser uma praça, uma laje, podem ser quatro hortas. São muitos exemplos". Ele comentou que a agricultura urbana precisa ser incluída em planos diretivos das cidades e ser apoiada por arranjos institucionais, com um sistema de governança que favoreça a cooperação dos vários atores da cadeia e os governos municipal, estadual e federal.

"A agricultura urbana chegou para ficar. Por uma consequência da pandemia, passamos a olhar de maneira diferente para essa agenda, com uma nova consciência do que significa a agricultura urbana", afirmou o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala. Para ele, um fator crítico para o sucesso da agricultura urbana é o envolvimento da sociedade civil para garantir a permanência das ações no longo prazo. "Os governos se vão a cada quatro anos, mas a sociedade fica". Também salientou que a agricultura urbana permite tornar a cidades mais resilientes ao clima, criando empregos e melhorando a segurança nutricional e alimentar. 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

DIA INTERNACIONAL PARA ERRADICAÇÃO DA POBREZA

FONTE: ONU - BRASIL

  Dia 17 de outubro, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou o retrocesso nesta área visto nos últimos anos e pediu dignidade para todos na prática. 

A ONU estima que 1,3 bilhão de pessoas vivem em diversas situações de pobreza no mundo atualmente. 

Guterres também disse que o sistema financeiro global está “moralmente falido” e pediu para que os Estados-membros priorizem investimentos em soluções centradas nas pessoas em campos como saúde, trabalho, igualdade de gênero, proteção social, transformação de sistemas de alimentação e educação.

 

Líder da ONU apela ainda ao fim de conflitos, das divisões geopolíticas e promoção da busca da paz.
Legenda: Líder da ONU apela ainda ao fim de conflitos, das divisões geopolíticas e promoção da busca da paz.
Foto: © Prashanth Vishwanathan/UNICEF

As Nações Unidas querem que seus Estados-membros comprometam-se com a missão de tornar a pobreza um tema do passado.

O chamado faz parte da mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres, para 17 de outubro, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. O tema da celebração em 2022 é “Dignidade para todos na prática”.

A organização estima que 1,3 bilhão de pessoas vivem em diversas situações de pobreza e o chefe da ONU lamentou o retrocesso nesta área visto nos últimos anos.

Guterres destaca que a pandemia de COVID-19 empurrou milhões de pessoas a essa situação, fazendo com que o mundo retrocedesse ao menos quatro anos. As desigualdades aumentam e, dentro dos países, as economias sofrem com perdas de empregos, aumento vertiginoso de preços de alimentos e energia, além das “sombras crescentes de uma recessão global”.

Para o líder das Nações Unidas, a crise atual se juntou às do clima, de conflitos violentos e da dívida, culminando com o atraso no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Sistema financeiro global - Para o secretário-geral, o lema "Dignidade para todos na prática" deve impulsionar uma ação global urgente para travar a pobreza.

As prioridades incluem atuar para investir em soluções centradas nas pessoas em campos como saúde, trabalho, igualdade de gênero, proteção social, transformação de sistemas de alimentação e educação.

Guterres sugere ainda que aumente a atuação para alterar o sistema financeiro global que para ele está “moralmente falido”. As medidas incluem garantir acesso ao financiamento e alívio da dívida para todos os países.

A mensagem pede ainda auxílio para que economias em desenvolvimento façam a transição de combustíveis fósseis para o uso de energia renovável e economias verdes.

O líder da ONU apela ainda ao fim de conflitos, das divisões geopolíticas e promoção da busca da paz.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

RESTAURAÇÃO DE ECOSSISTEMAS PNUMA - ESPÉCIES SALVAS


FONTE: ONU - BRASIL

  Sob o guarda-chuva da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, celebrada de 2021 a 2030, estão em andamento esforços ao redor do mundo para reavivar os habitats terrestres e marinhos danificados pelo homem, que colocaram o planeta à beira de uma sexta extinção em massa.

Aqui está uma lista do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) de seis mamíferos, répteis e aves que se salvaram da extinção com a ajuda dessa restauração de ecossistemas, desde gorilas-da-montanha até onças-pintadas.

Um bezerro de antílope saiga no Cazaquistão. Após uma chocante morte em massa em 2015, as saigas sofreram um boom de bebês nos últimos anos
Legenda: Um bezerro de antílope saiga no Cazaquistão. Após uma chocante morte em massa em 2015, as saigas sofreram um boom de bebês nos últimos anos
Foto: © Dasha Urvachova/Unsplash

Ao redor do mundo, tanto em terra quanto nos oceanos, populações de plantas, animais e insetos que caem em colapso provocam temores de que o planeta Terra esteja entrando em sua sexta extinção em massa, com consequências catastróficas tanto para as pessoas, quanto para a natureza.

Estima-se que um milhão das oito milhões de espécies do mundo estejam sob ameaça de extinção. Os recursos dos ecossistemas essenciais para o bem-estar humano, incluindo o fornecimento de alimentos e água doce e a proteção contra desastres e doenças, também estão em declínio em muitos lugares.

Mas a esperança não está perdida. Sob o guarda-chuva da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, esforços estão em andamento para reavivar os habitats terrestres e marinhos danificados, desde montanhas e mangues até florestas e terras agrícolas.

Além de fornecer benefícios críticos para as pessoas, os ecossistemas restaurados são um refúgio para muitas espécies ameaçadas de extinção. Aqui está uma lista do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) de seis mamíferos, répteis e aves que se salvaram da extinção com a ajuda da restauração.

Saiga - Antílope do tamanho de uma cabra com um nariz comicamente grande, Saiga uma vez perambulou por milhões de pradarias da Europa até a China. Mas a caça excessiva, a perda do habitat e das rotas de migração, e os surtos de doenças os reduziram a populações remanescentes no Cazaquistão, na Rússia e na Mongólia.

Os esforços de restauração, incluindo a Iniciativa de Conservação Altyn Dala no Cazaquistão, estão protegendo e revitalizando cerca de 7,5 milhões de hectares de estepe, semi-deserto e deserto e já estão vendo resultados. Apesar da morte em massa de 200 mil saigas em 2015, a população cazaque saltou de menos de 50 mil animais em 2006 para mais de 1,3 milhões hoje.

Graças ao aumento das ações de conservação, restauração e saúde animal, o número de gorilas duplicou ao longo dos últimos 30 anos
Legenda: Graças ao aumento das ações de conservação, restauração e saúde animal, o número de gorilas duplicou ao longo dos últimos 30 anos
Foto: © PNUMA

Gorila-da-montanha - Confinados a duas florestas nebulosas na África central, existem apenas cerca de mil gorilas-da-montanha na natureza. No entanto, esse número representa um aumento constante desde os anos 80 e uma recompensa pelos consequentes trabalhos de proteção e restauração que estão resultando em renda turística para as autoridades e comunidades das áreas protegidas.

Metade dos gorilas restantes habita o maciço vulcânico-dotado Virunga, cuja área tripartite protegida atravessa as fronteiras de Uganda, Ruanda e a República Democrática do Congo. As ameaças, incluindo a insegurança, bem como as mudanças climáticas e as doenças, significam que os grandes macacos continuam ameaçados.

O trabalho de restauração na região incluiu a reabilitação de mais de mil hectares no Parque Nacional Mgahinga Gorilla de Uganda com a remoção de árvores exóticas para que as espécies florestais nativas possam retornar, e há planos para restaurar muito mais na região.

Onças-pintadas brincam em um centro de reintrodução na Argentina.
Legenda: Onças-pintadas brincam em um centro de reintrodução na Argentina.
Foto: © Rafael Abuin

Onça-pintada - Enquanto a necessidade de preservar a Amazônia atrai uma atenção merecida, um foco de restauração recai sobre seu vizinho menos conhecido, a Mata Atlântica. Mais de 80% da vasta floresta que se estendia ao longo da costa do Brasil e do Paraguai e Argentina foi perdida para coisas como agricultura, exploração madeireira e infraestrutura.

Amplos esforços de restauração estão em andamento para combater a grave fragmentação deste hotspot de biodiversidade. Eles incluem a regeneração da floresta em terras abandonadas e a criação de corredores de vida selvagem entre áreas protegidas, estratégias que estão ajudando a preservar predadores como a onça-pintada e gato-maracajá que quase são consideradas espécies ameaçadas.

A população de onças-pintadas que vive mais ao sul percorre a região do Alto Paraná da Mata Atlântica, que faz fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Aqui, a redução do desmatamento e a restauração de milhares de hectares de antigas terras florestais ajudaram a população de onças-pintadas a aumentar em cerca de 160% desde 2005.

O Dugongo se alimenta de  ervas marinhas, a principal fonte de nutrição do animal
Legenda: O Dugongo se alimenta de ervas marinhas, a principal fonte de nutrição do animal.
Foto: © Ray Aucott/Unsplash

Dugongo - A restauração de ecossistemas é tão importante no meio aquático quanto na terra. No oceano, habitats vitais que sofreram destruição e degradação incluem prados de ervas marinhas, que são essenciais para as espécies marinhas, incluindo o dugongo, assim como os peixes que sustentam as comunidades costeiras ao redor do globo.

Os Dugongos, que são semelhantes a golfinhos, cuja expressão gentil e gosto por águas rasas pode estar por trás de velhos contos de sereias, desapareceram de grande parte de sua outrora vasta área de distribuição devido à caça, ao enredamento em equipamentos de pesca e à perda das ervas marinhas das quais se alimentam.

Mas a restauração e a proteção nos últimos redutos - que incluem a Austrália, Moçambique e o Golfo Arábico - oferecem esperança de que o único mamífero herbívoro do oceano possa evitar a extinção. Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, Abu Dhabi planeja restaurar outros 12 mil hectares de mangues, recifes de coral e prados de ervas marinhas em cima de 7,5 mil hectares já reavivados.

A Antiguan Racer, outrora a cobra mais rara do mundo, fez um incrível retorno.
Legenda: A Antiguan Racer, outrora a cobra mais rara do mundo, fez um incrível retorno.
Foto: © Wikimedia

Cobra Antiguan racer - Animais e plantas exclusivos de ilhas e arquipélagos são especialmente vulneráveis à extinção, como os gigantescos moas sem asas da Nova Zelândia ou a raposa voadora escura das Ilhas Maurício e Reunião. Mas as ilhas também são terreno fértil para a restauração ecológica de espécies ameaçadas de extinção.

A Antiguan racer é uma cobra inofensiva endêmica da nação de Antígua e Barbuda, que é uma das duas ilhas. Mangus não nativos foram introduzidos na década de 1890 para controlar ratos e presas de cobras, resultando que, em 1995, apenas cerca de cinquenta Antiguan racers sobreviveram em uma única ilhota fora da costa.

Desde então, os esforços de restauração eliminaram predadores invasores de várias ilhas, trazendo seus ecossistemas de volta a um estado natural, e os Antiguan racers contam agora com mais de 1,1 mil indivíduos espalhados por quatro locais. As colônias de aves nas ilhas também fizeram recuperações espetaculares graças à remoção dos predadores.

O icônico abetouro, camuflado em seu habitat de zonas úmidas
Legenda: O icônico abetouro, camuflado em seu habitat de zonas úmidas.
Foto: © Royal Society for the Protection of Birds (RSPB)

Abetouro - No Reino Unido, a restauração de processos naturais em áreas úmidas degradadas e em antigas paisagens industriais reviveu uma ave aquática icônica, além de proporcionar oportunidades de descanso e recreação às pessoas nos centros urbanos próximos.

A vocalização do Abetouro soa através dos lagos e canaviais de muitas zonas úmidas da Inglaterra, inclusive em antigas minas de carvão e poços de cascalho convertidos em reservas naturais. É uma grande reviravolta para um pássaro que há vinte anos atrás estava à beira da extinção no Reino Unido.

Mundialmente, as zonas úmidas são o tipo de ecossistema mais degradado. Outros 35% das zonas úmidas naturais foram perdidas desde 1970 e das 18 mil espécies terrestres que dependem das zonas úmidas avaliadas para a Lista Vermelha da IUCN estão globalmente ameaçadas.