INFORMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL CONSTRUINDO A SUSTENTABILIDADE -
PRESENTE NA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - RIO + 20 - Reg.:18820762
O Jornal Oecoambiental lança neste sábado 2 de Abril o “Projeto Cultural
Sempre um Show” em parceria com "Cantim Noir"- Av. do Contorno 3588 - Santa Efigênia - BH - de 20 as 23h - com a presença do artista Amaury Costa. Uma excelente opção cultural e de lazer para quem curte a MPB e músicas autorais de qualidade. Vale o lembrete: importante realizar a reserva de mesas com antecedência.
AMAURY COSTA
Músico, compositor, produtor e arranjador.
É
formado pela Escola de Música da OMB em teoria e solfejo, violão erudito com o
professor Noé Lourenço no Palácio das Artes, tem formação musical na Escola de
Música da UFMG, técnica vocal com Eládio Pena González.Em 2016 gravou o CD autoral Coração, que
contou com a participação de vários artistas convidados: Marilton Borges do
Clube da Esquina e Marcus Viana do Sagrado Coração da Terra.
Viaja pelo Brasil realizando shows acústicos e com banda. Já se apresentou nos teatros:
Palácio das Artes, Francisco Nunes, Clara Nunes, Sala Ceschiatti em Belo Horizonte.
Participou de vários festivais, finalista do MP Minas promovido pela TV
Alterosa e vencedor do Primeiro festival intercolegial de São Bernardo do Campo
com a música autoral – Coração.
Plantio de árvores - Estação Ecológica da UFMG - Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental, Estação Ecológica da UFMG, Mais Verde em parceria Foto: Jornal Oecoambiental
O Projeto Replantar com o Jornal
Oecoambiental segue plantando árvores como uma ação educativa socioambiental,
unindo pessoas e instituições no sentido de valorização do meio ambiente.
Realizamos em parceria, com a Estação Ecológica
da UFMG e Mais Verde, um plantio de árvores com a participação
da representante da Assufemg Lindaura o professor Dimas da PUC e estudantes da
UFMG, um evento muito importante e significativo de valorização do plantio de
árvores.
São nossos objetivos do Projeto Replantar com o Jornal
Oecoambiental:
- Absorção de gás carbônico da atmosfera (CO2), combatendo as
consequências das mudanças climáticas, do aquecimento global.
- Melhoria da qualidade de vida e meio ambiente local, através do
sombreamento das árvores.
- Melhoria do clima local equilibrando a variação de temperaturas
durante o dia.
- Reduzir os problemas de enchentes, através da retenção da água nas
copas, troncos e infiltração no solo.
- Dar nossa contribuição através de uma ação prática local (plantar árvores)
para a construção da sustentabilidade.
- Educação e comunicação socioambiental
- Melhorar as condições socioambientais de nossas comunidades.
- Somar esforços e dar nossa contribuição
através do “Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental” as “Ações
Climáticas” incentivadas pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente) de zero emissão.
PARCERIAS UNINDO PESSOAS E INSTITUIÇÕES NO PLANTIO DE ÁRVORES
O PROJETO REPLANTAR para alcançar nosso
objetivo do plantio de oito mil árvores, vem realizando parcerias. Neste
plantio, contamos com a presença da Assufemg, estudantes da UFMG, professores, Estação
Ecológica da UFMG, Mais Verde, que acrescentam nas parcerias que realizamos com
Clube dos Vigilantes, Associação Cabral e Cândida Ferreira, Sindifes,
Escoteiros e a população.
Convidamos pessoas
e instituições a somarem forças conosco no plantio de árvores e na construção
de comunidades com melhor qualidade de vida e sustentabilidade.
Plantio de árvores - Projeto Replantar em parceria com Estação Ecológica da UFMG Foto: Jornal Oecoambiental
Plantio de árvores Estação Ecológica UFMG Luis Foto:Jornal Oecoambiental
O Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental realizou em parceria, com sucesso, um plantio de árvores na Estação Ecológica da UFMG dia 23-03 com o Mais Verde, e convidados. nossa proposta de plantio de árvores como educação socioambiental segue em frente. Convidamos pessoas e instituições a somar forças no.plantio de árvores conosco.
UNESCO PRODUZ RELATÓRIO QUE DESTACA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS COMO SOLUÇÃO PARA CRISE HÍDRICA
Fonte: ONU - BRASIL
As águas subterrâneas representam 99% de toda a água doce líquida da Terra e, atualmente, fornecem metade do volume captado para uso doméstico pela população global e cerca de 25% de toda a água utilizada para irrigação.
Elas são destaque do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, publicado pela UNESCO em nome da ONU-Água no Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.
O documento defende que, com mais investimentos em conhecimento, infraestrutura e capacitação de profissionais, as águas subterrâneas podem ser um catalisador para o crescimento econômico em todo o mundo.
Embora represente a quase totalidade de toda água doce líquida do planeta, as águas subterrâneas muitas vezes são um recurso natural mal compreendido e, consequentemente, subvalorizado, mal gerido e até mesmo explorado em excesso. De acordo com a última edição do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em nome da ONU-Água, o vasto potencial das águas subterrâneas e a necessidade de gerenciá-las de forma sustentável não podem mais ser negligenciados.
A mais recente edição do relatório, intitulada “Águas subterrâneas: tornar visível o invisível”, foi lançada na cerimônia de abertura do 9º Fórum Mundial da Água, em Dacar, Senegal, marcando o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Os autores pedem aos Estados que se comprometam a desenvolver políticas adequadas e eficazes de gestão e governança das águas subterrâneas, com o objetivo de lidar com as crises hídricas atuais e futuras em todo o mundo.
Atualmente, as águas subterrâneas fornecem metade do volume captado para uso doméstico pela população global, incluindo a água potável para a grande maioria da população rural que não recebe água por meio de sistemas de abastecimento público ou privado, e cerca de 25% de toda a água utilizada para irrigação.
Em âmbito mundial, projeta-se que o uso da água irá aumentar cerca de 1% ao ano nos próximos 30 anos. Espera-se que a nossa dependência geral das águas subterrâneas aumente, à medida que a disponibilidade de água superficial se torne cada vez mais limitada devido à mudança climática.
“Cada vez mais recursos hídricos estão sendo poluídos, superexplorados e esgotados pelo ser humano, às vezes com consequências irreversíveis. Usar de forma mais inteligente o potencial dos recursos hídricos subterrâneos ainda pouco desenvolvidos e protegê-los da poluição e da superexploração são ações essenciais para atender às necessidades fundamentais de uma população global cada vez maior, bem como para enfrentar as crises climáticas e energéticas globais”, afirma a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
“Melhorar a maneira como usamos e gerenciamos as águas subterrâneas é uma prioridade urgente para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Os tomadores de decisão devem começar a levar em consideração as formas vitais pelas quais as águas subterrâneas podem ajudar a garantir a resiliência e as atividades da vida humana em um futuro no qual o clima está se tornando cada vez mais imprevisível”, acrescenta Gilbert F. Houngbo, diretor da ONU-Água e presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Grandes benefícios e oportunidades - A qualidade das águas subterrâneas em geral é boa, o que significa que elas podem ser usadas de forma segura e acessível em termos financeiros, sem exigir níveis avançados de tratamento. Muitas vezes, as águas subterrâneas são a forma mais rentável de se fornecer abastecimento seguro de água às aldeias rurais.
Certas regiões, como por exemplo o Saara na África e o Oriente Médio, possuem quantidades substanciais de fontes de águas subterrâneas não renováveis que podem ser extraídas para manter a segurança hídrica. No entanto, não se deve negligenciar as gerações futuras nem os aspectos econômicos, financeiros e ambientais do esgotamento do armazenamento dos recursos hídricos.
Na África Subsaariana, as oportunidades oferecidas pelos vastos aquíferos permanecem amplamente subexploradas. Apenas 3% das terras agrícolas estão equipadas para irrigação – em comparação com 59% e 57%, respectivamente, na América do Norte e no Sul da Ásia –, e apenas 5% dessa área usa água subterrânea.
Como aponta o relatório, esse baixo uso não se deve à falta de água subterrânea renovável (que muitas vezes é abundante), mas, sim, à falta de investimentos em infraestrutura, instituições, profissionais capacitados e conhecimento sobre o recurso. O desenvolvimento das águas subterrâneas poderia atuar como um catalisador para o crescimento econômico, aumentando a extensão das áreas irrigadas e, portanto, melhorando os rendimentos agrícolas e a diversidade de culturas.
Em termos de adaptação à mudança climática, a capacidade dos sistemas de aquíferos de armazenar excedentes sazonais ou episódicos de água superficial pode ser explorada para melhorar a disponibilidade de água doce durante todo o ano, pois os aquíferos incorrem em perdas por evaporação substancialmente menores do que os reservatórios de superfície. Por exemplo, incluir o armazenamento e a captação de águas subterrâneas como parte do planejamento do abastecimento urbano de água aumentaria a segurança e a flexibilidade em casos de variação sazonal.
Liberar todo o potencial das águas subterrâneas – o que precisa ser feito?
1. Coletar dados - O relatório levanta a questão da falta de dados sobre as águas subterrâneas e enfatiza que o monitoramento desse recurso muitas vezes é uma “área negligenciada”. Para melhorar isso, a aquisição de dados e informações, que geralmente fica sob a responsabilidade de agências nacionais (e locais) de águas subterrâneas, poderia ser complementada pelo setor privado. Em particular, as indústrias de petróleo, gás e mineração já possuem uma grande quantidade de dados, informações e conhecimento sobre a composição das regiões subterrâneas mais profundas, incluindo os aquíferos. Por uma questão de responsabilidade social corporativa, as empresas privadas são altamente incentivadas a compartilhar esses dados e informações com profissionais do setor público.
2. Fortalecer os regulamentos ambientais - Como a poluição das águas subterrâneas é praticamente irreversível, ela deve ser evitada. Os esforços de fiscalização e criminalização de poluidores, no entanto, muitas vezes são desafiadores devido à natureza invisível das águas subterrâneas. A prevenção da contaminação dessas águas requer o uso adequado da terra e regulamentações ambientais apropriadas, especialmente nas áreas de recarga de aquíferos. É imperativo que os governos assumam seu papel como guardiões de recursos, tendo em vista os aspectos de bem comum das águas subterrâneas, para garantir que o acesso e o lucro sejam distribuídos de forma equitativa e que o recurso permaneça disponível para as gerações futuras.
3. Reforçar os recursos humanos, materiais e financeiros - Em muitos países, a falta geral de profissionais no campo de águas subterrâneas entre o pessoal das instituições e administrações locais e nacionais, bem como responsabilidades, financiamento e apoio insuficientes dos departamentos ou agências de águas subterrâneas, dificultam a gestão eficaz desse recurso. O compromisso dos governos quanto a construir, apoiar e manter a capacidade institucional relacionada às águas subterrâneas é crucial.
Sobre o relatório - O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR), a principal publicação da ONU-Água sobre questões relativas a água e saneamento, tem como foco um tema diferente a cada ano. O relatório é publicado pela UNESCO em nome da ONU-Água, e sua produção é coordenada pelo Programa Mundial de Avaliação da Água da UNESCO (WWAP). O relatório fornece uma visão sobre as principais tendências relativas à situação, ao uso e à gestão da água doce e do saneamento, com base no trabalho de membros e parceiros da ONU-Água. Lançado juntamente com o Dia Mundial da Água, o relatório leva aos tomadores de decisão conhecimento e ferramentas para formular e implementar políticas hídricas sustentáveis. Ele também oferece exemplos de melhores práticas e análises aprofundadas para estimular ideias e ações para uma melhor gestão do setor hídrico e outros.
Para marcar os 100 dias restantes até o início da Conferência dos Oceanos em Lisboa, o enviado especial do secretário-geral da ONU para o Oceano, Peter Thomson, concedeu uma entrevista falando sobre suas expectativas para o evento.
Ele disse estar confiante com o cumprimento das principais metas previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o tema. Entre elas, a conversão de 10% do oceano em áreas de proteção e o fim do subsídio às práticas de pesca ilegal.
O enviado também explicou que uma bateria de soluções inovadoras envolvendo os mares deve ser apresentada na Conferência e destacou como a alimentação deve ocupar papel central nisso. Segundo ele, no futuro, “seremos agricultores do mar em vez de caçadores-coletores”.
A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas começa no dia 27 de junho. O evento na capital portuguesa, Lisboa, reunirá a comunidade internacional para debater questões críticas sobre a saúde dos oceanos como combate à poluição marinha, conservação e restauração de ecossistemas, pesca sustentável e alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o número 14, que está ligado diretamente a preservação dos mares.
Para marcar a contagem regressiva para a data, que começa em menos de 100 dias, o enviado especial do secretário-geral da ONU para o Oceano, Peter Thomson, gravou um vídeo e concedeu uma entrevista para a UN News sobre o evento e a situação atual de nossos oceanos.
UN News: Para que servem as Conferências dos Oceanos da ONU? O que exatamente acontece lá?
Enviado especial Peter Thomson: Quando foi criado em 2015, o ODS 14 – que trata da conservação e gestão sustentável dos recursos do oceano - não tinha realmente um “lar”. Ele era diferente dos ODSs que tratam de saúde ou agricultura, e que podem ser acompanhados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e ou pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), e assim por diante.
Assim, os defensores do ODS 14, particularmente os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e alguns dos Estados costeiros e outros aliados, apontaram que precisávamos de algum tipo de entidade para garantir que a implementação do ODS 14 estivesse no caminho certo e, se não estivesse, uma forma de colocá-la nos trilhos.
Então, foi assim que surgiu a primeira Conferência do Oceano da ONU em 2017, organizada pela Assembleia Geral da ONU, e é este processo que mantém o ODS 14 legítimo. E essa legitimidade, claro, é extremamente importante porque, como diz o mantra, não há planeta saudável sem oceanos saudáveis.
Quanto avançamos na conservação dos oceanos desde a última Conferência?
Definitivamente não o suficiente. Havia uma meta para 2020 de ter 10% dos oceanos transformado em Áreas Marinhas Protegidas (AMPs), e até agora só atingimos 8%. Isso mostra que precisamos trabalhar muito mais nisso, porque as AMPs são uma parte essencial para salvar a saúde dos mares.
Para a Conferência de Biodiversidade da ONU em Kunming, na China, que acontecerá ainda este ano, há uma proposta apoiada por cerca de 84 países chamada de meta “30 por 30”. Em outras palavras, proteger 30% do planeta até 2030 – o que obviamente inclui partes do oceano neste cálculo. Essa meta é muito mais ambiciosa do que os 10% previstos atualmente no ODS 14.5. Acredito que isso é possível e estamos caminhando nessa direção.
A mudança climática é uma questão de sobrevivência para todos nós, mas especialmente para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. Como alguém que nasceu em Fiji, o que você diria para fazer as pessoas se identificarem com a situação devastadora que as ilhas do Pacífico estão enfrentando?
As notícias não são boas como revelou o último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima]. Sou avô, e o que me importa, e o que importa aos meus amigos em Fiji, é a segurança dos nossos netos.
Entendemos que esta não é uma questão crucial apenas para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, mas também para as pessoas que vivem em deltas de rios – pense em Bangladesh ou Mekong – e para aquelas que vivem em cidades construídas com fundações em solos aluviais. Um mundo dois ou três graus mais quente não parece seguro para eles e é para onde estamos indo atualmente.
É por isso que os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, entre eles Fiji, estão na linha de frente da batalha para transformar nossos padrões de consumo e produção, e para que não cheguemos a um mundo muito mais quente. Para nos mantermos, como dizem, em “1,5 para permanecermos vivos”. Essa ainda é a nossa ambição, ainda que ela esteja diminuindo a cada dia. Mesmo assim, estamos pedindo para que a meta continue alta, pois é uma questão de sobrevivência, não apenas para nossos netos, mas também para nossas culturas, que existem há milhares de anos nesses locais.
Qual é o caminho a seguir? Que ações concretas podem ser tomadas?
Bem, olhe para a conferência climática COP26. Veja o que saiu disso e em que direção estamos caminhando até a próxima conferência, a COP27, em Sharma Sheikh, marcada para novembro.
O foco é na redução do uso de combustíveis fósseis e de atividades que queimam carvão. Cada baforada que sai de uma dessas chaminés representa um prego a mais no caixão desses países e ambientes que acabei de citar. Então esse é um grande chamado para a transformação.
E sejamos honestos: isto depende de cada um de nós. Ao sairmos dessa pandemia de COVID-19 vamos voltar ao que estávamos fazendo antes? Ou vamos tentar comer, viajar e fazer compras de forma mais sustentável? A pandemia nos ensinou uma lição? Espero que sim. Assim estaremos reconstruindo não apenas de um jeito melhor, mas também de uma forma mais verde e azul.
O que você acha que está impedindo o progresso em direção à conservação dos oceanos agora?
Bem, o progresso para mim em termos de proteção dos oceanos tem tudo a ver com a implementação do ODS 14 e ele tem algumas metas a serem cumpridas quanto à poluição, pesca excessiva, impactos do efeito estufa e das emissões de gases e implementação de tecnologia marinha. E eu acho que são metas muito factíveis. Eu não perco o sono pensando se vamos conseguir isso ou não. Nós vamos conseguir isso até 2030.
A meta 14.6, por exemplo – que visa livrar o mundo de subsídios às práticas prejudiciais como sobrepesca ou pesca ilegal –, é algo alcançável e a hora de fazê-lo é na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), agendada para junho deste ano. E quem vai fazer isso? Os Estados-membros deste mundo. Se eles falharem, falharão com todos nós.
Agora, eles vão fazer isso? Tenho certeza que sim, porque eles viram que o consenso em Nairóbi foi “vamos fazer a coisa certa pelas pessoas do planeta. Vamos firmar este tratado para proibir e controlar a poluição plástica. Vamos trazer isso para a realidade”. Como resultado, agora existe um comitê de negociação intergovernamental para colocar esse tratado em funcionamento até o final de 2024.
Estou muito animado com isso, porque quando falamos sobre poluição marinha, que é a meta 14.1 do ODS, 80% dessa poluição é de plásticos. Então, ao fazer deste um tratado internacionalmente vinculante tornamos possível atingir a meta, sem problemas.
Você pode nos dar alguns exemplos de “soluções para os oceanos’'?
Olha, existem mil soluções e uma bateria delas será lançada na conferência em Lisboa. Em vez de focar em soluções individuais, eu diria para estarmos preparados para essa bateria. Mas uma que eu particularmente gosto de falar é sobre nutrição. Todos sabemos que o mar fornece alimentos muito mais saudáveis em comparação com algumas das coisas produzidas em terra.
Nós não comemos o que nossos avós comiam e nossos netos estarão comendo de maneira muito diferente de como nós comemos. Eles não vão comer peixes grandes, por exemplo. Eles ainda estarão comendo peixe, mas pequenos e cultivados em condições sustentáveis de aquicultura. Eles vão comer muito mais algas. E isso pode não parecer apetitoso para você, mas já estamos comendo enrolado no sushi, certo? Isso são algas.
A maior fonte de alimento do mundo, o fitoplâncton, não é explorada por ninguém além das baleias. Comeremos algum tipo de tofu marinho feito de fitoplâncton. Seremos agricultores do mar em vez de caçadores-coletores, que é o que ainda somos. Então, esse tipo de transformação está em andamento, mas temos que investir e fazer isso agora.
E como indivíduos, o que podemos fazer?
Eu acho que primeiramente é preciso pensar no mar como o destino final, o que é muito importante. Você vê as pessoas jogando pontas de cigarro na sarjeta e elas não pensam que o filtro daquele cigarro é microplástico e vai seguir o caminho do ralo para o mar. E estes microplásticos, é claro, voltam para eles quando comem peixe e batatas fritas, porque esse resíduo foi absorvido pela vida no oceano. Esse ciclo está acontecendo, quer as pessoas percebam ou não.
Então, acho que pensar no mar como o destino é realmente importante, mas esse ciclo também engloba nossas indústrias e a agricultura, com os produtos químicos descendo pelos mesmos ralos, envenenando os rios, mares e lagoas dos quais dependemos.
Então o que podemos fazer individualmente? Podemos simplesmente adotar um comportamento melhor como seres humanos em termos de poluição. Olhe para o seu uso de plástico e faça a seguinte pergunta: eu realmente preciso de todo esse plástico na minha vida? Eu tenho idade suficiente para lembrar como era a vida sem plástico e era muito boa.
Você também pode tomar suas próprias decisões quanto à alimentação. Lembro quando minha esposa e eu analisamos um dos últimos relatórios na época sobre o que a carne bovina estava fazendo com a Amazônia, olhamos uma foto de nossos netos e dissemos: o que amamos mais? Nossos hambúrgueres ou nossos netos? E decidimos naquele momento – foi há cerca de cinco anos – desistir da carne bovina.
Você precisa ter um carro? Muitas pessoas precisam ter um carro, mas minha esposa e eu moramos em cidades onde entendemos que não é necessário e não temos carro há décadas. Você pode optar pelo transporte público ou até mesmo uma caminhada, que é a melhor maneira de se locomover, é claro. Os indivíduos têm que fazer as escolhas certas para tornar este mundo um lugar sustentável.
O que você espera alcançar na próxima Conferência do Oceano?
Em Lisboa, queremos estimular, fora do processo formal, a inovação e o entusiasmo de novas ideias. Isso acontecerá nos eventos paralelos. Estou muito confiante de que haverá esse tipo de inovação visível, fruto da atmosfera carnavalesca que é criada em torno do núcleo central da conferência.
Claro, buscar parcerias inovadoras no ramo científico é a outra grande coisa. Parcerias públicas, privadas, oriundas do norte ou sul, leste e oeste. Este é um momento universal. Uma conferência da ONU é sempre um momento universal.
A primeira conferência oceânica em 2017 foi um divisor de águas em termos de despertar o mundo para os problemas do oceano. Imagino que esta conferência em Lisboa, em junho, vai tratar de dar as soluções para os problemas para os quais alertamos na primeira edição. E estou muito confiante de que essas soluções surgirão quando estivermos lá.