domingo, 8 de janeiro de 2012

O BRASIL NA RIO + 20 PARTE III


  
   Publicamos a terceira parte sobre as propostas do "Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio + 20". Envie-nos seus comentários, textos, matérias, artigos sobre a Conferência Rio + 20 e a Cúpula dos Povos que acontecerão no Rio de Janeiro em 2012. Nesta parte segue a apresentação de temas propostos para debate entre o governo brasileiro e a sociedade. Diz uma citação do texto: “O documento de contribuição brasileira busca, assim, apresentar, a partir de exercício de debate entre governo e sociedade, os temas que a Rio+20 não poderá ignorar, os quais constituem o cerne do desenvolvimento sustentável inclusivo que almejamos para o planeta. Esses temas encontram-se elencados a seguir.”


PARTE III

2. Segurança alimentar e nutricional

   A principal causa de insegurança alimentar e nutricional é a falta de renda necessária para obter acesso aos alimentos, não sua produção, que é suficiente para alimentar toda a humanidade.
   O atual cenário mundial da segurança alimentar e nutricional está marcado pelos altos preços dos alimentos devido a fatores como a especulação financeira das commodities agrícolas e as variações climáticas. O crescimento da demanda por alimentos nos países em desenvolvimento, embora contribua para o aumento dos preços internacionais, revela o êxito de políticas de inclusão social nesses mesmos países e gera oportunidades de crescimento da produção no longo prazo, com efeitos benéficos para a garantia de emprego e renda.
   O Estado brasileiro busca consolidar o direito à alimentação. O grande desafio é
assegurar que as políticas públicas atuem de forma integrada, intersetorial, viabilizando ações que vão desde a produção de alimentos – onde o segmento da agricultura familiar deve ser incluído e valorizado – até o consumo de alimentos. A partir desta integração será possível enfrentar os desafios da conservação ambiental, da adaptação à mudança do clima e da busca por maior justiça social.
   Como todas as demais políticas públicas, aquelas voltadas à segurança alimentar e  nutricional não podem prescindir da ampla participação social. O Brasil acredita que a participação representa condição sine qua non para o desenvolvimento econômico e social com proteção ambiental, em âmbito nacional e internacional.
   No plano internacional, a estratégia brasileira de segurança alimentar e nutricional tem duas dimensões: estrutural e humanitária. Por meio da vertente estrutural, busca promover o modelo de segurança alimentar e nutricional adotado com êxito pelos programas socioeconômicos do Brasil (reforma agrária, desenvolvimento rural, crédito, infraestrutura, assistência técnica, seguro, armazenamento, política de preços mínimos, comercialização, matriz agroecológica, entre outras), com participação social em sua formulação, execução, acompanhamento e avaliação. Por meio da vertente humanitária, o Brasil busca dar sua contribuição à garantia da segurança alimentar de populações em outros países, em especial por meio da doação de alimentos, sempre após solicitação formal e consentimento do Estado recipiendário.

3. Equidade

   A equidade é um tema que deverá perpassar os resultados da Rio+20. Trata-se de conceito que deverá ir além da noção de equidade intergeracional, consagrada em 1992, contemplando a equidade de maneira mais ampla, dentro de um mesmo país e entre todos os países.
   A idéia de equidade é transversal a vários dos desafios novos e emergentes, como gênero, raça e etnia, consumo, acesso à energia, trabalho decente, segurança alimentar e nutricional, entre outros. Deve estar refletida nas decisões que vierem a ser adotadas em torno desses temas, inclusive em eventuais novos objetivos e indicadores para medição de progresso e de desenvolvimento. É essencial que os mecanismos internacionais a serem originados da Conferência acompanhem também a evolução da equidade em nível global.

4. Acesso à saúde

   No contexto dos esforços necessários para a implementação de políticas públicas de desenvolvimento sustentável, a saúde – como direito humano universal – tem adquirido projeção cada vez mais evidente. Políticas de proteção e promoção social na área da saúde devem ser tratadas de maneira prioritária, tendo em conta seus benefícios para o bem-estar social, a economia e o meio ambiente.
   Os sistemas de saúde devem incluir em suas práticas a participação social e o diálogo permanente entre sociedade e governo sobre as políticas públicas, constituindo espaço privilegiado de governança setorial. Devem ser, portanto, a expressão da real articulação entre os pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.
  Entre os principais desafios para a garantia do direito à saúde estão o envelhecimento populacional, a alta incidência de doenças crônicas não-transmissíveis e o aumento de óbitos e incapacidades por causas externas (acidentes e violências). Esses desafios aumentam o número de pessoas em uso contínuo e prolongado de serviços de saúde e geram a necessidade de incorporação de tecnologias assistenciais e de medicamentos, que devem ser determinados pelas mudanças sociais, econômicas e epidemiológicas dos países, visando à sustentabilidade do desenvolvimento. Uma série de fatores explica a tendência para a crescente “globalização” da saúde.
   Certos problemas, como a transmissão de doenças, são transfronteiriços, e impactam negativamente os esforços nacionais de desenvolvimento. Outros fatores estão relacionados a financiamento.
   Evoluções internacionais recentes têm ampliado o financiamento para o combate às chamadas doenças negligenciadas. Entretanto, problema perene é a escassez de medicamentos, muitas vezes produzidos por laboratórios privados e comercializados a preços inacessíveis para os países mais pobres, como é o caso dos medicamentos de combate ao HIV/AIDS. A dificuldade de acesso a medicamentos é também resultado da falta de pesquisa e inovação relacionada a doenças transmissíveis, principalmente vinculadas à pobreza, como malária, dengue e cólera.
   O reconhecimento das medicinas tradicionais e populares, principalmente nos países em desenvolvimento, pode contribuir para o avanço nessas áreas, haja vista que os saberes e práticas tradicionais apresentam estreita relação com os recursos ambientais e da biodiversidade, bem como podem possibilitar a inclusão social de povos e comunidades tradicionais no complexo produtivo da saúde.

5. Trabalho decente, emprego e responsabilidade social das empresas

   A efetiva implantação do modelo de desenvolvimento sustentável pressupõe que a inserção produtiva no marco do trabalho decente seja considerada objetivo central das políticas sociais, econômicas e ambientais, de modo a assegurar que as mudanças conduzam à geração de empregos em toda a cadeia produtiva e, particularmente, em setores estratégicos e intensivos em mão-de-obra, como parte dos esforços pela erradicação da pobreza.
   Grandes oportunidades para a geração de empregos podem ser criadas pelo
investimento em práticas sustentáveis de manejo da terra e da água, agricultura familiar, agricultura de base ecológica, sistemas orgânicos de produção, manejo florestal sustentável, uso racional da biodiversidade para fins econômicos e novos mercados ligados a fontes renováveis e não convencionais de energia. Os investimentos em novas atividades sustentáveis exigirão cursos de formação e qualificação profissional, por meio de planos setoriais que permitam aos trabalhadores o acesso a novos postos de trabalho formais e de melhor remuneração.
   É necessário que sejam asseguradas condições e relações de trabalho ao menos
compatíveis com os patamares estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho, com vistas à sua superação, no marco da garantia de condições de trabalho decente. Num mundo em que as cadeias produtivas se alongam, é natural que a atenção das empresas seja ampliada à atuação de seus fornecedores. Entretanto, a responsabilidade das empresas sobre seus fornecedores não deve substituir a responsabilidade fiscalizadora do Estado nem deve ser usada para impor políticas e comportamentos aos fornecedores de outros países. O relacionamento das empresas com seus fornecedores, no contexto do exercício de sua responsabilidade social corporativa, deve ser pautado pelo conceito de empresas sustentáveis e trabalho decente, com respeito às condições e prioridades locais.

6. Educação

   O acesso de todos a uma educação de qualidade é condição essencial para o
desenvolvimento sustentável. A educação constitui um dos principais vetores de inclusão e ascensão social, principalmente quando é democrática e respeita a diversidade.
   Ao mesmo tempo em que se deve buscar a ampliação do acesso em todas as esferas, da pré-escola à pós-graduação, é necessária a promoção de práticas educacionais que contribuam para a mudança dos padrões de interação com o meio ambiente. Programas transversais de educação ambiental devem ser estimulados, e a formação profissional precisa estar voltada para a inovação e a implementação de padrões de produção e consumo sustentáveis, valorizando as necessidades e o conhecimento locais.
   Uma estratégia de democratização do ensino e do acesso ao conhecimento não pode estar dissociada de um amplo processo de inclusão digital e de incorporação das novas tecnologias de comunicação ao ensino. É necessário trabalhar para diminuir a desigualdade no acesso existente entre países e entre indivíduos.
   Os espaços educadores sustentáveis devem avançar estratégias para o desenvolvimento da cultura da sustentabilidade. Tais espaços são construídos a partir da adequação dos espaços físicos a padrões sustentáveis, da adoção de processos de gestão participativos e da inclusão dos temas do desenvolvimento sustentável nas propostas político-pedagógicas.


7. Cultura

   A cultura é um diferencial na construção de uma resposta aos desafios da sustentabilidade nos âmbitos global, nacional e local. A contribuição da cultura é indispensável para o desenvolvimento sustentável, perpassando os pilares social, econômico e ambiental. É a dimensão onde são reconhecidos os significados e sentidos das ações que podem transformar sociedades.
   Nesse contexto, são fundamentais a consolidação dos direitos culturais como parte dos direitos humanos, o acesso à cultura, a garantia da diversidade cultural e o reconhecimento dos saberes dos povos originários e tradicionais.
   Cabe ao Estado e à sociedade civil organizada desenvolver ações abrangentes e
colaborativas que visem ao fortalecimento da dimensão cultural do desenvolvimento levando em consideração a construção de sociedades mais justas e conscientes. Para atingir esse objetivo é preciso combinar políticas de cultura, meio ambiente, educação, saúde, infraestrutura, planejamento territorial, entre outras.
   A Conferência Rio+20 deve levar em conta o potencial da cultura na geração de
alternativas para superação do “consumismo” como hábito típico do modelo atual e apontar para mudança de paradigma. A sustentabilidade, na sociedade do conhecimento e da informação, precisa conjugar os modelos culturais da diversidade, das cadeias produtivas e das soluções inovadoras propostas pela economia criativa. O desenvolvimento sustentável deve consolidar uma cidadania cultural que garanta a todos o direito de participar desse processo de transformação.

8. Gênero e empoderamento das mulheres

   Relatório da ONU2 demonstra que a persistência das desigualdades entre gêneros é o maior entrave ao desenvolvimento humano nos países. Essa desigualdade, segundo a ONU, chega a provocar perdas de até 85% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e apresenta diferenças entre o meio rural e urbano.
   As mulheres desempenham, entretanto, papel central para o êxito das políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente na promoção de padrões de produção e consumo sustentáveis. Responsáveis pela maior parte das decisões de compra e investimento das famílias, as mulheres devem ser o foco prioritário de políticas de educação e conscientização para o desenvolvimento sustentável.
   A perspectiva de gênero e as medidas para a promoção da participação da mulher em posições de poder devem ser consideradas de forma transversal no desenvolvimento sustentável, perpassando o conjunto das políticas públicas nacionais e iniciativas internacionais. A importância do recorte do gênero para o desenvolvimento sustentável deve ser reconhecida tanto nos espaços urbanos quanto nos rurais, bem como na administração pública e nas atividades produtivas.

9. Promoção da igualdade racial

   Qualquer forma de racismo é incompatível com o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável pressupõe inclusão social e econômica, equilíbrio ambiental e uso responsável da tecnologia, bem como diversidade cultural e regional, processos decisórios participativos e não-discriminatórios.
   A ideologia do racismo tem sido historicamente peça fundamental na estruturação de sistemas de produção baseados não só em relações injustas de trabalho, mas também na destruição do meio ambiente. Atividades produtivas relevantes para o desenvolvimento econômico nos últimos séculos basearam-se na exploração de mão-de-obra escrava e numa perspectiva predatória em relação aos recursos naturais.
   A realidade econômica e social de muitas sociedades continua altamente influenciada por esses padrões históricos. Em muitos países, os grupos sociais com os índices mais elevados de pobreza e com os piores indicadores socioeconômicos e de acesso a bens e serviços são os povos associados a esse histórico de exploração, como afrodescendentes, indígenas e migrantes. Em um círculo vicioso, as manifestações de racismo, discriminação racial, xenofobia e todas as formas de intolerância são agravadas por essas condições de pobreza e carência que se perpetuam em determinados grupos sociais. Do ponto de vista ambiental, esses grupos sociais estão muitas vezes relegados a viver em condições inadequadas de moradia, saneamento, acesso à água e tratamento de lixo.
   Uma parcela dos referidos grupos sociais vive em comunidades tradicionais. O racismo também produz efeitos contra essas comunidades, desqualificando e desautorizando seus modos de vida e suas perspectivas próprias sobre o desenvolvimento. É fundamental não só primar pelo direito dessas comunidades de preservarem e promoveram seus saberes e suas formas de organização coletiva, mas também se faz necessário reconhecer a importância que as comunidades
tradicionais conferem à preservação do meio ambiente.
 
                                             2 O Progresso das Mulheres no Mundo: em busca de justiça. ONU Mulheres, 2011.

10. Reforço do multilateralismo com participação da sociedade civil

   A participação da sociedade civil é fundamental para reforço e renovação do
multilateralismo. Presente de forma ativa em grande parte dos foros multilaterais, a sociedade civil tem atuado de forma decisiva na determinação de debates na agenda internacional, bem como na reflexão e na deliberação em processos internacionais. O papel da sociedade civil no multilateralismo é de especial relevância nos foros dedicados ao desenvolvimento sustentável, tendo sido fundamental para a própria consolidação desse conceito durante e depois da Rio-92.
   Desde então, a sociedade civil vem atuando de forma cada vez mais determinante nos foros multilaterais, enriquecendo debates, assumindo papel central na mobilização social em torno de questões prementes e auxiliando na implementação de compromissos e decisões acordadas. A enorme capacidade de ação e reflexão da sociedade civil ainda pode ser mais bem integrada aos trabalhos dos diversos organismos multilaterais, os quais devem buscar formas para promover níveis de participação ainda maiores. Nos foros voltados ao desenvolvimento sustentável, o debate é ainda mais relevante e deve estar no centro das discussões em torno da estrutura institucional durante a Conferência Rio+20.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O BRASIL NA RIO + 20 PARTE II


   O Jornal Oecoambiental vem dialogando com a população sobre a importância da participação da sociedade civil nos debates sobre a Conferência Rio+ 20 e a Cúpula dos Povos. Segue a segunda parte do texto: "Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio + 20 ". Nosso propósito é fomentar a argumentação sobre as várias visões acerca deste importante evento socioambiental que o Brasil sediará em 2012 no Rio de Janeiro. Nos enviem seus comentários, textos, matérias, artigos para juntos conquistarmos um salto de qualidade na participação da sociedade civil sobre Conferência Rio + 20 e na Cúpula dos Povos.

PARTE II
Aspectos do desenvolvimento sustentável no mundo e no Brasil nos
últimos vinte anos

   A situação mundial e a situação do Brasil, em particular, são muito diferentes hoje
daquelas em vigor em 1992. A reconfiguração geopolítica do mundo é marcada pelo maior dinamismo econômico dos países emergentes, impulsionado pelo êxito das políticas de redução da pobreza e de ampliação massiva dos mercados consumidores. Em termos de governança internacional, busca-se maior equilíbrio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento no debate sobre questões econômicas e financeiras globais.
   A América Latina e Caribe consolidou-se como região de paz e democracia. De acordo com o relatório da CEPAL para a Rio+201, a região evoluiu em vários aspectos sociais desde o início da década de 90, por exemplo: a pobreza extrema caiu de 48% para 32%; o Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) médio aumentou de 0,614 para 0,704; a distribuição de renda melhorou (o coeficiente de Gini passou de 0,54 para 0,52); a proporção de pessoas vivendo em habitações inadequadas caiu de 34% para 23%; a população sem acesso à energia reduziu-se de 18% para 6%; e o nível de emprego passou de 53% para 58%, dado ainda mais relevante tendo em conta o aumento do contingente populacional. Esses dados não devem mascarar, entretanto, os
enormes desafios sociais ainda existentes.
   No plano econômico, foram praticamente superadas na região as questões da dívida
externa e das crises recorrentes de balanço de pagamentos; o crescimento econômico tem sido consistente; e a inflação está controlada na maioria dos países. A alta nos preços dos principais produtos de exportação da América Latina permitiu manter em equilíbrio, ou em superávit, as balanças comerciais, mas não se deve ignorar que a estrutura produtiva permanece concentrada em setores primários e a produtividade em certos casos ainda é baixa, comparada à dos países desenvolvidos.
   No plano ambiental, o mundo passou por mudanças significativas: o aumento da
concentração na atmosfera de gases de efeito estufa foi acompanhado do reconhecimento de que o aquecimento global é um fenômeno determinante para o futuro da humanidade e elemento a ser considerado na elaboração de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que o crescimento desordenado das cidades apresentava suas conseqüências negativas, a revolução nas telecomunicações – principalmente a ampliação do acesso ao telefone celular e a
expansão da internet – trazia enorme impacto positivo nos campos social e político.
   Na América Latina, entre os indicadores positivos de meio ambiente, ainda segundo a
CEPAL, pode-se mencionar que a proporção de áreas protegidas terrestres aumentou de 10% para 21%; a intensidade de emissões de CO2 reduziu-se de 0,67 para 0,59 (toneladas/dólar do PIB); e o consumo de substâncias que afetam a camada de ozônio caiu de 75 para 5 mil toneladas anuais (em Potencial de Esgotamento de Ozônio).
   No Brasil, os elementos em destaque nos últimos anos foram o dinamismo econômico
aliado ao combate à pobreza, o crescimento do emprego formal, a melhor distribuição de renda, a melhora na segurança alimentar e nutricional, o enfrentamento da mudança do clima – com compromissos voluntários e planos setoriais ousados de redução de emissões –, a conservação da biodiversidade, a ampliação e diversificação da matriz energética, com ênfase em fontes renováveis, a existência de movimentos sociais fortes e avanços na equidade de gênero, entre outros. Entretanto, o País ainda apresenta desafios compatíveis com seu estágio de desenvolvimento, como aprimorar a qualidade da educação, intensificar o progresso científico e tecnológico, promover urbanização mais adequada e maior desenvolvimento rural.

1 La sostenibilidad del desarrollo a 20 años de la Cumbre para la Tierra: Avances, brechas y lineamientos estratégicos para América Latina y el Caribe. Santiago, CEPAL, 2011.

CAPÍTULO I – DESAFIOS NOVOS E EMERGENTES DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

   A base conceitual da contribuição brasileira para a Conferência Rio+20 é o reforço do
multilateralismo (1). A oferta do Brasil para sediar a Rio+20 é também um símbolo do compromisso político do Governo brasileiro com o multilateralismo como a principal solução de longo prazo para os mais importantes desafios globais. Os resultados da Conferência deverão oferecer à comunidade internacional o sinal necessário sobre a importância de soluções multilaterais, de forma que todos os países possam sentir-se incluídos e ver suas necessidades atendidas.
   A agenda multilateral, contudo, tem sido contaminada por fortes divisões. Por isso,
qualquer abordagem ou resultado que aprofunde a lacuna entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento será inaceitável, tornando impossível o consenso para a Rio+20. São fundamentais novos padrões para a relação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e o Brasil acredita fortemente na possibilidade de países trabalhando em parceria, sem renunciar aos seus direitos soberanos de fazer suas próprias escolhas baseados nas suas circunstâncias, capacidades e necessidades particulares.
   A grande pergunta que a Rio+20 precisará responder refere-se ao tipo de desenvolvimento que queremos. Para isso, dentro da ótica de fortalecimento do sistema multilateral, será necessário encontrar elementos que unam os países. Existem vários desses elementos, entre os quais se destaca, com grande potencial de agregar esforços e produzir consensos, a inovação tecnológica para a sustentabilidade. Para isso, é necessário um grande pacto global em torno do esforço para geração e disseminação de tecnologias para o desenvolvimento sustentável. Esse pacto global tem o poder de aproximar países desenvolvidos e em desenvolvimento, pois a inovação tecnológica poderá responder às necessidades crescentes dos países em desenvolvimento e às
necessidades de modificação dos padrões insustentáveis de produção e consumo.
   O Brasil identifica três questões diretamente associadas à dimensão da inovação
tecnológica: i) segurança energética, com ênfase em fontes sustentáveis; ii) segurança alimentar e nutricional, incluída a questão de acesso à água e à inovação tecnológica para a produção agropecuária; e iii) papel dos recursos da biodiversidade para a inclusão social, como a produção de fármacos para a saúde, por meio da conservação e uso sustentável da diversidade biológica e do acesso justo e equitativo aos benefícios da biodiversidade.
   A idéia que a Rio+20 deverá transmitir à comunidade internacional será a de um
processo essencialmente inclusivo, que contemple igualmente as questões econômica, ambiental e social. Por isso, a idéia de inovação tecnológica contempla, também, as tecnologias sociais, nas quais o Brasil alcançou grande avanço nos últimos anos.
   O documento de contribuição brasileira busca, assim, apresentar, a partir de exercício de debate entre governo e sociedade, os temas que a Rio+20 não poderá ignorar, os quais constituem o cerne do desenvolvimento sustentável inclusivo que almejamos para o planeta. Esses temas encontram-se elencados a seguir.

1. Erradicação da pobreza extrema

   A erradicação da pobreza extrema é condição necessária para a realização dos objetivos assumidos rumo ao desenvolvimento sustentável. Esse consenso, consolidado no Princípio 5 da Declaração do Rio e em outros compromissos, tem constituído a base de diversas iniciativas e processos internacionais voltados ao combate à pobreza, como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). A prioridade também está refletida no grande conjunto de políticas públicas nacionais que, nas últimas décadas, têm sido empregadas para o combate à pobreza extrema.
   Os resultados efetivos na erradicação da pobreza extrema no mundo têm sido, contudo,inconstantes e insuficientes. Enquanto alguns países, como o Brasil, têm alcançado expressivas conquistas na redução da pobreza e da desigualdade, por meio da extensão da proteção social e da inserção produtiva, parte significativa dos países tem apresentado progressos pouco encorajadores e limitados. Tais lacunas de implementação dos compromissos relativos à erradicação da pobreza não podem ser abordadas como tema à parte na agenda do desenvolvimento sustentável, devendo ser analisadas em conjunto com o modelo de desenvolvimento que se pretende favorecer.
   O compromisso internacional com a redução da pobreza extrema está no próprio cerne da realização do direito que todos os países têm a se desenvolverem. A Rio+20 deve contribuir para esses esforços e fortalecer as iniciativas internacionais de combate à pobreza, complementando os programas já existentes. A erradicação da pobreza, portanto, não é suficiente, mas condiciona a capacidade global de construir um mundo mais justo e equitativo e constitui o parâmetro segundo o qual deverão ser avaliados e abordados todos os temas e propostas considerados na Rio+20. ( Fonte: Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio + 20)

(1) Multilateralismo - Multilateralismo é um termo nas relações internacionais que se refere a vários países trabalhando em conjunto sobre um determinado tema.

As organizações internacionais, tais como as Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) são multilaterais por natureza. Wikipédia)


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O BRASIL NA RIO + 20 - PARTE I

 

 Nosso Jornal Oecoambiental democratiza para a sociedade civil parte do Documento de Contribuição Brasileira a Conferência da ONU Rio + 20.
  É fundamental a participação da sociedade civil de Belo Horizonte, do Brasil e de todo mundo acerca dos temas e propostas para enfrentarmos em nível local e global os desafios da crise de meio ambiente que se agrava a cada dia.
   Teremos como sociedade civil a possibilidade de participarmos dos debates da Cúpula dos Povos que acontecerão no RJ, ao mesmo tempo que a Conferência Rio + 20, abordando os mesmos temas que os mais de 190 Governos de todo mundo irão debater.
  Nosso Jornal Oecoambiental trabalha para que nos mobilizemos como sociedade civil e organizemos debates com a participação de toda sociedade sobre a Rio + 20 e a Cúpula dos Povos. É necessário que nos coloquemos em movimento e alerta permanente sobre o que os governos de fato veem realizando e quais acordos firmarão para as questões que serão abordadas na Rio + 20, como o combate a erradicação da pobreza em todo mundo e a construção da sustentabilidade. Envie-nos seus comentários, agende os debates em sua comunidade, escolas, universidades, sindicatos, associações, ONGs, instituições privadas e públicas. Participe destes debates, envie-nos seus comentários, artigos, textos, matérias sobre a Rio + 20 e a Cúpula dos Povos.

INTRODUÇÃO


   O Rio de Janeiro sediará, de 28 de maio a 6 de junho de 2012, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, vinte anos depois da histórica Conferência do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992.
  Existe ampla expectativa, nacional e internacional, de que a Rio+20 constitua
oportunidade única nesta geração de mobilização dos recursos políticos necessários para desenhar uma saída duradoura para a crise internacional, levando em conta a complexidade de seus aspectos econômicos, sociais e ambientais.
  De forma a corresponder a essa expectativa, deverá ser cumprido o mandato da
Conferência, definido na Resolução 64/236 da Assembléia-Geral das Nações Unidas, que inclui o tratamento dos desafios novos e emergentes do desenvolvimento sustentável (capítulo I deste documento) e os temas da “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e da “estrutura institucional do desenvolvimento sustentável” (capítulos II e III deste documento, respectivamente).
  Para o Brasil – País que presidirá a Conferência, cuja realização propôs, em 2007 –entre os principais resultados a serem alcançados deverão estar incluídos:

1 – A incorporação definitiva da erradicação da pobreza como elemento indispensável à concretização do desenvolvimento sustentável, acentuando sua dimensão humana.

2 – A plena consideração do conceito de desenvolvimento sustentável na tomada de decisão dos atores dos pilares econômico, social e ambiental, de forma a alcançar maior sinergia, coordenação e integração entre as três dimensões do desenvolvimento sustentável, com vistas a superar a prevalência de visões ainda setoriais, vinte anos após a definição do desenvolvimento sustentável como prioridade mundial.


3 – O fortalecimento do multilateralismo, com a clara mensagem de adequação das estruturas das Nações Unidas e das demais instituições internacionais ao desafio do desenvolvimento sustentável.


4 – O reconhecimento do reordenamento internacional em curso e da mudança de
patamar dos países, com seus reflexos na estrutura de governança global. A oportunidade dessa agenda é dada pelo próprio desenrolar do debate sobre
desenvolvimento sustentável nas Nações Unidas, desde a publicação do Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Relatório Brundtland), em 1987, intitulado “Nosso Futuro Comum”, no qual o conceito foi apresentado como o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, o conceito foi aprimorado – e os documentos multilaterais então assinados refletem esse avanço –, passando a enfocar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o bem-estar social e a proteção ambiental, pilares interdependentes do desenvolvimento sustentável. Na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002 em Joanesburgo, as oportunidades e dificuldades de implementação das decisões da Rio-92 foram identificadas e refletidas no Plano de Implementação de Joanesburgo.
   Vinte anos depois, o legado da Rio-92, com a Declaração do Rio e seus 27 Princípios, permanece atual, em particular o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, segundo o qual os países desenvolvidos devem tomar a dianteira nos desafios do desenvolvimento sustentável, tendo em vista sua responsabilidade histórica pelo uso insustentável dos recursos naturais globais. Os Princípios do Rio incluem a necessidade de que os países desenvolvidos mantenham oferta adequada de recursos financeiros e de transferência de tecnologia, de modo a auxiliar os países em desenvolvimento a alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável.


5 - A Agenda 21, por sua vez, propõe medidas práticas a serem empreendidas tanto internacionalmente, quanto nacional e localmente. Trata das dimensões sociais e econômicas do desenvolvimento, da conservação e gerenciamento dos recursos naturais, do fortalecimento da participação da sociedade e dos meios de implementação dos compromissos acordados, estabelecendo diretrizes e caminhos para a aplicação concreta dos princípios da Declaração do Rio.
   Em seus 40 capítulos, a Agenda 21 permanece atual e mantém seu caráter de referência para os programas de desenvolvimento. No Brasil, a implementação da Agenda 21, por meio da Comissão de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS), e a construção das Agendas 21 Locais e do Desenvolvimento Local Sustentável são demonstrações da atualidade e da importância desse documento para o enfrentamento dos desafios do desenvolvimento sustentável.
   É fundamental que, na avaliação das propostas apresentadas na Rio+20, as discussões sejam pautadas pelo princípio da não-regressão, segundo o qual não podem ser admitidos retrocessos de conceitos e de compromissos internacionais previamente assumidos. Tal princípio se reveste de particular importância diante dos desafios enfrentados globalmente, os quais, em lugar de flexibilização ou relativização, convidam a adotar soluções inovadoras e ousadas, que respondam de forma abrangente e equilibrada às necessidades dos três pilares do desenvolvimento sustentável. A Rio+20 deverá, portanto, visar ao futuro e não ao passado, buscando antecipar os temas e os debates das próximas décadas.
   Confiante na renovação do papel do sistema multilateral como foro de solução dos
grandes problemas globais, o Brasil almeja que os resultados da Rio+20 sirvam como referência internacional, sinalizando uma inflexão na forma como o mundo é pensado. Os resultados deverão assegurar que todos os países se sintam capazes de implementar as decisões adotadas no Rio, a partir da criação de condições adequadas – os necessários recursos financeiros, tecnológicos e de capacitação – para implementá-los, construindo, assim, uma visão compartilhada de sustentabilidade válida para as próximas décadas.
   A Rio+20 é uma Conferência sobre desenvolvimento sustentável e não apenas sobre meio ambiente. O desafio da sustentabilidade constitui oportunidade excepcional para a mudança de um modelo de desenvolvimento econômico que ainda tem dificuldades de incluir plenamente preocupações com o desenvolvimento social e a proteção ambiental.
   A expansão da fronteira social com a criação de mercados consumidores de massa e a diversificação da matriz energética mundial com maior uso de fontes sustentáveis constituem elementos-chave na direção desse novo modelo. A “nova economia” – de que o mundo carece em particular neste momento de crise – é a economia da sustentabilidade e da inclusão.
  A sustentabilidade hoje não é mais uma questão de idealismo, mas de realismo. É necessário mudar o padrão de desenvolvimento e dar respostas à altura do desafio global. Para o êxito da mudança, é essencial a mobilização de todos os atores: governos nacionais e locais, cientistas, acadêmicos, empresários, trabalhadores, organizações nãogovernamentais, movimentos sociais, jovens, povos indígenas e comunidades tradicionais.  (Fonte: Documento de Contribuição Brasileira a Conferência Rio+ 20)

sábado, 31 de dezembro de 2011

Um 2012 com muita PAZ, SAÚDE, AMOR, PROSPERIDADE E FELICIDADES PARA TODOS

O JORNAL OECOAMBIENTAL DESEJA A NOSSOS LEITORES E TODA POPULAÇÃO UM FELIZ ANO NOVO
Praça da Liberdade - Belo Horizonte
MG - Brasil - Foto: Jornal Oecoambiental

Haverá sim um tempo de Paz.

Paz que é fruto da justiça socioambiental.

     Um tempo em que o homem e a mulher estarão livres de toda opressão para se encontrarem através do amor conjugal, universal - renovando a vida na face da Terra.  Sim é possível que nos encontremos com um novo amanhecer. Onde a fome entre seres humanos tenha sido banida da face da Terra. Onde ser humano valha mais que ser mercadoria de consumo.
  Um mundo onde as riquezas produzidas no Brasil e no mundo sejam de fato distribuídas com Justiça Ambiental para todos. Onde toda nossa espécie tenha o que precisa para sobreviver com dignidade e possamos seguir nossa jornada para que todos nós tenhamos qualidade de vida como um direito elementar básico, sustentável.
  É possível sim construirmos um Brasil e um mundo sustentáveis. Uma nova economia mundial onde haja apenas um mundo sem divisões. Um mundo dos seres humanos que sabem valorizar e defender sua espécie. Um mundo que aprenderá a cuidar, respeitar e valorizar todas as etnias, crenças, gêneros, culturas e todo meio ambiente que nos é presenteado.
   Já sabemos que somos bons e maus. Quem está produzindo o aquecimento global é nossa espécie humana. Quem está degradando o próprio ser humano e todo meio ambiente é nossa espécie humana.  O que não queremos já estamos vivendo com as consequências do aquecimento global, resultado da injustiça socioambiental do Brasil e do mundo.
  Agora é tempo de agirmos para construirmos o que de melhor nossa espécie pode fazer por todos nós e pelo belo e exuberante planeta Terra.
 Ainda não compreendemos neste início de século XXI, que nossa espécie também pode ser boa. Vamos então nos unir pelo bem.  Vivendo, percebendo e compartilhando  o bem de todos nós e da Terra. E como a Terra é linda e maravilhosa. Nós sabemos disso, não sabemos ?
   Não importa se professemos alguma crença ou não. O que importa é nos unirmos cada vez mais em defesa da vida.  De toda beleza que existe em cada ser humano e na Terra.
   Ainda podemos vencer pelo que temos de melhor em cada um de nós. Desenvolvermos tecnologias de valorização e proteção a pessoa humana e todo meio ambiente.
   Que em 2012 a Conferência da ONU Rio + 20 e a Cúpula dos Povos também no RJ/Brasil  -  façam valer o que podemos ser de melhor e não o que apenas podemos ter de consumo sem qualidade de vida.  Que estes encontros mundiais promovam acordos globais de uma opção prioritária pela defesa da vida em todas as suas formas.  Basta de tanta degradação humana, corrupção, miséria, fome, desigualdades, opressão a nossa espécie humana e a todo meio ambiente.
  Que de fato coloquemos a valorização do ser humano em prioridade absoluta e por conseqüência, que todos como sociedade civil no Brasil e no mundo nos unamos em defesa de todo meio ambiente cada vez mais.  Assim chegaremos a nossa essência humana que é ser e viver o bem.
   Neste início de 2012 agradecemos a Deus. Sabemos que há esta Força invencível que cuida de todos nós. Que possamos sentir essa Força e fazer nossa parte.
Cada um somando seus dons para a construção de um Brasil e um mundo onde a beleza de cada ser humano e de sentirmos, percebermos e valorizarmos os recursos naturais da Terra seja compartilhado com justiça ambiental.
  Todos temos direito a um meio ambiente saudável - nossa Constituição brasileira nos ensina em seu Artigo 225.  Que seja então com qualidade de vida para todos – todos mesmo. Um mundo de todos e para todos é o que fará nossa festa ser plena e radiante de brilho, luz, amor, saúde, paz, prosperidade e felicidade para todos.



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A AÇÃO HUMANA DESABRIGANDO OS SERES HUMANOS

   Ainda estamos no início do período chuvoso em Minas Gerais e já são cerca de 41 cidades e mais de dois milhões de pessoas que sofrem com as enchentes.
Segundo a defesa civil estadual enchentes atingem cidades da Zona da Mata como Lima Duarte, Juatuba região central, João Pinheiro região noroeste, Passabem região central, além de Belo Horizonte. Agora, por exemplo, acaba de chover granizo em Belo Horizonte. Alagamentos em diversos pontos da cidade. O Minas Shopping teve a bilheteria do cinema inundada. Milhares de pessoas viram estatísticas de novos desabrigados. Um filme que se repete e agrava a cada ano.
   Dizer que somente as chuvas estão provocando toda esta situação não é verdade. E os investimentos públicos para saneamento básico e a educação ambiental para não se depositar lixo e entulho em vias públicas ? E a falta de atitude política para a construção de moradias que tirem pessoas de áreas de risco ? O dinheiro público segue destinado à construção de estádios de futebol que devem gerar ainda mais lucro para uma pequena parcela da população e relega-se a segundo plano a defesa da vida de milhões de pessoas. O que agrava toda esta situação é que o aquecimento global que vem mudando totalmente o clima. Está chovendo com muita intensidade em pouco tempo. As cidades ficam cada vez mais vulneráveis. As consequências do aquecimento global provocado pela ação humana vem superando as estatíscas.  
   A população precisa se defender de tanta falta de prioridade política e respeito à defesa e proteção da pessoa humana. Todo ano assistimos pela TV o sofrimento e vidas perdidas em enchentes em todo país. E a sociedade civil vai ficar até quando passiva aceitando prefeituras construírem espaços para veículos e não para os seres humanos viverem com qualidade de vida ? Por que tantas obras e o trânsito nas grandes cidades continuam cada vez mais congestionados ? E com toda tecnologia disponível e já com a propaganda de nosso país ser a sexta economia em PIB será que o poder público ainda não sabe onde milhões de pessoas residem em áreas de risco ? Por que milhões de brasileiros continuam ser ter um local seguro e digno de moradia ?  Até quando as chuvas serão responsabilizadas pela perda de vidas humanas, o desabrigo e sofrimento da população ?
   Neste período a defesa civil recomenda como sempre, que as pessoas:
-  evitem transitar em ruas alagadas quando chove em grande intensidade, seja a pé ou em veículos.
- Que observemos encostas onde há acúmulo de águas e risco de deslizamento, além de se abandonarem residências com risco de desabamento.
- Observar em áreas urbanas o estado de postes, árvores se houver queda de energia e rompimento de redes elétricas, evitando se aproximar destes locais.
- Recomenda-se inclusive não deixar lugares seguros para transitar em espaços urbanos durante chuvas muito fortes porque há risco de queda de árvores e rompimento de fios de alta tensão.

  Defender-se do aquecimento global é tudo isso e inclusive em todos outros dias do ano estar atentos aonde o dinheiro público vem sendo investido. Se as obras divulgadas como propaganda eleitoral para a copa do mundo beneficiam a maioria da população ou se são utilizadas para fins eleitoreiros, concentrando cada vez mais a riqueza em poucas pessoas. E para se lucrar a curto prazo “tecnologias” insustentáveis fazem as cidades cada vez mais concretadas sem espaço para o escoamento de água. A engenharia precisa repensar obras onde a vegetação é suprimida de forma abrupta e o solo é encoberto de forma predatória.
   Recursos públicos que pareciam não existirem para infra estrutura urbana das cidades brasileiras aparecem como milagre para as obras “da copa do mundo”. O jogo da vida acontece é agora a cada instante. O respeito a nossa cidadania de termos qualidade de vida e um meio ambiente mais equilibrado para todos também. Enquanto a grande imprensa faz ibope da catástrofe e do sofrimento humano de maiorias neste período de chuvas é preciso que todos nós da sociedade civil nos unamos em todos os dias do ano para agirmos permanentemente fiscalizando o investimento público em saneamento, habitação de qualidade, transporte público, educação, saúde, todos nossos direitos de cidadania. (por  Luiz Cláudio )



domingo, 25 de dezembro de 2011

O JORNAL OECOAMBIENTAL DESEJA A TODOS UM FELIZ NATAL


Nascer


Perceber a vida acontecer


   Nosso Jornal Oecoambiental deseja a nossos leitores e toda população um Feliz Natal e Ano Novo de muita Paz, Saúde, Amor, Prosperidade, Felicidades.
   Confraternizando com todas as crenças, etnias, culturas que defendam a vida, nossa humanidade e ambiente. Que possamos unir sempre pessoas e atitudes que salvem vidas. Que possamos valorizar como o cuidado que merecemos como seres humanos, a água, as florestas, o ar, todos os seres vivos da Terra, cada espécie animal, vegetal.
   Natal para quem acredita em Deus é tempo de perceber a vida acontecer. Somos parte de tudo que vive em nosso meio ambiente. Que possamos perceber como é possível cada dia sermos melhores como seres humanos, superando nossos erros em atitudes que fazem a diferença festejando a beleza de sermos parte de toda natureza.
   Que possamos seguir vencendo e festejando dias melhores para o povo brasileiro e o mundo. Que a Rio + 20 seja de fato a “Cúpula do Povo” brasileiro e de todos os povos que vão se encontrar na Cúpula dos Povos em 2012,  seguindo cada vez mais unidos na construção de um Brasil e mundo ambientalmente mais justo, “ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. ( Artigo 225 da Constituição).