quinta-feira, 14 de março de 2013

PAPA FRANCISCO: O SEU NOME E O MEIO AMBIENTE - POR LEONARDO BOFF


  
A escolha de um Papa com um nome Francisco pela Igreja Católica carrega um simbolismo histórico.  Coloca em evidência a importância da defesa da causa ambiental em todas as instituições e segmentos da sociedade. Fazemos votos que haja de fato interesse de todos em defender a pessoa humana que está inserida no meio ambiente, no mundo.  Isto implica em todas as culturas e religiões uma opção preferencial pela valorização do ser humano, do meio ambiente.   Como São Francisco foi um defensor dos pobres e do meio ambiente, Leonardo Boff lembrou  a importância da escolha deste nome pelo Papa eleito: o então Cardeal Jorge Bergoglio.  
   No Twitter,  o teólogo Leonardo Boff  falou sobre a escolha do nome Francisco pelo Papa eleito no conclave de março de  2013: 

“Francisco não é um nome. É um dos arquétipos mais poderosos do Cristianismo. Ele foi o Primeiro depois do Único, Jesus. Foi leigo e não padre. Escolher Francisco como nome é escolher um programa: amor aos pobres, à natureza, à sobriedade condividida, à ecologia, porque os seres são irmãos”.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A MAIOR INDENIZAÇÃO POR CRIMES AMBIENTAIS DA HISTÓRIA DO BRASIL


Foto: divulgação  EPTV
   A maior indenização por crimes ambientais da história do Brasil que chega a um montante de quase meio bilhão de reais está próxima de ser homologada. Trata-se de um processo de uma ação coletiva dos ex-funcionários da Shell e Basf expostos a contaminação química em uma fábrica de pesticidas em Paulínia.
  O montante da ação está assim estabelecida: R$ 200 milhões por danos morais coletivos; R$ 300 milhões relativos a 70% das indenizações que deverão ser pagas aos trabalhadores. Esta foi a proposta definida em um pré-acordo no Tribunal Superior do Trabalho (TST) no dia 5 de março deste ano.
  De acordo com o Ministério Público do Trabalho, os trabalhadores foram contaminados com pesticidas clorados – os produtos Aldrin, Endrin e Dieldrin, compostos por substâncias cancerígenas -; metais pesados, como cromo, vanádio e zinco; e por óleo mineral. As consequências, constatadas pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Campinas, foram câncer de próstata e tireoide, doenças endócrinas, hepatotoxidade (danos ao fígado), anomalias no sistema nervoso central, doenças circulatórias, infertilidade, entre outras.
  Entre as décadas de 1970 e 1980, a Shell instalou uma fábrica de pesticidas em Paulínia. Nos anos 90, quando a fábrica foi vendida para a Cynamid, foi exigido um balanço dos impactos ambientais provocados na área. Constatou-se a contaminação do solo e do lençol freático no local. A compra da Cyanamid pela Basf, no início de 2000, fez com que a Basf tivesse de assumir os passivos trabalhistas existentes. Em 2002, as atividades da fábrica foram encerradas. Em 2008, foi vendida de volta à Shell. Por isso, a ação civil pública envolve as duas multinacionais. O processo tramita na Justiça desde 2007.
  Com relação às indenizações por danos morais e materiais individuais, ficou decidido que cada trabalhador vai receber 70% do valor estabelecido em sentença judicial, acrescidos de juros e correção monetária contados a partir da data de publicação da sentença. O valor não foi divulgado pelo tribunal. Ficou estabelecida prestação universal de saúde aos 1.068 trabalhadores, envolvidos na ação.
  Do montante estipulado para danos coletivos e morais, R$ 50 milhões irão para a construção de uma maternidade que será doada à prefeitura de Paulínia. Os R$ 150 milhões restantes serão divididos entre o Centro de Referencia à Saúde do Trabalhador em Campinas (SP) e a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


   O Jornal O Ecoambiental deseja a todas as mulheres muita paz, saúde, amor, felicidades.  Que haja harmonia entre homens e mulheres em defesa da vida e de um Brasil ambientalmente mais justo, fraterno e para todos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ARTIGO DE FREI BETTO


PAPAS TAMBÉM RENUNCIAM

Frei Betto
 
   “O papa não adoece, até que morra”, diz um provérbio romano. João Paulo II, homem midiático, não temeu expor–se enfermo aos olhos do mundo. Agora, Bento XVI dá um testemunho de humildade e, admitindo as limitações de seu precário estado de saúde, anuncia que renunciará no último dia de fevereiro.
   Na história da Igreja quatro papas renunciaram ao ministério petrino: Bento IX (1º de maio de 1045), Gregório VI (20 de dezembro de 1046), Celestino V (13 de dezembro de 1294) e Gregório XII (4 de Julho de 1415). Bento XVI será o quinto, a partir de 28 de fevereiro.
   Sagrado papa aos 20 anos, em 1032, Bento IX não primava pela ética e muito menos pela moral. Sua vida era um escândalo para a Igreja. O povo romano expulsou-o da cidade em 1044. No ano seguinte, voltou a ocupar o trono de Pedro e, meses depois, renunciou. Retornou ao papado em 1047, do qual foi deposto definitivamente no mesmo ano.
   João Graciano, padrinho de Bento IX, pagou considerável quantia de dinheiro para que o afilhado lhe cedesse o lugar. Eleito papa em maio de 1045, adotou o nome de Gregório VI e governou a Igreja até dezembro de 1046, quando o afilhado o derrubou sob acusação de simonia.
   Morto Nicolau IV, em 1292, cardeais italianos e franceses fizeram do consistório arena de disputas pelo poder, movidos mais por interesses políticos que pelas luzes do Espírito Santo. Após dois anos e três meses de impasse na eleição do novo papa, Pedro Morrone, eremita italiano, de sua caverna nas montanhas enviou carta ao consistório, instigando-o a não abusar da paciência divina.
  Os cardeais viram na carta um sinal de Deus e decidiram fazer do monge o novo chefe da Igreja. Pedro Morrone relutou, não queria abandonar sua vida de pobreza e silêncio, mas os prelados o convenceram de que o consenso em torno de seu nome tiraria a Igreja do impasse.
   Com o nome de Celestino V, tornou-se papa em agosto de 1294. Menos de quatro meses depois, a politicagem vaticana o levou ao limite de sua resistência. Em consulta a seus eleitores, levantou a pergunta-tabu: pode o papa renunciar?
  O colégio cardinalício não se opôs e, numa bula histórica, Morrone justificou-se, alegando deixar o trono de Pedro para salvar sua saúde física e espiritual. A 13 de dezembro do mesmo ano retornou à solidão contemplativa nas montanhas. Vinte anos depois foi canonizado, exaltado como exemplo de santidade. A 19 de maio a Igreja celebra a festa de São Pedro Celestino.
  Também o papa Gregório XII renunciou, no início do século XV – período em que três papas reivindicavam legitimidade - para evitar que o cisma na Igreja se aprofundasse.
    Joseph Ratzinger, atual Bento XVI, é sobretudo um teólogo. Enquanto papa, não deixou de escrever, tanto que lançou uma trilogia sobre Jesus. São raros os papas-autores, sem considerarmos os documentos pontifícios, como encíclicas, bulas e alocuções, quase sempre redigidos por assessores.
  Em geral, intelectuais não se dão bem com funções de poder. As questões administrativas parecem enfadonhas diante de tantos livros por ler e escrever. O político quer administrar; o intelectual, criar. Ratzinger talvez tenha decidido reservar o que lhe resta de tempo de vida para recolher-se à oração e à produção teológica.
   Inicia-se agora a mais sutil campanha eleitoral: a da eleição do sucessor de Bento XVI. Entre os atuais 209 cardeais da Igreja Católica, 118 têm direito a voto, pois ainda não completaram 80 anos.
  Entre os eleitores figuram cinco brasileiros: Geraldo Magella, arcebispo emérito de Salvador (79); Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (78); Raymundo Damasceno, cardeal-arcebispo de Aparecida (76); João Braz Avis, ex-arcebispo de Brasília, atualmente em Roma como Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada (64); e Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo (63).
   Com certeza o novo papa fará sua primeira viagem pontifícia ao Rio de Janeiro, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude.

Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.