sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

LAMA DE BRUMADINHO: CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS E DOENÇAS


     A bacia do rio Paraopeba recebeu 12 milhões de m3 de lama. A quantidade de partículas contaminantes, que causa a turbidez da água do Paraopeba destroem o rio.  A lama deve chegar infelizmente à represa de Três Marias e ao Rio São Francisco em alguns dias.

 Diante o sofrimento de famílias e da população, os efeitos da devastação socioambiental se propaga para além de Brumadinho.

  Além das vidas humanas perdidas, as doenças decorrentes do contato direto com a lama, consumo de água e até pela poluição do ar, agravam o quadro.  A composição química da lama ainda está sendo analisada, mas há indícios de: restos de minério, sílica, amônia, a lama tem metais em grande quantidade de ferro, manganês, chumbo, arsênio, cádmo, mercúrio, cromo e níquel.  

  Em nota a Secretaria de Estado da Saúde de MG orientou a população a não consumir alimentos que estavam em contato com a lama, nem embalados ou enlatados, não comer peixes, nem ingerir água, pescar ou nadar no rio Paraopeba.

  A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) alerta que deve haver um surto de doenças relacionadas à lama de Brumadinho, como dengue, febre amarela, leptospirose, esquistossomose. Quando a lama começar a secar pode haver surto de doenças respiratórias e de pele. Pesquisadores da Fiocruz argumentam que em estudos realizados pós o rompimento da barragem em Mariana, doenças crônicas como diabetes e hipertensão também podem aumentar. Além dos problemas de perda do habitat dos seres humanos ribeirinhos, a depressão e dificuldades de acesso a infra-estrutura básica de saúde e qualidade de vida, agravam a situação da crise socioambiental decorrente da lama. Realmente uma situação preocupante e degradante que poderia ter sido evitada.  Quem se responsabilizará por estes danos?

   Há estudos e mais estudos socioambientais realizados sobre os inúmeros conflitos socioambientais que atingem as cidades e comunidades, em vários níveis. É preciso uma união de esforços da população, da sociedade civil que deve procurar se informar para se defender e precaver de presentes e futuros danos socioambientais causados pela ação humana.  Que possamos agir coletivamente para implantar ações eficientes de forma multidisciplinar.  Nas sociedades do século          XXI, como já previa a Agenda 21 na Eco/92, os desafios dos conflitos socioambientais estão colocados para a sociedade civil e governos. 


quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FEIJÃO - BRUMADINHO











ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FEIJÃO









EDITORIAL

DEVASTAÇÃO SOCIOAMBIENTAL EM BRUMADINHO

   A triste previsão do que já havia sido alertado pela sociedade civil que atua na área de meio ambiente: "mais barragens poderiam se romper, mesmo após Mariana", acontece em tempo real,  com o rompimento da barragem do Feijão.
  O pior destas devastações do meio ambiente é que elas não só acontecem naquele momento do rompimento da barragem, elas seguem seu curso de lama.  A lama da barragem do Feijão em  Brumadinho é o lamentável, triste e repugnante quadro que daqui para frente só se agrava com o passar dos dias, do tempo. Uma devastação socioambiental que degrada os seres humanos, o meio ambiente em escala crescente.
    As águas dali para frente estão poluídas, contaminadas. Como o Rio que era Doce.  A lama da barragem do Feijão, avança pelo rio Paraopeba, já percorreu mais de 100 km e segundo pesquisadores na área de geologia, a lama deve atingir a represa de Três Marias por volta dos dias 15 e 20 de fevereiro. 
  O sofrimento das famílias, moradores do entorno de Brumadinho e comunidades aonde a lama segue seu curso de destruição,  é algo que faz os seres humanos temerem essa voracidade predadora em relação ao meio ambiente e entre nossa própria espécie. Assistimos cenas grotescas estarrecedoras, de uma operação de resgate cinematográfica para resgatar corpos e não mais vidas. 
   O que poderia deter tal destruição? Esta é a pergunta que todos nós fazemos.   Brumadinho infelizmente é mais uma ponta trágica deste iceberg de conflitos socioambientais que penalizam principalmente a população mais pobre, sem recursos, que vive de seu trabalho rural, plantando hortas, pescando, tirando da natureza, de forma respeitosa, bem mais respeitosa, o sustento de suas famílias. 
    A água misturada à lama causa também espanto. Um dia as águas de MG poderão ser assim? Aí nossa espécie deixa de existir.  Necessitamos da água para nossa sobrevivência. Nosso organismo humano é constituído por cerca de setenta por cento de água. E só de ver tanta lama, sentimos sede. Sede de água pura, sem poluição. Sede de acreditar que temos capacidade de sermos seres humanos melhores.
    Estes rompimentos de barragens: Mariana, Brumadinho, são tristes realidades que nos fazem temer pela capacidade de destruição que nossa espécie pode provocar não só aos seus, nossos semelhantes, mas a toda a biodiversidade e ecossistemas. 
     O que nos resta a não ser nos solidarizar com as famílias que sofrem as perdas de parentes, amigos, da fauna,  da flora, de sua sobrevivência naquele ecossistema até então quase paradisíaco ? Haverá dinheiro que compre tamanho sofrimento ?  
   O Paraopeba, devastado e a cidade de Brumadinho mergulhada em um pesadelo, cuja triste realidade hoje chega via satélite ao mundo.
     O que mais podemos propor senão fazer resgatar os melhores valores de nossa humanidade agredida. Precisamos voltar a sentir nossa total dependência ao meio ambiente. Somos parte da natureza que nos cerca. Reeducar novamente para viver, sentir, valorizar, aprender a respeitar e amar as águas, nossas montanhas, nossas matas, florestas, respeitar nossa espécie, aos outros animais e formas de vida, nosso clima antes ameno, nosso horizonte que se diz belo e ainda pode ser.
   Precisamos mais que pronunciar que somos solidários em nosso dia a dia.  Agir e aprender o que significa ser esta forma solidária, fraterna, dividir o pão, conviver em paz, promover as melhores capacidades humanas para que tenhamos comunidades sadias, com melhor qualidade de vida.
   Quem se comove com Brumadinho precisa internalizar que para ter água potável em casa é preciso dar as mãos todos os dias. Seja plantando uma árvore, boas palavras e atitudes. Não se busca aqui a santidade, mas o resgate de nossa humanidade roubada, agredida.  Pois as águas estão clamando para que deixemos de destruí-las.  Todos os dias podemos fazer algo pela valorização da pessoa humana, de nossas comunidades.  Para conquistarmos um meio ambiente mais saudável para todos.
   Todos aqueles que são humanos e que se comovem com a degradação de Brumadinho, do meio ambiente, podem aprender a ser solidários, sem ter que sofrer através de devastações ambientais desta ordem.
    Que possamos acreditar no que de bom cada um de nós pode partilhar para sermos seres humanos de melhor qualidade. Para valorizarmos tantas belezas naturais que o Brasil abriga.  Com certeza, todo este sofrimento de Marina, Brumadinho da Mãe Terra, nossa Mãe, não será em vão. Ainda podemos vencer este lado predador pela Fé e pela atitude fraterna, solidária  de valorização dos seres humanos e do meio ambiente.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FEIJÃO EM BRUMADINHO - MG


    A barragem da Mina do Feijão, município de Brumadinho na região metropolitana de BH rompeu-se  no  final desta manhã.  A lama de rejeitos atingiu um vilarejo da  cidade, além de empregados da Cia. Vale do Rio Doce da área administrativa, que estavam no local. Ainda são contabilizados mortos e desaparecidos, numa “catástrofe” socioambiental já anunciada. Vários órgãos de defesa do meio ambiente da sociedade civil, já haviam solicitado providências do estado e empresas para o perigo de rompimento de barragens como as que se romperam em Mariana em novembro de 2015. De acordo com equipes de resgate que atuam na área de emergências ambientais, este rompimento de Brumadinho pode ter um alcance de devastação socioambiental ainda maior do que ocorreu em Mariana.




    O que a população pode fazer a não ser novamente ser surpreendida com tamanha degradação socioambiental?  Cada vez mais os conflitos socioambientais colocam em xeque a capacidade de defesa e proteção da população sobre os problemas ambientais. São problemas que atingem milhares, milhões, bilhões de seres humanos em todo o mundo e a biodiversidade.  Minas Gerais vem ganhando destaque na imprensa mundial, infelizmente, por liderar as maiores devastações socioambientais na área de mineração no mundo.  Um triste quadro, aonde toda a tecnologia disponível não consegue deter tamanha devastação.  



  É preciso que tenhamos consciência  de que estes problemas socioambientais só poderão ser solucionados se houver união e atitudes concretas de ações preventivas a estes conflitos por parte da sociedade civil, estados e setor empresarial.   O agravante é que se as soluções são proteladas o alcance destas “catástrofes ambientais” aumenta e atinge em escala crescente de devastação: seres humanos, a fauna, flora, toda a biodiversidade,  o meio ambiente.   

  

  Nossa solidariedade as famílias da região de Brumadinho/MG. Que possamos nos unir neste momento difícil e em todos os dias,  em busca de soluções para estes conflitos tendo como princípios a valorização da pessoa humana e do meio ambiente. 

DEVASTAÇÃO SOCIOAMBIENTAL EM BRUMADINHO