quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ARTIGO DE DÉBORA CRISPIM


Dinheiro no lixo 

*Débora Crispim Soares

   Hoje eu devo ter produzido pelo menos um saco de lixo, e você também. Você sabe pra onde ele vai? E sabe quanto a prefeitura gasta com toda a estrutura que precisa para destinar esse lixo? Não? Nem eu! Só sei que o governo abocanha de 8 a 11% dos salários mensais dos trabalhadores como eu (e isso dá um bocado de dinheiro do nosso salário). E uma parte desse dinheiro, vai para “cuidar” desse lixo que produzo todos os dias. Então, eu jogo lixo fora e depois gasto, forçadamente, o meu dinheiro pra cuidar do lixo que descartei.
    Belo Horizonte tem uma área enorme (na BR 040) onde depositou nosso lixo durante anos e agora precisa gastar com sua manutenção, durante alguns anos, sem poder utilizá-la para outros fins. E está usando outra área em Sabará para os atuais descartes. É muito espaço desperdiçado. É muito dinheiro jogado no lixo.
   Mas você sabia que existe gente tentando se organizar para viver dignamente do material que você descarta? E com isso contribuem para diminuir o gasto com a estrutura para destinar o lixo? São os catadores. Muitas vezes discriminados pela sociedade. Não, eles não são contratados pelo governo para limpar a nossa cidade e também não são mendigos. São trabalhadores que estão se organizando em cooperativas e possuem direitos trabalhistas. Os mesmos direitos que nós possuímos.
    No dia 31 de julho de 2012, nós, membros da comissão de coleta seletiva da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, participamos do debate “A Realidade do Mercado de Recicláveis na Região Sudeste”, no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, onde foram tratados os seguintes temas:
·     Comercialização Direta entre as Associações de Catadores e a Indústria Transformadora de Materiais Recicláveis,
·     A Reciclagem do Papel,
·     Panorama da Cadeia Produtiva da Reciclagem no Brasil
·     A Visão da Indústria sobre o Mercado de Recicláveis.
   Lá aprendemos que as cooperativas de catadores contribuem para atenuar essa estrutura, comprovado por dados de pesquisas de universidades e ONG de pesquisa cientifica. Também descobrimos que para se definir como o plástico será reciclado depende de como ele foi produzido se por extrusão, injeção ou sopro. E que o padrão de triagem afeta a qualidade final do produto e nessa parte nós também participamos, quando sabemos a maneira correta de segregar os materiais. Nem imaginávamos que existiam tantos detalhes.
    Em pesquisa da UFMG sobre resíduos, através do Departamento de Engenharia Sanitária, descobriu-se que o lixo urbano é composto por 25% de papéis e papelões, 6% plástico, 5% metais ferrosos e não ferrosos, 3% de vidros e 52% orgânicos.
   Inúmeras famílias dependem de um processo que inclui eu e você, mesmo que não façamos pesquisa sobre o tema, nem sejamos lixeiros ou catadores. Nós somos parte do ciclo desse processo. Nós consumimos, escolhemos o que, e quanto consumimos. Dependendo de nossas escolhas podemos incentivar ainda mais a produção de materiais. Também optamos por separar ou misturar o lixo orgânico molhado com lixo seco que contém, por exemplo, papel branco que pode chegar a R$ 400,00 por tonelada e a lata de alumínio que pode chegar a 10 vezes mais que o valor do papel. Assim estamos impossibilitando várias famílias de se sustentarem. A cada reciclável que vemos passando nos rios, são oportunidades jogadas fora. É dinheiro que vai embora, isso sem falar da poluição do meio ambiente.
    Infelizmente sabemos que o processo de Coleta Seletiva em BH ainda é ínfimo. Apenas 14 % da população em cerca de 30 bairros são atendidos. E menos de 3% do material reciclado descartável vai para a coleta seletiva. Falta o incentivo para a população fazer a coleta seletiva e falta investimento em estrutura para a coleta desse material.
  Nós podemos cobrar a coleta seletiva em nossas portas. Podemos participar da coleta seletiva em nossos trabalhos e acionar as cooperativas para coletarem esse material. Mas devemos, antes de tudo, repensar nossos hábitos e pensar a forma que consumimos e melhorar a nossa estrutura social a partir do início do ciclo de vida do produto.

*Débora Crispim Soares - Técnica em Planejamento Urbano/Ambiental e Sérgio Rodrigo de Abreu - Assistente Administrativo da Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento Urbano - SMAPU - membros da Comissão de Coleta Seletiva da SMDE (Secretaria Municipal de Desenvolvimento)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

RICARDO ANTUNES DEBATE O MUNDO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO



  O Jornal Oecoambiental  trabalha na área socioambiental, dando visibilidade a valorização do ser humano e a todo meio ambiente. Temos constituído um diálogo permanente entre as Ciências Sociais e a questão ambiental. Compreender  o que vem ocorrendo no mundo do trabalho vem sendo um de nossos campos de trabalho na área socioambiental. Neste sentido, já organizamos em parceria com o NESTH – Núcleo de Estudos sobre o Trabalho Humano da UFMG, três Seminários “O Cidadão e o Meio Ambiente”.  Consideramos oportuno levar aos nossos leitores a interessante entrevista realizada pelo programa Roda Viva da TV Cultura com o sociólogo Ricardo Antunes. Quem não assistiu, vale a pena acessar o conteúdo deste debate no site da TV CULTURA: http://tvcultura.cmais.com.br/grade.  Aguardamos de nossos leitores os comentários e contribuições acerca deste importante debate sobre as transformações no mundo do trabalho que,  sem dúvida,  influenciam os possíveis caminhos de construção da sustentabilidade no Brasil e no mundo. 
 
   Roda Viva recebeu nesta segunda-feira (03/09) o professor Ricardo Antunes cujos estudos se direcionam para o tema trabalho e suas novas formas de relação dentro do mundo capitalista contemporâneo.
   Com as mudanças relativamente recentes no sistema de trabalho, que vão desde a terceirização de serviços, o aumento na procura pelos concursos públicos, a contratação de PJs, o trabalho por tarefa até o uso de celulares e e-mails no trabalho, Ricardo  analisou as transformações ocorridas no mundo do trabalho e as consequentes implicações nos planos social e político.
  Ricardo Antunes é professor titular de sociologia do trabalho na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da coleção Mundo do Trabalho, da Boitempo Editorial. É autor dos livros O continente do laborOs sentidos do trabalho e O caracol e sua concha, e coorganizador de Infoproletários,Riqueza e miséria do trabalho no BrasilNeoliberalismo, trabalho e sindicatos eLukács: um Galileu no século XX.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou,  nesta edição, com os seguintes entrevistadores convidados: Liliana Segnini (professora titular em Sociologia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas); Leny Sato (professora titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo); Eleonora de Lucena (repórter especial do jornal Folha de S. Paulo); Mônica Manir (editora do Caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo); Alexandre Teixeira (jornalista e escritor). O Roda Viva também contou com a participação do cartunista Paulo Caruso.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

WORKSHOP MEIO AMBIENTE - MG

SUSTENTABILIDADE


  O Jornal Oeccoambiental dentro de nosso trabalho na área de meio ambiente de contribuir na solução dos problemas socioambientais locais, publica trechos do Capítulo 2 do livro “Sustentabilidade:o que é: o que não é” de Leonardo Boff (Editora Vozes-2012) – Para agirmos buscando soluções aos problemas socioambientais de nossas comunidades é preciso fundamentarmos nossas ações. Como a questão da sustentabilidade está no centro das ações de vários segmentos sociais, consideramos oportuno divulgar uma pequena parte do livro de um dos maiores escritores sobre meio ambiente do Brasil e do mundo que é Leonardo Boff. Segue uma parte destes textos.


As origens do conceito de sustentabilidade
 * Leonardo Boff


    A grande maioria estima que o conceito de “sustentabilidade” possui origem recente, a partir das reuniões organizadas pela ONU dos limites do crescimento que punha em crise o modelo vigente praticado, em quase todas as sociedades mundiais.
   Mas o conceito possui já uma história de mais de 400 anos que poucos conhecem. Convém recapitular brevemente esse percurso. Entretanto importa antes esclarecer o conteúdo do conceito sustentabilidade. Encontromo-lo já numa rápida consulta aos dicionários, no caso, ao Novo Dicionário Aurélio e ao clássico Dicionário de Verbos e Regimes de Francisco Fernandez de 1942. Na raiz de “sustentabilidade” e de “sustentar” está a palavra latina sustentare com o mesmo sentido que possui em português.
   Ambos os dicionários referidos nos oferecem dois sentidos: um passivo e outro ativo. O passivo diz que “sustentar” significa segurar por baixo, suportar, servir de escora, impedir que caia, impedir a ruína e a queda. Neste sentido “sustentabilidade” é, em termos ecológicos, tudo o que fizermos par que um ecossistema não decaia e se arruíne. Para impedi-lo podemos, por exemplo, criar expedientes de sustentabilidade como plantar árvores na encosta da montanha, que servem de escora contra a erosão e os deslizamentos.
   O sentido positivo enfatiza o conservar, manter, proteger, nutrir, alimentar, fazer prosperar, subsistir, viver, conservar-se sempre à mesma altura e conservar-se sempre bem. No dialeto ecológico isto significa: sustentabiliade representa os procedimentos que se tomam para permitir que um bioma se mantenha vivo, protegido, alimentado de nutrientes a ponto de sempre se conservar bem e estar sempre à altura dos riscos que possam advir. Esta diligência implica que o bioma tenha condições não apenas de conservar-se assim como é, mas também que possa prosperar, fortalecer-se e coevoluir.
   Estes sentidos são visados quando falamos hoje em dia de sustentabilidade, seja do universo, da Terra, dos ecossistemas e também de inteiras comunidades e sociedades: que continuem vivas e se conservem bem. Somente se conservam bem caso mantiverem seu equilíbrio interno e se conseguirem se autorreproduzir. Então subsistem ao londo do tempo.

* Leonardo Boff, 1938, é formado em Teologia e Fisolofia, autor de mais de oitenta livros nas mais variadas áreas humanísticas. Participou da redação da Carta da Terra. É autor da DVD }As quatro ecologias e do DVD Ética e ecologia.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

AS CIÊNCIAS SOCIAIS E O MEIO AMBIENTE


EDITORIAL

    As Ciências Sociais utiliza metodologias para explicar os problemas da sociedade e tem uma preocupação não só de compreender estes problemas, mas procurar solucioná-los. Nos grandes conflitos do mundo contemporâneo inscrevem-se os problemas de meio ambiente. O Jornal Oecoambiental foi fundado com o propósito de buscar democratizar a informação e a difusão da comunicação socioambiental para toda população, dentro dos princípios do Artigo 225 da Constituição brasileira, da Agenda 21 e da economia solidária. Realiza um trabalho de pesquisa diante estes problemas e busca organizar ações abrindo caminhos de soluções possíveis para os mesmos.
   Participamos das duas últimas Conferências Nacionais de Meio Ambiente, da Conferência Nacional de Comunicação - defendendo a comunicação socioambiental (todas realizadas em Brasília) e em junho deste ano de 2012 participamos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - a Rio + 20 e Cúpula dos Povos - no Rio de Janeiro. Foram mais de três mil painéis, debates, palestras, eventos no maior encontro socioambiental que o mundo já realizou para analisar, buscar conhecer melhor as realidades locais e globais e apontar soluções aos graves problemas socioambientais que atingem o Brasil e o mundo.  O saldo da Rio + 20 é a certeza de que,  em grande maioria,  a sociedade civil tem uma força que vem aqui e ali brotando nas comunidades locais no Brasil e no mundo. Afinal dos Estados fazem parte a sociedade civil. Os acordos então tão esperados entre nações e cúpulas ficam para serem testados em uma máxima conhecida: as ações de cada ser humano que diz se preocupar com o meio ambiente continuam a fazer a diferença. Nossa capacidade de sentirmos que fazemos parte dos Estados podem de fato construir uma sociedade mais justa e ambientalmente mais saudável.
   Nosso Jornal Oecoambiental realiza um trabalho de mobilização permanente, dialogando com a população, organizando seminários, feiras, palestras junto a universidades, escolas, sindicatos, instituições públicas e privadas, sempre abertos à participação popular.
   Um dos grandes problemas brasileiros na área de meio ambiente que obteve grande repercussão na Rio + 20 e Cúpula dos Povos e que a grande imprensa não deu a devida divulgação, foi à palestra da professora Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - confira neste link: http://oecoambiental.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html
 postado pelo Jornal Oecoambiental. O Brasil é um dos países que mais contamina seus alimentos com produtos químicos. Consideramos que é um direito da população brasileira conhecer e se informar sobre esta situação, para que possamos nos unir na busca de uma solução efetiva na melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros. É preciso que a população tenha direito econômico - socioambiental de consumir produtos orgânicos de boa qualidade; que estas informações cheguem de fato às pessoas; que os preços dos orgânicos sejam mais acessíveis à população e que haja em todos os supermercados, sacolões, feiras, esta opção de oferta dos produtos orgânicos. Ter saúde não é apenas malhar em academia, dançar, praticar esportes, fazer exercícios. Saúde é ter alimentação de qualidade, sem esta criminosa contaminação química no Brasil. O equilíbrio de corpo e alma se alcança pela alimentação de qualidade.
   A grande questão é que os problemas de meio ambiente atingem a coletividade, são milhões, bilhões de seres humanos que sofrem hoje com as conseqüências desta crise socioambinetal, chamada na Rio + 20 e Cúpula dos Povos de "Crise de Civilização" onde os problemas econômicos fundem-se aos problemas ambientais e sociais. A saída para solucionarmos esta crise passa pela união da sociedade civil. Estamos divulgando em nosso Jornal Oecoambiental, blog, facebook os conteúdos destas Conferências. Sabemos que a informação socioambiental salva vidas e protege todo meio ambiente.
   Precisamos resgatar a auto-estima de nossa própria espécie humana. Não podemos conviver e aceitar a destruição dos seres humanos e de todo meio ambiente como vem acontecendo. Todas as pessoas de todas as profissões, culturas, comunidades precisam agir de forma imediata. Precisamos nos unir cada vez mais. Acreditar na defesa da vida, na conquista de melhor qualidade de vida e meio ambiente sadio para todos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O BRASIL NAS OLIMPÍADAS DE LONDRES





   Os poucos brasileiros que conquistam medalhas de ouro para o Brasil em Londres realizam atos mais que olímpicos: são atos heróicos. O Brasil não oferece à maioria de sua população a qualidade de vida que traduza numa olimpíada, conquistas olímpicas na maioria das modalidades de esportes. Enquanto alguns economistas tentam esconder a verdade socioambiental do Brasil, os esportes denunciam quanto ainda estamos longe de conquistarmos medalhas na valorização real do povo brasileiro. Nós que trabalhamos na área socioambiental, constatamos as desigualdades sociais no Brasil. Temos através de nossos artigos, editoriais, entrevistas, comentários, buscado refletir a má qualidade de vida da maioria dos brasileiros. A brutal concentração de renda no Brasil (a terceira pior do mundo) e a péssima qualidade da educação, saúde, transporte públicos é evidente. Só mesmo a grande imprensa que insiste em dizer apenas o que os grandes patrocinadores querem não vê o quanto ainda temos que lutar para que o Brasil seja de fato um país mais justo socioambientalmente falando. Enquanto em alguns países incentiva-se a prática de esportes nas escolas já na infância e mesmo o Estado remunera sua população para estudar, no Brasil, em estados como Minas Gerais um professor de escola pública recebe salário líquido de menos de mil reais. A necessidade das reformas historicamente adiadas: agrária, política, fiscal onera os mais pobres e beneficia os mais ricos. Na China que até o momento lidera o quadro de medalhas em Londres, a profissão mais valorizada e das mais bem remuneradas é a de professor.
   A qualidade da alimentação no Brasil está cada dia mais comprometida, fato que foi apresentado na Rio + 20 – Cúpula dos Povos, no painel onde se constatou em pesquisa que o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos na agricultura. Segundo a pesquisadora Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em média, cada brasileiro consome 5 Kg de agrotóxicos por ano. Dados que fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segue link da matéria divulgada na Rio + 20: http://oecoambiental.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html
  Nosso país necessita urgente não apenas de melhorar a qualidade da educação em todos os níveis, mas de alfabetizar-se na forma de se alimentar. Podemos ficar ainda tentando explicar os motivos de o Brasil ser desclassificado na maioria das modalidades de esportes ainda na fase inicial de disputa. Não se trata apenas de uma explicação psicológica, o peso que estes atletas carregam porque as próximas grandes competições mundiais de futebol e olimpíadas acontecerão no Brasil. A constatação é que não há uma base formada. Uma estrutura socioambiental justa e que valorize toda a população brasileira. Talvez a antropologia brasileira pudesse explicar porque os próprios brasileiros não valorizam a maioria dos brasileiros. Mesmo que digamos isso continuamente: “brasileiro não desiste nunca”. São mais de 500 anos de opressão.  
     As medalhas de ouro nas olimpíadas de Londres são feitas de prata e levemente banhadas a ouro (valem cerca de mil e quatrocentos reais cada uma). Porém, sabemos que as medalhas de ouro  avaliadas na classificação do ranking entre países,  nos permitem argumentar de certo modo, as relações socioambientais que os países estão estabelecendo. Como cada país se prepara, investe na promoção de esportes e na valorização e qualidade de vida de sua população. Como sociológica e  historicamente este "ranking" vem sendo estabelecido.  
   Mas para que não fiquemos sentindo que o nosso país é só de futebol. Uma metáfora histórica poderia ser utilizada para dizer que cada medalha de ouro que cada atleta e país vem recebendo nas olimpíadas de Londres tem um pouco de Brasil. Quem sabe se procurarmos explicação na história constate que as medalhas de ouro, banhadas em Londres nestas olimpíadas, lembram o ouro tirado aqui das Minas Gerais, no Brasil no século XVIII, que foram para a nobreza de Portugal e este passou então para a burguesia da Inglaterra. O ouro do Brasil possibilitou a Inglaterra levar a cabo a revolução industrial. Que teve nos EUA seu modelo econômico capitalista em expansão.    Seguindo sua trajetória este sistema possibilitou que a economia norte americana implantasse empresas como a Monsanto, que vem quimicamente poluindo a agricultura brasileira e mundial com seus agrotóxicos. O Estado brasileiro ainda hoje permite que isto aconteça. E a grande imprensa faz vistas grossas em mais este crime socioambiental contra a população brasileira.  Para que nós brasileiros não nos sintamos derrotados fica este registro de que a dita revolução industrial que engendrou o atual sistema político, econômico global continua dando ouro para poucos no mundo.
   Quem sabe assim aprendamos esta lição e não oprimamos tanto nossa própria população. E não continuemos destruindo nossas riquezas, concentrando estas riquezas nas mãos de poucos em detrimento da exclusão da maioria da população. Pois a Vale do Rio Doce está aqui em Minas rezando nesta cartilha. Tirando nossas riquezas na mineração que quer realizar em cima de nossas nascentes da Serra da Gandarela. Minas Gerais ainda é o estado que mais produz ouro no Brasil, que nunca foi distribuído com justiça ambiental para a maioria dos brasileiros. E que agora nas Olimpíadas de Londres desnuda a gravidade das desigualdades socioambientais do Brasil: um PIB nacional da exclusão socioambiental. A sociedade civil brasileira pode sim reivindicar que este ouro seja distribuído aqui internamente para a maioria dos brasileiros. Afinal todos nós brasileiros produzimos há séculos esta riqueza.
   O judô – esporte da cultura oriental é onde mais conquistamos medalhas na história olímpica do Brasil. Nosso diálogo com o oriente está estabelecido. Mas lembrando Darcy Ribeiro, a civilização brasileira, que vem dando ouro ao mundo, tem direito histórico de fazer o mundo conhecer e reconhecer nosso valor. Para isso é fundamental que todos nós brasileiros elevemos nossa auto-estima. Que valorizemos o povo brasileiro. Não para que sejamos exaltados como donos do mundo, mas para que possamos levar à todos nossa alegria de celebrar o valor da vida.
   Quem sabe se lançarmos uma campanha para a valorização dos esportes e da cultura brasileira possamos conquistar nas próximas olimpíadas no Brasil uma grande medalha de ouro: o direito de transformarmos a capoeira em esporte olímpico. O esporte que mais divulga o Brasil no exterior juntamente com o futebol é a capoeira, para quem ainda não sabe. Para isto, nas escolas brasileiras a capoeira deveria já fazer parte da educação física. Como o judô é valorizado nos países do oriente. Esta seria a grande contribuição brasileira ao esporte mundial, porque na roda de capoeira todos os seres humanos são diferentes ("cada um é cada um" como disse o sábio Mestre Pastinha) e iguais, porque apesar de nossas diferenças ninguém é melhor que ninguém. Tudo que o mundo clama hoje é que haja um só mundo, onde as diferenças culturais de todos os países sejam de fato respeitadas. Onde a justiça socioambiental traga melhor qualidade de vida e meio ambiente sadio para todos.
  Por Luiz Cláudio dos Santos - sociólogo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

CARNAVALIZA BH - MEIO AMBIENTE E CULTURA

                      Banda Chama o Sindico - Carnavaliza BH - Music Hall - Foto: Jornal Oecoambiental

Aconteceu no dia 27 de julho no Music Hall em BH -  o Carnavaliza BH um evento cultural que congregou um público animado revivendo o último carnaval de rua de BH. Com a presença das bandas: Chama o Síndico regido por Nara Torres, a Orquestra Mineira de Brega e Alta Fidelidade.


Nara Torres e a Banda Chama o Síndico - Music Hall - Carnavaliza BH Foto: Jornal Oecoambiental
   Um evento cultural belorizontino de muito boa qualidade, com um repertório de ritmos adaptados ao bom estilo brasileiro de Tim Maia e Jorge Bem Jor. Uma noite agradável em ritmo de carnaval e muita descontração. Deixamos os parabéns aos organizadores Bernardo e sua equipe da Usina do Entretenimento.

                        Bernardo - da equipe de organização do evento do Carnavaliza BH
                            Foto: Jornal Oecoambiental



domingo, 29 de julho de 2012

A SOCIEDADE CIVIL NA RIO + 20: A NECESSIDADE DE PRINCÍPIOS NÃO-REGRESSIVOS


Conferência Rio + 20 - Riocentro - Foto: Jornal Oecoambiental

Publicamos a I e II partes do artigo de Vanessa Lemgruber que esteve presente na Rio + 20 - em junho de 2012. Agradecemos sua participação Vanessa em nosso propósito de seguirmos divulgando o conteúdo dos mais de três mil painéis que aconteceram no maior encontro do mundo que avaliou a crise socioambiental brasileira e global.  Repassar a sociedade civil o conteúdo destes painéis da Rio + 20 é o que nosso Jornal Oecoambiental vem fazendo deste nossa participação durante a Conferência no Rio de Janeiro. Que esta argumentação possa favorecer as pessoas, instituições e governos em realizarem ações concretas em defesa da vida e de todo meio ambiente. O que não acontece apenas durante a Conferência Rio + 20, mas em nosso cotidiano, nos próximos anos e décadas.

ARTIGO DE VANESSA LEMGRUBER

   Multiplicidade: a única definição que encontro para os dias nos quais o Rio foi sede das três vias da Rio+20: o processo oficial com os Major Groups e Side events; o semi-oficial , como a Arena Socioambiental e outros espaços organizados pelo Governo Brasileiro; e o autônomo, sendo a Cúpula dos Povos e o Youth Blast as principais iniciativas organizadas pela sociedade civil.
   Mas voltando às definições e às dificuldades em estabelecê-las; delimitar os contornos do que foi a Cúpula dos Povos é elevar essa multiplicidade ao expoente. Fazer um recorte do evento pode ser considerado tão árduo trabalho quanto o de escolher uma única paisagem do Rio de Janeiro para ser emoldurada na eternidade.
   Numa atmosfera quase poética, pessoas de todas as nações se reuniram, buscando se fazer escutar pelas autoridades envolvidas na Rio+20: Agricultores de associações campesinas das Filipinas, Índia e Camboja mostravam que é possível uma forma alternativa de produção agrária; grupo de jovens mulheres ativistas do Canadá levantava sua voz em defesa da Pacha Mama;organizações como a TEBTEBBA(Indigenous Peoples’Internacional Centre for Police Research and Education) defendiam a necessidade de um substrato protetivo e de auto-determinação indigenista;hare Krishnas,padres Agostinianos e pajés indígenas mostraram como o Sagrado pode estar alinhado às questões da natureza;stands em defesa da conservação do Cerrado se destacavam; estudantes e pesquisadores universitários posicionavam-se de forma ativa nos debates; incansáveis discussões, muitas vezes lideradas por representantes da “La Vía Campesina”, em oposição à economia verde... Uma atmosfera quase poética, demasiada pluralidade.
   A economia verde, modelo de desenvolvimento descrido pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) como “aquele que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.” pondera que o crescimento na renda e no emprego deve ser puxado por investimentos públicos e privados que reduziriam emissões de carbono e poluição. Essa rota de desenvolvimento deve manter, aprimorar e recuperar o capital natural degradado, traduzindo-o como ativo econômico e fonte de benefícios públicos, “especialmente para a população pobre cuja sobrevivência e segurança são mais direta e imediatamente afetadas por desequilíbrios nos sistemas naturais”(vide efeitos das secas em regiões pobres)
    A sociedade civil tem baseado suas críticas à esse modelo em,basicamente, dois eixos. A crítica feita por um deles pode ser sintetizada no que diz respeito a uma nova etapa ineficaz do ciclo capitalista em relação ao meio-ambiente, o que acabaria por transformar bens comuns como as florestas e os oceanos em objetos de especulação,acumulação e apropriação.Com benefícios em curto prazo,na garantia de maior ganho econômico, essa usurpação dos bens comuns de todos os seres vivos, segundo os que defendem essa crítica, tende a impedir que soluções realmente inovadoras venham a se consolidar, pois mantém a mesma estrutura evidenciadora de desigualdades sob um nova roupagem verde.
     O segundo eixo pode ser descrito como ceticismo em relação ao termo e sua relevância, ou seja, haveria real necessidade de criar um novo termo sendo que não se tem uma definição clara e precisa do mesmo?Muita energia seria gasta em processos nem tão produtivos ao invés de manter o foco em questões já conhecidas que de fato poderiam evidenciar mudanças.
   Mas,observando-se por uma outra óptica a problemática em questão, alguns afirmam que, apesar das críticas serem importantes, elas não seriam capazes de reduzir ao mínimo a potência da Economia Verde como fator de solução para demandas ambientais e sociais. Ao interligar práticas econômicas a pleitos ambientais, esse modelo econômico levaria a uma rápida incorporação de ações “verdes” ao cotidiano de empresas e governos.
   Essa posição, adotada por personalidades como o presidente francês François Hollande, pode muitas das vezes esconder um discurso falacioso para a defesa da queda de medidas protetivas em relação ao meio-ambiente que alguns países emergentes podem vir a adotar. É defender o prisma do deslocamento de recursos e responsabilidades;é aplicaros recursos economizados nos processos decoupling em mais consumo, o que pode criar sobrecargas adicionais sobre os ecossistemas dos países do sul.
   Bem, isso é o que me parece. Transcrevo o que afirmou Hollande quando questionado sobre a Rio+20: “O desenvolvimento sustentável também é uma maneira de sairmos da crise, embora não nos proteja dela. Para isso, devemos combater o protecionismo.Não é um entrave, mas uma oportunidade. Não é uma ferramenta de protecionismo para favorecer países’’
   Pois bem,se na declaração final os governantes presentes na Rio+20 parecem ter concordado apenas nos pontos mínimos,deixando as grandes questões para a agenda pós-evento de 2015; acho correto concordar em uma das pontuações de Amalio de Marichalar,presidente do Foro Soria 21 para o Desenvolvimento Sustentável:se não fosse pela iniciativa da sociedade civil, a problemática ambiental ainda estaria estagnada em discussões teóricas.
    É sob essa mesma óptica de valoração da sociedade civil que Jérôme Fromageau, participante da Rio+20, seguiu em seus ajuizamentos. Ações importantes a serem desenvolvidas pela coletividade podem ser exemplificadas pela necessidade de se pensar a criação de um Tribunal Penal Ambiental Internacional e também de um organismo específico (à exemplo da OIT e UNESCO)para questões pró-ambiente mediante a ineficácia muitas das vezes encontrada no PNUMA;ponderando se essa concessão maior de poder seria bem utilizada pelo órgão a ser criado.
   Além disso, também caberia à coletividade o papel de fiscalizar a aplicação do Princípio da não-regressão. Essa irreversibilidade em matéria de direito ambiental pode ser entendida como a aplicação de um direito progressivo, não comprometedor de gerações futuras.Um direito de eficácia real, que apesar de pautado em lentas transformações,seriam elas qualitativas e relevantes.
   Jérôme vai defender ainda uma questão que está em consonância com o defendido pelos presentes na tarde de quarta-feira na Arena Rio 20: a necessidade de volta às origens e valoração de conexões regionais. O retorno às tradições indigenistas em respeito e valoração da Terra, bem como a importância de um desenvolvimento regional, que busca inspiração em comunidades com similaridade histórica e natural se faz urgente. O Brasil não deve, por exemplo, buscar adequar nossa realidade ao sistema protetivo da Finlândia, cujas florestas e extensão territorial em pouco se assemelham às brasileiras.Um retorno a tradição de povos nativos ou de valoração da cultura de comunidades interioranas como a das quebradeiras-de-coco poderia se mostrar mais eficaz.
   Não que se deva desconsiderar a experiência estrangeira, mas sim que haja uma melhor adequação à realidade do nosso país: que seja - como já diriam os modernistas de 1922- uma real antropofagia do que é produzido fora daqui. Exemplos como a Constituição de 2008 do Equador que trata a natureza como sujeito de direitos ao valorizar as raízes ancestrais do povo; e da do Butão que instituiu o dever de preservar no mínimo 60% das florestas na eternidade não só podem, como devem, ser levados em consideração.
  Vinte anos se passaram desde a Eco92 e da Agenda 21. É verdade que a conscientização ambiental se mostra muito mais recorrente do que há anos atrás, mas pouco de concreto aconteceu desde então. Cabe, mais uma vez, à sociedade civil ser protagonista de um processo fundamental para sua própria perpetuação.
   2015 será o ano de fechamento das natimortas “8 metas do milênio” e data mágica para entrar em vigor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que deverão ganhar contornos mais bem definidos a partir de 2013.

Nos vemos lá!

Para mais informações:



BARRAGENS DE REJEITOS

SEMAD GARANTE SEGURANÇA DAS BARRAGENS DE REJEITOS
NO ESTADO

  No dia 12 de julho de 2012, durante a audiência pública da Comissão Especial das Enchentes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o representante da   Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Luiz Guilherme Melo Brandão, garantiu que o estado de Minas Gerais está livre do risco de rompimento de barragens de rejeitos, e afirmou que todas as barragens de rejeitos existentes em Minas são permanentemente fiscalizadas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).
   Além disso, a SEMAD relatou que a rede de monitoramento construída pelo Estado nos últimos anos é muito mais eficiente e tem condições de dar uma resposta rápida à sociedade.
   Também foi listada, entre as providências tomadas, a parceria com o Corpo de Bombeiros no acompanhamento dos níveis das barragens, tanto hídricas quanto de rejeitos, e o aperfeiçoamento do radar meteorológico da RMBH, que tem condições de alertar as autoridades para o risco de tempestades com algumas horas de antecedência.
   O capitão Eduardo Chagas Ribeiro chefe da Divisão Operacional do Comando Operacional de Bombeiros de Minas Gerais, também presente na audiência, informou que o Estado conta, atualmente, com quatro bases de prevenção de incêndio e de combate aos efeitos das inundações. Elas estão situadas em Curvelo (Região Central), Januária (Norte), Belo Horizonte e Viçosa (Zona da Mata). Além do monitoramento permanente, as bases promovem treinamento de pessoal para prevenir e combater incêndios e atuar em situações de enchentes.
   A Comissão decidiu que serão solicitadas informações à Defesa Civil sobre áreas de risco de enchentes em Minas e a lista das medidas de prevenção necessárias. A Comissão pedirá à SEMAD informações sobre os investimentos do Estado na construção de barragens, em especial no Sul de Minas. Serão solicitados à CEMIG dados sobre a situação das barragens no Estado. Ao Corpo de Bombeiros os deputados vão pedir um relatório sobre a estrutura regional para atendimento aos episódios de alagamentos em Minas Gerais.
Fonte:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2012/07/12_comissao_especialdeenchentes_enchentes.html



sábado, 21 de julho de 2012

EDITORIAL DE JULHO

RIO + 20 PARA TODOS

    Conferência Rio + 20 - Riocentro - Foto: Jornal Oecoambiental
   O Jornal Oecoambiental credenciado junto à imprensa internacional na Rio + 20 presenciou um momento histórico. O mundo quer se encontrar. A grande imprensa foi tendenciosa ao colocar o sucesso da Rio + 20 apenas na assinatura de acordos entre Estados. Quem participou da Conferência constatou que o caminho da argumentação ainda está sendo construído no Brasil e no mundo. Uma das análises sobre a Conferência é:  um momento de reflexão global. Na medida em que os problemas socioambientais ficam mais evidentes no Brasil e no mundo, as pessoas e Estados são convocados a decidir se querem continuar sendo oprimidos ou se querem se libertar das raízes dos problemas socioambientais. Saber dos conteúdos dessas reflexões é direito de todas as pessoas no Brasil e no mundo. Foram mais de três mil eventos, palestras, debates sobre os mais variados temas relacionados ao ser humano e todo meio ambiente. O maior encontro que a humanidade já realizou para buscarmos saídas à crise socioambiental na Terra.
  Ao focar a responsabilidade nos Estados, apenas na burocracia em que se cercam Governos, a grande imprensa deixa de perceber que do Estado também fazem parte as pessoas, a sociedade civil. E esta sociedade civil que se une cada vez mais é e continuará sendo a grande novidade e o grande avanço que o Brasil e o mundo estão conquistando para uma vida melhor e um meio ambiente mais sadio para todos.
Roda de Capoeira no Parque dos Atletas na Rio + 20 - Foto Jornal Oecoambiental
   Antes de cobrar de outros Estados o Brasil precisa fazer sua parte. Acreditar que somos capazes de valorizarmos nossa própria espécie não exclui enfrentarmos os problemas e desafios da chamada “crise de civilização” que o Brasil e o mundo enfrentam. Os EUA e Europa estão em crise porque querem continuar consumindo além do limite suportável para a harmonia e equilíbrio socioambiental do planeta. Transformar o mundo numa ficção de cinema, sem trazer felicidade concreta à essência de nós seres humanos só gera cada vez mais violência. Nós seres humanos não nascemos para consumir apenas e sim para compartilharmos o conhecimento com igualdade o que eleva o ser humano a uma condição de gente. Somos pessoas e não máquinas de consumo. O triste atentado na estréia do filme Batman nos EUA retrata os conflitos de uma sociedade vazia em conteúdos de felicidade contreta.  Quanto dinheiro gasto na produção deste filme enquanto bilhões de seres humanos passam fome no mundo. Qual país pode escapar dos conflitos socioambientais ?
   O Brasil continua sendo a terceira pior distribuição de renda do mundo. Cobrar que os brasileiros amem o Brasil sem distribuir renda é propor que nós brasileiros concordemos com a corrupção, a baixa qualidade de vida da maioria de nossa população. Tanto ouro ainda continua sendo tirado daqui nas Minas Gerais - Brasil - e uma população ainda tão pouco respeitada pela pequena parcela que faz da exclusão show televisivo. Incentiva-se o consumo sem valorizar as pessoas e distribuir com justiça a riqueza que todos produzimos. Aliás, por que o Estado, do qual fazemos parte todos nós, paga a deputados salários exorbitantes para representarem a população ? A defesa do ser humano, da boa qualidade de vida de nossas comunidades, das cidades é tarefa de todos humanos. Não há porque remunerar além do salário mínimo vigente vereadores, deputados, senadores. Afinal é com este salário que eles afirmam  que uma família brasileira pode sobreviver. Então organizem Srs.(as) vereadores, deputados e senadores suas famílias com o salário mínimo vigente. Alimentem-se e a seus filhos com R$622,00 por mês, eduquem, cuide da sua saúde, moradia, estudo, lazer de qualidade e façam o turismo pelo Brasil e o mundo com este salário. Pois a maioria dos brasileiros não tem o direito a uma vida  com qualidade e poder econômico de sair pelo país convivendo com as belezas naturais que nossa pátria foi agraciada por Deus.
   Enquanto mantém-se a exclusão a uma vida digna da maioria da população a lógica do modelo predatório de civilização que o mundo precisa vencer continua aqui em Minas Gerais tentando destruir a Serra da Gandarela.  Por que tanta dificuldade em se criar o Parque Nacional nesta região sem permitir a mineração em cimas das nascentes que abastecem a região metropolitana de BH ? Por que não mudar de perspectiva econômica ? Toda esta região de nascentes abundantes está para ser destruída por ganância de poucos. Por que não transformar esta  região em área de turismo ecológico gerando-se renda, empregos,  pesquisas em biotecnologia para toda região em nosso país ? Na Espanha que passa por uma crise econômica,  22% do seu PIB vem turismo.  O Brasil com toda nossa beleza natural, apenas 2% do PIB vem do turismo.  O turismo no Brasil precisa ser democratizado primeiro para a maioria dos brasileiros. Quem lucra com a exclusão e com esta lógica econômica predatória ?
   Quando o ser humano conseguir descobrir que pessoa alguma é melhor que outra e que Estado nenhum é dono do planeta, vamos poder perceber que pobreza tecnológica é permitirmos que mais de quatro bilhões de pessoas no mundo sejam tratadas como seres inferiores, como não humanos. No Brasil são mais de 150 milhões de pessoas excluídas, de um mínimo de qualidade de vida aceitável, que não recebem o salário mínimo necessário do Dieese, que deveria ser mais de dois mil e trezentos reais. 70% recebe de zero a três salários mínimos vigentes o que não dá um salário mínimo necessário a sobrevivência de uma família. Sabemos que não há democracia política sem democracia econômica. O Brasil ainda não é para todos brasileiros infelizmente.
  Na Rio + 20 no dia 22 de junho no Riocentro, a delegação brasileira na ONU que tinha uma entrevista coletiva programada com a imprensa internacional desmarcou a entrevista. A maioria dos repórteres e da imprensa não soube o porquê deste cancelamento. Fica então nossa pergunta para ser respondida pelo Brasil: porque ainda se permite no Brasil que cada brasileiro consuma em média 5 kg de agrotóxicos por ano como foi debatido na Rio + 20 e cujo debate encontra-se transcrito aqui no blog do Jornal Oecoambiental ?


Sala de imprensa  - Stand 3 -Riocentro na Rio + 20
Foto: Jornal Oecoambiental

   Este fato do cancelamento da entrevista coletiva da delegação brasileira na ONU nos chamou a atenção, porque o Brasil poderia ter aproveitado a oportunidade para mobilizar o país sobre o conteúdo dos debates da Rio + 20. Dar seqüência a este diálogo nacional e global sobre a busca de solução aos conflitos socioambientais é o caminho possível para vencermos e conquistarmos dias melhores para todos. Assim as soluções apresentadas tanto na Rio + 20 quanto na Cúpula dos Povos precisam ser democratizadas. Por isso a Rio + 20 pode tornar-se a "Cúpula do Povo" na medida em que o mundo continua analisando, refletindo e agindo sobre os problemas socioambientais. Desta forma a Rio + 20  para todos será uma conquista cotidiana.
   O Jornal Oecoambiental não pactua com fatalismos de qualquer espécie. A quem interessa dizer que o mundo vai acabar amanhã? Enquanto houver no coração do ser humano a descoberta de que podemos ser bons e melhores a cada dia vamos ver que as belezas naturais de nosso planeta fazem parte de nós. Compreenderemos que preservar e defender a vida, o ser humano é sinônimo de defender e valorizar as belezas da Terra.
  Que o conhecimento dos caminhos de solução dos problemas socioambientais seja, de fato, direito de todas as pessoas. Que a democratização da informação que eleva a auto-estima da população brasileira e mundial valorizando-se o ser humano e todo meio ambiente sejam direito de todos.
    Continuamos abrindo espaço aos nossos leitores para que nos enviem seus artigos, comentários, matérias sobre a Rio + 20 e a realidade socioambiental do Brasil e do mundo. Assim vamos trilhando, compartilhando os caminhos de solução dos conflitos socioambientais e conquistando dias melhores para todos.


               

terça-feira, 10 de julho de 2012

III PREMIO HUGO WERNECK





O Canarinho-da-Terra é escolhido para ser símbolo do OSCAR DA ECOLOGIA 2012

   Personagem presente na história de vida de quase todos os brasileiros, principalmente nas lembranças de quem já viveu no interior, ele tem vários nomes: Canário-chapinha, Coroinha ou Cabeça-de-fogo, em Minas. Canário-do-chão, na Bahia. Canário-da-telha, em Santa Catarina. Canário-verdadeiro ou Canário-da-terra, mais universal, em quase todo o Brasil, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em grande parte da América-Latina.
   Seu nome científico é Sicalis flaveola brasiliensis, da ordem dos Passeriformes. Uma das aves mais admiradas pelas pessoas, por causa do seu canto triste e estalado. E por isso mesmo, até pouco tempo atrás, antes do advento da consciência ecológica, segundo listagem do Ibama, um dos dez passarinhos mais aprisionados em gaiola ou mortos a estilingadas por viverem em bandos e, em sua inocência, mais se aproximarem dos seres humanos.
   Soma-se ainda um de seus nomes de sentido duplo: Canário-da-Terra, do chão, da roça, do sertão, do cerrado e da mata atlântica brasileira. E Canário-da-Terra, significando a realidade, luta e sobrevivência de todas as espécies aladas no Planeta.
   Estes foram os motivos que levaram os ambientalistas a escolher o saudoso e afetivo canarinho amarelo, tal como a cor da camisa da Seleção Brasileira de Futebol, como o símbolo do “III PRÊMIO HUGO WERNECK DE SUSTENTABILIDADE & AMOR À NATUREZA 2012 – o Oscar da Ecologia” - cujas inscrições já estão abertas até 30 de setembro. Os vencedores deste ano serão conhecidos no dia 28, lua cheia de novembro, no Teatro do Sesc Palladium, em BH, durante cerimônia de gala a ser presidida pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

SÍMBOLO VITAL - Por sua beleza e capacidade de sobreviver em ambientes extremos, inclusive à própria contaminação da natureza por agrotóxicos utilizados sem controle na lavoura até pouco tempo, o Canário-da-Terra também simboliza a luta pela economia verde e a erradicação da pobreza abraçada pelos governos, empresas e ONGs socioambientais na Rio+20. Segundo os promotores do Prêmio Hugo Werneck, capitaneado pelo jornalista e ambientalista Hiram Firmino, sua lembrança permite um resgate do amor ao planeta, à vida mais natural no campo e seu retorno também urbano, junto à ecologização em curso das cidades, onde 90% da humanidade estarão morando até o final do século.
   Como pregava e nos ensinava Hugo Werneck, um dos “pais” do ambientalismo brasileiro, que também amava e defendia as borboletas, “Não há como separar a vida de um passarinho da vida de uma árvore, de um solo, da vida de um rio, da vida humana”.
   As empresas, instituições, pessoas, políticos, técnicos e organizações não governamentais que não apenas cumprem, como vão além da legislação ambiental, e ajudam a construir uma sociedade mais sustentável, justa e inclusiva, já podem concorrer à láurea máxima do ambientalismo brasileiro.
  Para participar, se inscrever ou indicar uma personalidade ou iniciativa que mereça ser premiada e difundida, basta acessar o site www.premiohugowerneck.com.br, que este ano será realizado em parceria com a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap-MG), e preencher o formulário de inscrição.

Mais informações:
Grupo Sou Ecológico


quinta-feira, 5 de julho de 2012

A SOCIEDADE CIVIL NA RIO + 20: A NECESSIDADE DE PRINCÍPIOS NÃO-REGRESSIVOS

  O Jornal Oecoambiental publica , em partes, o artigo de Vanessa Lemgruber, sobre a Rio + 20 e Cúpula dos Povos. Trata-se de um olhar atento  sobre estes encontros históricos na área socioambiental que o Brasil acolheu em junho de 2012.  Vale a pena conferir.

ARTIGO DE VANESSA LEMGRUBER     -   PARTE I

   Multiplicidade: a única definição que encontro para os dias nos quais o Rio foi sede das três vias da Rio+20: o processo oficial com os Major Groups e Side events; o semi-oficial , como a Arena Socioambiental e outros espaços organizados pelo Governo Brasileiro; e o autônomo, sendo a Cúpula dos Povos e o Youth Blast as principais iniciativas organizadas pela sociedade civil.
   Mas voltando às definições e às dificuldades em estabelecê-las; delimitar os contornos do que foi a Cúpula dos Povos é elevar essa multiplicidade ao expoente. Fazer um recorte do evento pode ser considerado tão árduo trabalho quanto o de escolher uma única paisagem do Rio de Janeiro para ser emoldurada na eternidade.
   Numa atmosfera quase poética, pessoas de todas as nações se reuniram, buscando se fazer escutar pelas autoridades envolvidas na Rio+20: Agricultores de associações campesinas das Filipinas, Índia e Camboja mostravam que é possível uma forma alternativa de produção agrária; grupo de jovens mulheres ativistas do Canadá levantava sua voz em defesa da Pacha Mama;organizações como a TEBTEBBA(Indigenous Peoples’Internacional Centre for Police Research and Education) defendiam a necessidade de um substrato protetivo e de auto-determinação indigenista;hare Krishnas,padres Agostinianos e pajés indígenas mostraram como o Sagrado pode estar alinhado às questões da natureza;stands em defesa da conservação do Cerrado se destacavam; estudantes e pesquisadores universitários posicionavam-se de forma ativa nos debates; incansáveis discussões, muitas vezes lideradas por representantes da “La Vía Campesina”, em oposição à economia verde... Uma atmosfera quase poética, demasiada pluralidade.
   A economia verde, modelo de desenvolvimento descrido pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) como “aquele que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.” pondera que o crescimento na renda e no emprego deve ser puxado por investimentos públicos e privados que reduziriam emissões de carbono e poluição. Essa rota de desenvolvimento deve manter, aprimorar e recuperar o capital natural degradado, traduzindo-o como ativo econômico e fonte de benefícios públicos, “especialmente para a população pobre cuja sobrevivência e segurança são mais direta e imediatamente afetadas por desequilíbrios nos sistemas naturais”(vide efeitos das secas em regiões pobres).
   A sociedade civil tem baseado suas críticas à esse modelo em,basicamente, dois eixos. A crítica feita por um deles pode ser sintetizada no que diz respeito a uma nova etapa ineficaz do ciclo capitalista em relação ao meio-ambiente, o que acabaria por transformar bens comuns como as florestas e os oceanos em objetos de especulação,acumulação e apropriação.Com benefícios em curto prazo,na garantia de maior ganho econômico, essa usurpação dos bens comuns de todos os seres vivos, segundo os que defendem essa crítica, tende a impedir que soluções realmente inovadoras venham a se consolidar, pois mantém a mesma estrutura evidenciadora de desigualdades sob um nova roupagem verde.
   O segundo eixo pode ser descrito como ceticismo em relação ao termo e sua relevância, ou seja, haveria real necessidade de criar um novo termo sendo que não se tem uma definição clara e precisa do mesmo?Muita energia seria gasta em processos nem tão produtivos ao invés de manter o foco em questões já conhecidas que de fato poderiam evidenciar mudanças.
   Mas,observando-se por uma outra óptica a problemática em questão, alguns afirmam que, apesar das críticas serem importantes, elas não seriam capazes de reduzir ao mínimo a potência da Economia Verde como fator de solução para demandas ambientais e sociais. Ao interligar práticas econômicas a pleitos ambientais, esse modelo econômico levaria a uma rápida incorporação de ações “verdes” ao cotidiano de empresas e governos.
  Essa posição, adotada por personalidades como o presidente francês François Hollande, pode muitas das vezes esconder um discurso falacioso para a defesa da queda de medidas protetivas em relação ao meio-ambiente que alguns países emergentes podem vir a adotar. É defender o prisma do deslocamento de recursos e responsabilidades;é aplicaros recursos economizados nos processos decoupling em mais consumo, o que pode criar sobrecargas adicionais sobre os ecossistemas dos países do sul.
   Bem, isso é o que me parece. Transcrevo o que afirmou Hollande quando questionado sobre a Rio+20: “O desenvolvimento sustentável também é uma maneira de sairmos da crise, embora não nos proteja dela. Para isso, devemos combater o protecionismo.Não é um entrave, mas uma oportunidade. Não é uma ferramenta de protecionismo para favorecer países’’






terça-feira, 3 de julho de 2012

CONGRESSO INTERNACIONAL DO ICLEI ( GOVERNOS LOCAIS PELA SUSTENTABILIDADE) EM BELO HORIZONTE

 * Débora Crispim Soares

   Em junho de 2012 aconteceu em Belo Horizonte o Congresso Internacional do ICLEI - Associação internacional de governos locais e organizações governamentais que assumiram um compromisso com o desenvolvimento sustentável.
   O evento contou com a participação de membros de várias cidades do mundo trazendo suas experiências e projetos que tornaram ou pretendiam tornar suas cidades mais aprazíveis de se viver.
   Sim, aprazíveis. Inclusive a felicidade foi o tema de um dos debates que ocorreram. Felicidade agora é assunto sério, possui até mesmo um índice de qualidade de vida para as cidades. FIB (Índice de Felicidade Interna Bruta). Apesar de ser um sentimento e sensação particular, a felicidade exige algumas condições básicas para se manifestar, como acesso aos serviços de saúde, educação, moradia, lazer, alimentação, entre outros.
   Por isso, governos e empresas começam a utilizar o índice de Felicidade Interna Bruta das pessoas, como instrumento para traçar políticas públicas e administrativas. O Brasil ainda está elaborando seu índice, através da Fundação João Pinheiro.
   Também sobre bem –estar falou um palestrante consultor para cidades sustentáveis: Guilhermo Peñalosa. Com suas idéias para criação de ruas para pedestres e ciclovias vai na contramão de cidades construídas para carros. Citou sua experiência em Bogotá, onde parques foram reestruturados pensando no seu uso pela comunidade. Ele defende transformar espações das ruas hoje utilizados para estacionamentos em pistas de caminhada e de ciclovias. Diz que é preciso utilizar barreiras para os ciclistas e pedestres sentirem-se seguros. E em casos como os de Belo Horizonte é preciso ser criativo. Como temos um relevo acidentado podemos pensar em estratégias como bicicletas elétricas (usadas em Águeda, cidade de Portugal, que também teve palestrantes monstrando seu projeto no ICLEI). Construir abrigo para bicicletas criando redes integrados ao metrô e estações de ônibus. Usar teleféricos, escadas rolantes onde as ladeiras são muito íngremes. Adaptar idéias interessantes à realidade local.
   Peñalosa mostrou como o uso dos espaços públicos pode ser incentivado. Apresentou um vídeo de Bogotá, onde avenidas são fechadas nos domingos para as pessoas passearem, se exercitarem e divertirem com a familia. Atividades coletivas como ginásticas, danças, atrações musicais, jogos e outras são promovidas pela prefeitura. A diversão é democratizada. O incentivo ao uso da bicicleta , da caminhada e das atividades fisicas são um investimento em prevençao da saúde pública, uma vez que diminui os índices de obesidade, hipertensao e ansiedade cada vez mais constantes em todas as sociedades.
   A reestruturação dos espaços públicos visando seu uso coletivo é também uma forma de realizar educação ambiental, pois os usuários passam a ter uma melhor percepção do espaço público, a vê-lo como um bem comum. Assim passa a cuidar dele. Melhora portanto também a questao da segurança e a manutençao desses espaços. Diz que se em 24 horas os itens depredados forem consertados, a chance de voltarem a ser destruídos se torna menor.
   Outro ponto importante para a qualidade de vida nas cidades é a água. Um exemplo citado sempre que se fala em qualidade ambiental de meios urbanos é de Seul, na Coréia do Sul, onde ocorreu a desconstrução das estradas sobre o Rio Cheonggyecheon e sua restauração. O prefeito Lee Myung-bak precisou audácia para enfrentar as resistência, mas as mudanças acabaram por trazer impacto econômico positivo para a cidade, pois as pessoas passaram a usar o local para lazer e a usufruir mais do comércio.
   O debate interessado de governantes trocando reais experiências e boas idéias para a construção de realidades locais baseadas na qualidade de vida das pessoas e da preserção ambiental é em certa medida reconfortante, pois mostra que existe uma vontade, ainda de poucos, mas uma vontade de fazer diferente. Claro, nossa ansiedade sempre pede mais, mais ação, maior urgência. Mas vamos caminhando, ainda como formigas, tentando um pouco mais a cada dia e sonhando em um dia com passos de elefante.

  
Débora Crispim Soares, Geógrafa - Técnica em Planejamento Urbano e Ambiental da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Fontes:

http://www.iclei.org/index.php?id=global-themes
http://www.cm-agueda.pt/beagueda
http://www.8-80cities.org/
http://www.ecomobility.org/
http://www.istoe.com.br/reportagens/14228_QUAL+O+SEU+INDICE+DE+FELICIDADE+
http://www.aedb.br/seget/artigos08/323_Indice%20de%20Felicidade%20Interna_SEGeT.pdf
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,indice-vai-medir-felicidade-do-brasileiro,107243,0.htm


sexta-feira, 29 de junho de 2012

CADA BRASILEIRO CONSOME 5 Kg DE AGROTÓXICOS POR ANO

 

Que fazer diante a contaminação química da população brasileira ?


   Um estudo apresentado na Cúpula dos Povos – nos eventos paralelos a Rio + 20 pela médica sanitarista Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aponta a gravidade da contaminação química da população brasileira.
   A venda de agrotóxicos no Brasil em 2010 teve um aumento de 190% em comparação a 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de cinco quilos de venenos agrícolas por ano. Os dados fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
   Ela credita o aumento na venda dos agrotóxicos ao bom momento do mercado agrícola, puxado principalmente por uma forte demanda chinesa. O produto que mais recebe venenos é a soja transgênica, que precisa do glifosato para produzir, em um tipo de “venda casada”, explicou a pesquisadora.
   “Este ano a Abrasco decidiu construir um dossiê sobre o tema do agrotóxico e os impactos na saúde e no meio ambiente. O trabalho marca os 40 anos de Estocolmo [primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente], os 20 anos da Eco92 e os 50 anos do lançamento do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson.”
   Segundo a médica, o uso de agrotóxicos no Brasil faz parte do modelo produtivo adotado na agricultura nacional.
   “Este modelo da agroindústria é todo sustentado no pacote da revolução verde, que é baseada em uma agricultura químico-dependente. O agrotóxico é parte desse modelo. Por causa disso, desde 2008 o Brasil ocupa o primeiro lugar no consumo de agrotóxicos, segundo dados levantados pela Abrasco na Anvisa.”

sexta-feira, 22 de junho de 2012

JORNAL OECOAMBIENTAL NA RIO + 20 E CÚPULA DOS POVOS

Rio+20 continua até domingo no Parque dos Atletas

 
CNO Rio+20
Evento é gratuito e aberto ao público em geral
A Rio+20 termina hoje, mas o Parque dos Atletas vai funcionar até domingo, 24 de junho. Quem quiser saber mais sobre desenvolvimento sustentável de maneira divertida, inovadora e interativa tem um grande leque de opções nos 44 pavilhões do Parque dos Atletas, um dos espaços da Rio+20.

No local, há exposições de 31 países, 16 empresas, 17 estados e 18 cidades brasileiras, 18 Agências do Sistema ONU, órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e 15 Organizações Governamentais nacionais e internacionais.

As atividades destinam-se a adultos e crianças. A diversão é garantida no espaço da Eletrobrás e de Furnas, em que se experimentam diversas formas de geração limpa e renovável de energia. No simulador 5D, o visitante recebe informação por estímulos a todos os sentidos e se diverte com alguns pequenos sustos ao receber respingos de água e rajadas de vento.

Outra opção interessante é jogar o Rio Forward +50, game lançado no Pavilhão do PNUMA. Pelo jogo, o visitante decide como será o Rio daqui a 50 anos. O game trata de mudanças do clima e do desenvolvimento sustentável de maneira geral, mobilizando os cidadãos de forma lúdica para a discussão de temas relacionados à economia e à governança. O jogo mostra como as ações têm efeito no meio ambiente e incentiva a tomada de decisões de forma coletiva e consciente.

Uma maquete inteligente no Pavilhão do Qatar simula as mudanças climáticas em um bairro central da capital do país, Doha, que está sendo revitalizada. Inteligente também é a produção de móveis feita a partir do plástico, no espaço da Braskem. Uma Usina de Reciclagem foi criada no local para mostrar aos visitantes como é produzida a madeira de plástico e a montagem de móveis nesse material.

O carro elétrico dos Correios e toda a linha de produção de bolsas e almofadas confeccionadas a partir da reciclagem dos malotes dos carteiros chamam a atenção do público. O ônibus híbrido de hidrogênio, com tração elétrica e tecnologia brasileira desenvolvida em parceria com a Coppe/UFRJ, convida o público a passear no Riocentro.

Alimentação saudável é outro tema do evento, apresentado em livro sobre culinária vegana orgânica. Para os deficientes visuais, são apresentadas publicações importantes em Braille, como a Constituição do Brasil.

Especial fim de semana

Uma atração especial foi programada para o fim de semana. Trata-se da exibição do filme "O paraíso perdido da África" no Pavilhão Rio Convention. O filme apresenta o projeto de restauração do Parque Gorongosa, área de 4 mil km² na região central de Moçambique. O local é conhecido como aquele em que Noé deixou a sua arca, pela riqueza de sua fauna.

O Parque dos Atletas funcionará no fim de semana, dias 23 e 24 de junho, das 10h às 20h. A entrada é gratuita e o acesso é livre. O visitante que for de carro pode estacionar o veículo no Autódromo de Jacarepaguá e do local pegar um ônibus até o Parque dos Atletas. Ambos gratuitos.

O Parque dos Atletas fica na Av. Salvador Allende, s/n°, Barra da Tijuca, e funciona neste sábado e domingo das 10h ÀS 20h.

JORNAL OECOAMBIENTAL NA CÚPULA DOS POVOS E RIO + 20

Assembléia define soluções dos povos para crise global


   No âmbito dos Direitos (por justiça social e ambiental), que corresponde à Plenária 1, ficou acordado que para garantir esses direitos é preciso, dentre outras medidas, fortalecer os direitos humanos e mudar as políticas públicas, o sistema de produção capitalista que domina, oprime e promove o etnocídio das culturas populares.
  Em relação à defesa dos bens comuns e à mercantilização da vida (Plenária 2), acordou-se que, para ter direito à terra e ao território, é preciso haver uma regulamentação fundiária. E a Cartografia Social, segundo as organizações participantes, é um instrumento para atingir esse objetivo. É preciso que haja políticas públicas destinadas a estruturar essas mudanças e financiar projetos socioambientais para as comunidades.
   A soberania alimentar, defendida na Plenária 3, determinou que, para obtê-la, é necessário fortalecer o pequeno agricultor, o camponês e o indígena. É preciso controlar o uso de agrotóxitos em escala industrial e fortalecer o ideário da agroecologia.
  Em relação a energia e às indústrias extrativas, assunto da Plenária 4, ficou acordado que as energias renováveis e de controle descentralizado são a saída para a crise energética mundial. É preciso ainda que as organizações que poluem e causam impactos ambientais negativos sejam adequadamente punidas.
  Sobre o trabalho, debatido na Plenária 5, ficou decidido que a reforma agrária, a abolição do agronegócio e a negação à mercantilização da natureza são medidas importantes para regulamentar e humanizar o trabalho. A punição para a violação de direitos trabalhistas também é um dos temas defendidos pelas organizações participantes da Cúpula dos Povos.

Objetivo atingido

  Em entrevista à redação da Cúpula, Rosilene Wansetto, membro do Grupo Articulador, disse que a Assembleia retratou exatamente o que aconteceu durante as plenárias dos dias 17 e 18. “Essas plenárias foram um espaço importante para convergência de várias lutas. Os movimentos e organizações puderam apresentar as causas e as soluções para a crise”, explica. Para Rosilene, foi um momento de construção coletiva. “Foi possível perceber a cara dos movimentos ali presentes”, reforça.
  Durante a Assembleia, várias apresentações culturais e intervenções aconteceram. O momento mais marcante foi quando uma dupla americana cantou “Get up, stand up”, do cantor jamaicano Bob Marley, em homenagem à luta diária dos militantes e interessados ali presentes. Confira o vídeo:

Leia os documentos elaborados nas Plenárias de Convergência que foram apresentados na segunda Assembleia dos Povos: Nossas Soluções.