quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES 2014 E A SUSTENTABILIDADE



EDITORIAL

    O século XXI tem uma especificidade de integrar a questão ambiental às esferas: política, econômica, social, cultural (socioambiental).
    No cenário político os problemas ligados a natureza, em grande parte, ainda compreendidos na perspectiva do século XX, estão nas manchetes da mídia através da escassez de água. O meio ambiente tomado como natureza, é protagonista no cenário político das eleições 2014. Muito porque as chuvas esperadas ainda não acontecem na intensidade que seria necessário para modificar o cenário da influência da água nas eleições.
  Ocorre que mesmo não havendo uma explicitação nas campanhas eleitorais de que hoje no século XXI o ser humano é parte integrante do meio ambiente e a ação humana modifica as condições socioambientais da população e de todo meio ambiente a influência das condições socioambientais que hoje o Brasil enfrenta pode explicar muito sobre este segundo turno.
   A água ou a falta de água em um País considerado uma potência hídrica no mundo é sinal agravante dos conflitos socioambientais. Seja por má gestão de governos, seja pelas mudanças climáticas, e/ou aquecimento global a importância de se buscar solução aos problemas ambientais é um desafio para qualquer futuro Governo no Brasil e no mundo.
    As campanhas onde se arrecadam tanto dinheiro para a disputa do melhor marketing, onde a mídia, as pesquisas possuem um papel político cada dia maiores reduzem os seres humanos quase que a meros espectores do jogo midiático eleitoral.  A escassez de água está questionando o discurso distante das candidaturas dos problemas socioambientais que não serão resolvidos apenas por um partido ou por candidaturas, mas por uma conscientização da sociedade civil, dos governos, das empresas sobre a urgência da construção da sustentabilidade.
   Do ponto de vista da sustentabilidade de valorização da pessoa humana o debate dos presidenciáveis deveria focar as questões cruciais que afligem a qualidade de vida da maioria da população brasileira, quais sejam: como distribuir renda (o salário mínimo de setembro de 2014 vigentes: R$ 724,00 - o salário mínimo necessário neste mesmo mês para uma família sobreviver com dignidade mínima, como prevê a Constituição, deveria ser R$ 2.862,73) – mais de 70% da população recebe de zero a três salários mínimos vigentes, ou seja, a maioria do povo brasileiro precisa trabalhar muito mais para buscar sobreviver e cuidar de sua família; trabalhar mais significa maior desgaste de energia, saúde; sendo que o sistema público de saúde no Brasil ainda é desumanizante; trabalhando muito mais em grande parte das famílias, jovens trabalham e estudam ainda em condições precárias; professores continuam sendo mal remunerados; a evasão das escolas públicas é crescente; esta classe trabalhadora, cobiçada nas campanhas eleitorais ainda sofre com o péssimo transporte público; o BRT - MOVE instalado em BH como obras para a “copa” oferecem a população ônibus lotados, só que agora com “ar condicionado”; uma solução paliativa que não resolve o problema da mobilidade urbana. Cidades congestionadas de automóveis, ônibus lotados e os seres humanos oprimidos. Em termos de moradia uma grande preocupação é com o êxodo rural. A população rural no Brasil está decrescendo e as cidades cada vez mais agregando inúmeros conflitos socioambientais; a produção de alimentos com agrotóxicos e químicos comprometem a qualidade de vida.
   Este Brasil real das soluções dos problemas ligados as condições socioambientais da maioria da população brasileira não se vê nos debates televisivos. A política é o grande instrumento que pode tanto produzir miséria, fome, opressão ou uma população sadia, com qualidade de vida saudável para todos.  O que se vê nas ruas são pessoas dizendo como estão estressadas com o nível das campanhas eleitorais.  A sociedade insustentável produz campanhas eleitorais insustentáveis do ponto de vista qualitativo.
  A oportunidade de se aproveitar o horário eleitoral de propaganda dos partidos e candidatos para educar, instruir e elevar a cultura política do povo brasileiro acaba sendo transformado em um mero duelo de marketing, onde o poder econômico dita às regras dos “vencedores”. 
   A contribuição da educação socioambiental para a sociedade brasileira evoluir em qualidade de vida, precisa vencer as pesquisas meramente qualitativas.  A sustentabilidade está diretamente relacionada a metodologias qualitativas que vão muito além de meras estatísticas apresentada pelos candidatos. Uma questão que passa longe é: o que falta ser feito diante este quadro de péssima distribuição de riquezas no Brasil.
   A paternidade ou maternidade do lumpem proletariado nunca foi tão disputado.  Para o Brasil, onde o ouro e os recursos naturais pagaram dívidas externas de outros Países como Portugal, que através de nossa matéria prima, dos minérios das Minas Gerais, continua impulsionando economias externas, ver o povo brasileiro reduzido a “bolsas – famílias, cultura, educação”, demonstram apenas a gravidade da opressão da maioria de nós brasileiros.  A pobreza do Brasil é disputada pelas candidaturas  e a riqueza continua sendo para poucos. Seria estas eleições uma vitória do “social liberalismo” onde o marketing eleitoral determina o resultado das urnas ?
    O que se espera das eleições é que possamos valorizar mais a nós brasileiros. Elevarmos mais o significado de se fazer política.  O que nos preocupa é que a juventude não veja a política apenas como um show de marketing e sim como um dos mais nobres espaços para se promover a justiça socioambiental.  A política se faz também como sociedade civil, nos partidos, mas não apenas nos partidos, política se faz no dia a dia, no questionamento de nossos deveres e direitos como no Artigo 225 da Constituição que trata do meio ambiente. A mobilização da sociedade civil continua cada vez mais protagonista e decisiva para implantarmos a sustentabilidade.
     Despoluir um rio como o Tietê ou uma Lagoa como a da Pampulha em BH é o mesmo desafio para se despoluir a política nacional. Os rios, lagos, cursos d’água estão poluídos e falta água, é o reflexo da poluição da própria sociedade. As propagandas eleitorais levam a população ao stress, a ausência de sintonia com as aspirações da maioria da população. Se estamos reduzidos a telespectores da mídia eleitoral, do marketing e das pesquisas qualitativas é reflexo do nível da opressão de cultura política que o Brasil vive.

   Nós acreditamos no Brasil e na sustentabilidade porque sabemos que o caminho do diálogo ainda é melhor que o bélico. Ou o Brasil e o mundo constroem a sustentabilidade, uma relação mais harmônica dos seres humanos entre si e com todo meio ambiente, ou a promoção de guerras continuará destruindo nossa espécie e todo meio ambiente. A natureza está questionando esta insustentabilidade e alterando a qualidade de vida das sociedades.  O Brasil por abrigar a Amazônia, uma biodiversidade das mais ricas e fundamentais para nossa espécie humana,  e uma população multicultural e étnica, é capaz de evoluir para a construção de uma sociedade sustentável. Podemos nos valorizar muito mais como seres humanos, enfrentando os conflitos socioambientais com sabedoria. O Brasil pode contribuir de forma decisiva para que o mundo encontre o caminho do diálogo, da paz e da sustentabilidade. Este modelo de sustentabilidade não  precisamos importar dos Países do norte porque os melhores recursos naturais estão aqui e a possibilidade de País megadiverso tem nossa identidade brasileira. Um ponto de partida para este caminho é o Brasil valorizar mais o povo brasileiro nossa identidade brasileira. Nossa diversidade étnica é uma possibilidade de diálogo com o mundo para um século XXI sustentável.  Para isto é preciso que a democracia política seja sinômino de democracia econômica, cultural, étnica, socioambiental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário