terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O ACORDO DA COP 21













 EDITORIAL


    A COP 21 fechou em 12 de dezembro de 2015, um novo acordo climático entre 195 países membros da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia.
   Há um compromisso de participação de todos os países: não só os desenvolvidos, mas também os em desenvolvimento, sendo que o acordo entrará em vigor a partir de 2020. O acordo faz referência a se conter o aquecimento global abaixo dos 2 ºC (limite considerado pela comunidade científica para evitar efeitos irreversíveis de degradação socioambiental no mundo) – a meta acordada faz referência a  1,5º C , sendo que o acordo será revisto a cada cinco anos, para se avaliar o cumprimento das medidas adotadas pelos países.  Foi divulgado que os países desenvolvidos irão bancar US$100 bilhões por ano em medidas de combate as mudanças do clima e adaptações em países em desenvolvimento.
    Uma questão que é decisiva para a implementação de medidas de contenção das mudanças climáticas é a participação da sociedade civil.  Esta participação foi restringida após os conflitos em Paris. Este fato prejudicou em muito a transparência que este acordo climático poderia alcançar em todo o mundo.   As propostas veiculadas pela grande mídia no início da COP 21 de que seriam  “acordos vinculantes”, com força de lei internacional para o cumprimento,  ficaram restritas a apenas alguns itens do documento.  Mesmo as regras de como e onde serão investidos os  US$100 bilhões carecem de transparência.
   Diante o agravamento da crise socioambiental no mundo, onde os mais pobres continuam sofrendo as mais graves consequências de economias que se organizam  a partir dos combustíveis fósseis,  aguardar até 2020 já é uma preocupação. Por que esperar pelo amanhã se podemos desde já agir pela valorização da pessoa humana e de todo meio ambiente ?
   O agir local e pensar global, continua sendo pouco respeitado  pelos governos que se fecham em acordos com medidas de implementação vagas, onde os bilhões de recursos  são anunciados.  Como serão revertidos  ?  Várias são as interrogações.
    O que não se vê é o apoio de precaução de forma eficaz as comunidades locais que estão procurando se defender de tantos problemas socioambientais que aflige a nossa espécie humana. Projetos locais  são apresentados  pelas comunidades e caem no esquecimento e no vazio. Ou será que a sociedade civil já não vinha alertando sobre o perigo da mineração predatória, ou pela concentração de riquezas em poucas famílias, enquanto bilhões de seres humanos continuam migrando, sofrendo com a miséria, as consequências de falta d’água, das guerras e das  mudanças bruscas no clima em todo mundo.
   Sobre os problemas socioambientais, já conhecemos o que a grande mídia privilegia. Grandes manchetes  sejam nas ditas “catástrofes” ambientais já anunciadas ou nos mega eventos ambientais que o mundo vem protagonizando.  A sociedade civil deve continuar sua jornada se mobilizando, construindo caminhos de baixo para cima, onde os seres humanos sejam de fato respeitados e a informação socioambiental,  que salva vidas,  seja disponibilizada para todas as pessoas, independentemente de classe social.

   Diz-se que as questões ambientais são complexas. A cada Conferência do Clima,  cria-se um novo patamar de discurso que podemos chamar de “ambientalês” (  dados técnicos e científicos) que fundamentam palavras e acordos. O acesso a estes conteúdos continuam restritos a poucos.  Na prática fica um vazio sobre a urgência que as ações devem contemplar, pois as palavras da COP 21 ainda estarão aguardando 2020.  Estarão aguardando os mercados. Fica  a pergunta: e nós seres humanos ? E todo o meio ambiente  ? O sofrimento causado pela ação predatória da insustentabilidade das sociedades é cada dia mais grave. Como dizer a quem sofre: espere até 2020, ou 2030... ? O  que sabemos  ainda é que se excluem bilhões de seres humanos, nossa espécie, a uma vida digna, saudável, com qualidade de vida e meio ambiente saudável -  hoje, agora. Melhor é ser solidário desde ontem. Esta lição à população brasileira demonstrou com a população de Mariana e do  Vale do Rio Doce. Fica nosso convite: que sejamos solidários a cada instante.    Enquanto se discute quanto de agrotóxico existe nas verduras e frutas que compramos, vamos plantar e consumir alimentos orgânicos.  Ensine seus filhos a plantar alimentos saudáveis.  Assim nos sentiremos mais humanos e saberemos que existem caminhos hoje para construirmos juntos sociedades sustentáveis. 

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