Conferência sobre Mudança Climática de Sharm el-Sheikh - novembro de 2022 6–18 de novembro de 2022 | Sharm El-Sheikh, Egito
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanç
a do
Clima – UNFCCC
Como o secretário-geral da ONU, António Guterres, observou
recentemente na Assembleia Geral da ONU, o mundo está repleto
de turbulência. A primeira metade de 2022 foi marcada por
extremos climáticos: países ao redor do mundo viram
ondas de calor devastadoras um terço do Paquistão foi submerso
por inundações. A guerra da Rússia contra a Ucrânia desdobrou uma
enorme crise geopolítica e levou a efeitos devastadores, como convulsões
nos mercados de energia e aumentos dramáticos de preços de
alimentos e commodities.
É nesse contexto tenso que as partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) se reunirão
em novembro para outra rodada de negociações climáticas,
que muitos esperam ser bastante desafiadoras.
As Partes têm uma série de questões importantes a serem
abordadas nesta reunião. Este não é apenas o caso porque
a reunião efetivamente realizará cinco fluxos de negociações
amplamente simultâneos -
relacionados à Convenção, seu Órgão Subsidiário de
Implementação (SBI), seu Órgão Subsidiário de Aconselhamento
Científico e Técnico (SBSTA), bem como o Comitê de Kyoto
Protocolo e o Acordo de Paris - mas também porque as listas
de questões sob cada um desses órgãos são longas.
Existem vários tipos de pontos na ordem do dia dos respectivos
órgãos: pontos permanentes e recorrentes; questões transitadas
de reuniões anteriores por falta de acordo; questões relativamente
novas que estão em seu momento principal de negociação; e itens
que as coalizões de países sugeriram para inclusão no topo desta
lista existente. Várias questões de transição estão relacionadas
ao Acordo de Paris, com um exemplo proeminente sendo
as modalidades para as abordagens cooperativas previstas
no Artigo 6 do Acordo de Paris. Entre as questões
mais recentes estão o programa de trabalho para aumentar
urgentemente a ambição e implementação de mitigação
e o programa de trabalho Glasgow-Sharm el-Sheikh sobre
a meta global de adaptação.
A questão mais controversa é o financiamento para perdas e danos
(impactos das mudanças climáticas que vão além do que pode ser
adaptado). Os países em desenvolvimento são inflexíveis quanto à
necessidade de abordar isso na COP 27 e contam com amplo apoio
de organizações da sociedade civil. O secretário-geral Guterres também
está pedindo progresso e sugeriu que as economias desenvolvidas
tributem os lucros inesperados das empresas de combustíveis fósseis
e redirecionem esses fundos para países que sofrem perdas e danos e
para pessoas que lutam com o aumento dos preços de alimentos e energia.
Ainda não se sabe se o financiamento para perdas e danos entrará na
agenda – isso é algo que as partes decidirão na abertura da reunião –
mas já está dominando as discussões até a COP 27.
Alguns países propuseram outra questão financeira complicada para
inclusão na agenda: tornar os fluxos financeiros consistentes com um
caminho para baixas emissões de gases de efeito estufa e desenvolvimento
resiliente ao clima (Artigo 2.1c do Acordo de Paris). A ideia aqui é que
o trabalho de todos os atores financeiros – incluindo ministérios de
finanças, bancos comerciais, fundos de pensão e bancos multilaterais
de desenvolvimento – esteja alinhado com os objetivos do Acordo de
Paris, o que está longe de ser o caso hoje.
Outras questões financeiras também dominarão a reunião: há a questão
persistente sobre se os países desenvolvidos estão finalmente cumprindo
seu compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões em financiamento
climático por ano – um número que deveriam atingir em 2020 – e se
eles estão se tornando realidade no objetivo de dobrar o financiamento
da adaptação. Essas discussões, por sua vez, informarão as negociações
sobre a definição de uma meta de financiamento climático coletivo pós-
2025.
Outra questão mais ampla é como a COP 27 se sairá ao abordar as
preocupações de seu continente anfitrião, seja em termos da
consideração proposta das necessidades e circunstâncias especiais da
África, questões substantivas como adaptação ou possíveis restrições
de participação devido aos preços dos hotéis na cidade-sede da
conferência. Fonte: (IISD)
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