Editorial
REAJA A VIOLÊNCIA AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO – SALVE VIDAS
Diz a sabedoria divina que a "Palavra" é Deus. Para quem não acredita em Deus a "Palavra" pode significar amor. Sinônimo de valor a existência dos seres humanos. Amor à vida. A valorização das vidas humanas perdidas em meio à sociedade pós-industrial que privilegia, faz manchete e propaganda do consumo pelo consumo. Dita assim a palavra pode ser utilizada por nós humanos como uma força, um instrumento de valorização das melhores energias vitais que dispomos em nosso organismo físico e de valorização da natureza. Contudo, por atitudes humanas, as palavras estão hoje retratando a dor e o sofrimento de milhares de seres humanos no Brasil, na Austrália, Haiti, em várias comunidades espalhadas por nosso país e pelo mundo que sofrem com a violência ambiental, com os conflitos socioambientais. Essa dor e sofrimento que são de décadas, séculos, estão se agravando a cada dia pela agressão dos seres humanos a sua própria espécie e ao meio ambiente, com o aquecimento global.
Sem dúvida alguma estes dias de janeiro no Brasil de Teresópolis, Petrópolis, da região serrana do Rio, das enchentes e degradação socioambiental, já anunciadas e previstas são mais um retrato do descaso dos próprios seres humanos com sua espécie. Mesmo após os avisos de Angra dos Reis ano passado não foram suficientes para salvar as vidas hoje reclamadas pela população brasileira.
Cada vida humana que sobrevive aos conflitos socioambientais pode salvar outras vidas. E salvar vidas significa não esperar as TVs, os governos, que desgovernam, mentirem sobre a verdade das causas sobre o que está acontecendo no Brasil e em todo mundo.
Aqui no Brasil o desmatamento da Amazônia intensifica as chuvas no país. A informação socioambiental que salva vidas não chega à população e quando chega aos governos não se retiram às pessoas das áreas de risco. Assim como quando ocorreu o Tsunami na Indonésia as informações sobre o risco do que aconteceria agora no Rio, chegaram ao poder público local. A defesa das vidas humanas não está sendo priorizada. O que resta agora é a sociedade civil se organizar cada dia mais. Unir-se em cooperação. Mobilizarmos cada vez mais pessoas e instituições para vencermos essa crise.
Sem distribuir renda o país condena os mais empobrecidos a uma vida em risco crescente. Enquanto o poder legislativo e executivo aumenta seus salários a maioria da população brasileira continua empobrecida, sem um mínimo de renda que dê sustentabilidade aos pais, mães, as famílias brasileiras. A falta de saneamento básico, educação de qualidade que poderia intensificar a educação ambiental da população ( péssimos salários dos professores), as péssimas condições de moradia de grande parte da população que vem habitando regiões onde o aquecimento global, expõe as feridas da insustentabilidade deste modo de produção de sociedade, como agora na região serrana do Rio, sul de Minas, São Paulo. As péssimas condições de atendimento a saúde pública agravam-se com situações como agora na região serrana do Rio de Janeiro. Esses são alguns dados sobre a crise socioambiental. Análises das mais diversas podemos fazer sobre a alienação dos seres humanos que concentram renda, consumo, intensificam o racismo ambiental que atenta contra a sobrevivência da espécie humana.
Quadro mais agravante é que com o aquecimento global a baixada fluminense, como várias regiões no Brasil e no mundo deverão ser inundadas, mantendo-se o aquecimento global que aí está. Sabemos que milhões de pessoas devem ser retiradas dessas áreas. A pergunta é como fazer isso se informações socioambientais que salvam vidas são relegadas a segundo plano ? Não há prioridade política de governos em agirem na solução da crise socioambiental no Brasil e no mundo. As ações políticas populistas, as ações burocráticas dos governos expõem uma ineficiência crescente para que os seres humanos consigam sobreviver.
Ver o que acontece na região serrana do Rio de Janeiro é como rever o trágico acontecimento dos Tsunami na Indonésia. A Terra vem dando seu grito de basta. A agressão e violência com que os humanos agem sobre a Terra retornam aos humanos.
O risco maior é que o modelo insustentável de produção de sociedade continua. Construirmos uma sociedade sustentável significa fortalecer a sociedade civil. Democratizar informações socioambientais que fortaleçam as ações em defesa da vida e da sobrevivência dos seres humanos. Agir pela cooperação em defesa da vida faz a diferença. Que você possa como ser humano, como cidadão e cidadã, como uma espécie dentre tantas na Terra, tomar atitudes em defesa da causa número um dos humanos: valorizar e defender a vida. A luta dos seres humanos agora em diante no século XXI não é apenas viver é lutar para sobreviver. Aja, organize-se, implante ações, projetos sustentáveis. Não espere apenas de governos atitudes. Valorizar a vida é sobreviver como espécie humana.
Para quem duvida que há séculos os seres humanos estão sendo avisados da gravidade da violência socioambiental atual, pedimos licença aos povos indígenas para transcrevermos as sábias palavras que podem salvar vidas do Chefe Indígena Seatle de 1854:
“ Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.”