EDITORIAL
A COP 21 fechou em 12 de dezembro de 2015, um novo acordo climático entre 195 países membros da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia.
Há um compromisso de participação de todos
os países: não só os desenvolvidos, mas também os em desenvolvimento, sendo que
o acordo entrará em vigor a partir de 2020. O acordo faz referência a se conter
o aquecimento global abaixo dos 2 ºC (limite considerado pela comunidade
científica para evitar efeitos irreversíveis de degradação socioambiental no
mundo) – a meta acordada faz referência a
1,5º C , sendo que o acordo será revisto a cada cinco anos, para se
avaliar o cumprimento das medidas adotadas pelos países. Foi divulgado que os países desenvolvidos
irão bancar US$100 bilhões por ano em medidas de combate as mudanças do clima e
adaptações em países em desenvolvimento.
Uma
questão que é decisiva para a implementação de medidas de contenção das
mudanças climáticas é a participação da sociedade civil. Esta participação foi restringida após os conflitos em Paris. Este fato prejudicou em muito a transparência que este
acordo climático poderia alcançar em todo o mundo. As
propostas veiculadas pela grande mídia no início da COP 21 de que seriam “acordos vinculantes”, com força de lei
internacional para o cumprimento, ficaram restritas a apenas alguns itens do
documento. Mesmo as regras de como e
onde serão investidos os US$100 bilhões
carecem de transparência.
Diante o agravamento da crise socioambiental
no mundo, onde os mais pobres continuam sofrendo as mais graves consequências
de economias que se organizam a partir dos
combustíveis fósseis, aguardar até 2020 já é uma preocupação. Por que esperar pelo amanhã se podemos desde já agir pela valorização da pessoa humana e de todo meio ambiente ?
O agir local e pensar global, continua sendo
pouco respeitado pelos governos que se
fecham em acordos com medidas de implementação vagas, onde os bilhões de
recursos são anunciados. Como serão revertidos ?
Várias são as interrogações.
O que
não se vê é o apoio de precaução de forma eficaz as comunidades locais que
estão procurando se defender de tantos problemas socioambientais que aflige a
nossa espécie humana. Projetos locais são apresentados pelas comunidades e caem no esquecimento e no
vazio. Ou será que a sociedade civil já não vinha alertando sobre o perigo da
mineração predatória, ou pela concentração de riquezas em poucas famílias,
enquanto bilhões de seres humanos continuam migrando, sofrendo com a miséria, as consequências
de falta d’água, das guerras e das mudanças bruscas no clima em todo mundo.
Sobre os problemas socioambientais, já
conhecemos o que a grande mídia privilegia. Grandes manchetes sejam nas ditas “catástrofes” ambientais já anunciadas ou nos mega eventos ambientais que o mundo vem protagonizando. A sociedade civil deve continuar sua jornada
se mobilizando, construindo caminhos de baixo para cima, onde os seres humanos
sejam de fato respeitados e a informação socioambiental, que salva vidas, seja disponibilizada para todas as pessoas,
independentemente de classe social.
Diz-se que as questões ambientais são complexas.
A cada Conferência do Clima, cria-se um novo patamar de discurso que podemos chamar de “ambientalês” ( dados técnicos e científicos) que fundamentam
palavras e acordos. O acesso a estes conteúdos continuam restritos a
poucos. Na prática fica um vazio sobre a
urgência que as ações devem contemplar, pois as palavras da COP 21 ainda
estarão aguardando 2020. Estarão aguardando
os mercados. Fica a pergunta: e nós
seres humanos ? E todo o meio ambiente ?
O sofrimento causado pela ação predatória da insustentabilidade das sociedades
é cada dia mais grave. Como dizer a quem sofre: espere até 2020, ou 2030... ? O
que sabemos ainda é que se excluem bilhões de seres
humanos, nossa espécie, a uma vida digna, saudável, com qualidade de vida e
meio ambiente saudável - hoje, agora. Melhor
é ser solidário desde ontem. Esta lição à população brasileira demonstrou com a
população de Mariana e do Vale do Rio
Doce. Fica nosso convite: que sejamos solidários a cada instante. Enquanto se
discute quanto de agrotóxico existe nas verduras e frutas que compramos, vamos
plantar e consumir alimentos orgânicos. Ensine
seus filhos a plantar alimentos saudáveis. Assim nos sentiremos mais humanos e saberemos
que existem caminhos hoje para construirmos juntos sociedades sustentáveis.