terça-feira, 28 de junho de 2016

MOVIMENTO EM DEFESA DA MATA DO PLANALTO - BH

Vista aérea da Mata do Planalto - BH - Foto: divulgação

  Participar dos movimentos  socioambientais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e meio ambiente de nossa cidade,  do Brasil e do mundo, significa conectar cada ser humano com nossa essência humana que tem origem nos recursos naturais da Terra.
   Em Belo Horizonte, como no Brasil,  estes movimentos se multiplicam trazendo como bandeiras de luta a conquista de melhor qualidade de vida e meio ambiente saudável para todos.   O movimento em defesa da Mata do Planalto em BH é um exemplo desta luta para que nossa cidade, que já foi chamada “cidade jardim”, perceba os recursos humanos e socioambientais de nossa comunidade.
  O movimento da Mata do Planalto luta pela defesa de mais de vinte nascentes e uma área de quase 200 mil metros quadrados,  sendo um dos últimos remanescentes de vegetação da Mata Atlântica (1)  de Belo Horizonte. Você que reside em BH/MG,  participe desta luta. Divulgue nas redes sociais, aos seus amigos, sua rede de contatos.  Pela valorização da pessoa humana e do meio ambiente do qual  todos fazemos parte.
Maiores detalhes do Movimento em Defesa da Mata do Planalto: 
No Facebook: Salve a Mata do Planato 

(1)

Mata Atlântica

   A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de altitude, que se estendiam originalmente por aproximadamente 1.300.000 km2 em 17 estados do território brasileiro. Hoje os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca de 22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 7% estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares. Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Essa riqueza é maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa) e por isso a região da Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. Em relação à fauna, os levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.
  Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, tem importância vital para aproximadamente 120 milhões de brasileiros que vivem em seu domínio, onde são gerados aproximadamente 70% do PIB brasileiro, prestando importantíssimos serviços ambientais. Regula o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram à fertilidade do solo, suas paisagens oferecem belezas cênicas, controla o equilíbrio climático e protege escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso. Neste contexto, as áreas protegidas, como as Unidades de Conservação e as Terras Indígenas, são fundamentais para a manutenção de amostras representativas e viáveis da diversidade biológica e cultural da Mata Atlântica.
  A cobertura de áreas protegidas na Mata Atlântica avançou expressivamente ao longo dos últimos anos, com a contribuição dos governos federais, estaduais e mais recentemente dos governos municipais e iniciativa privada. No entanto, a maior parte dos remanescentes de vegetação nativa ainda permanece sem proteção. Assim, além do investimento na ampliação e consolidação da rede de áreas protegidas, as estratégias para a conservação da biodiversidade visam contemplar também formas inovadoras de incentivos para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, tais como a promoção da recuperação de áreas degradadas e do uso sustentável da vegetação nativa, bem como o incentivo ao pagamento pelos serviços ambientais prestados pela Mata Atlântica. Cabe enfatizar que um importante instrumento para a conservação e recuperação ambiental na Mata Atlântica, foi à aprovação da Lei 11.428, de 2006 e o Decreto 6.660/2008, que regulamentou a referida lei. (FONTE: MMA)

PARQUE NACIONAL SERRA DO GANDARELA


sexta-feira, 10 de junho de 2016

MONITORAMENTO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS DA UNIÃO










OBRIGATORIEDADE DE MONITORAMENTO
DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS DA UNIÃO

  A Agência Nacional de Águas - ANA, define limites a ser observados para obrigatoriedade de monitoramento dos volumes captados e envio da Declaração Anual de Uso de Recursos Hídricos - DAURH, em corpos de água de domínio da União. 

Rio São Francisco
  O usuário de recursos hídricos, localizado no rio São Francisco e de seus reservatórios, região hidrográfica do São Francisco, cujo empreendimento possui soma das vazões máximas instantâneas das captações, autorizadas por meio de uma ou mais outorgas de direito de uso de recursos hídricos, igual ou superior a 2.500 m³/h, deverá realizar o monitoramento dos volumes de captação e enviar a DAURH. O registro dos valores de captação deverá ser realizado conforme o disposto nos incisos I e II do art. 4º da Resolução ANA nº 603, de 2015. 

Rio Paranaíba
  O  usuário de recursos hídricos no rio São Marcos a montante da UEH Batalha, rio Samambaia, córrego do rato e seus reservatórios, da bacia hidrográfica do rio Paranaíba, cujo empreendimento possui soma das vazões máximas instantâneas das captações, autorizadas por meio de uma ou mais outorgas de direito de uso de recursos hídricos, igual ou superior a 380 m³/h, deverá realizar o monitoramento dos volumes de captação e enviar a DAURH. Os valores medidos deverão ser registrados mensalmente pelo usuário e transmitidos à ANA por meio da DAURH do dia 01 a 31 de janeiro do ano subsequente.
  Os usuários de recursos hídricos cujo empreendimento possui soma das vazões máximas instantâneas das captações, autorizadas por meio de uma ou mais outorgas de direito de uso de recursos hídricos,inferior a 380 m³/h, deverão monitorar os volumes captados e a qualquer tempo poderão ser solicitados a enviar a ANA os dados de monitoramento. 

Rio Verde Grande
   Os usuários de recursos hídricos, localizado no rio Verde Grande, da bacia hidrográfica do rio São Francisco, região hidrográfica do São Francisco, cujo empreendimento possui soma das vazões máximas instantâneas das captações, autorizadas por meio de uma ou mais outorgas de direito de uso de recursos hídricos, igual ou superior a 150 m³/h, deverá realizar o monitoramento dos volumes de captação e enviar a DAURH. Os valores medidos deverão ser registrados mensalmente pelo usuário e transmitidos à ANA por meio da DAURH do dia 01 a 31 de janeiro do ano subsequente. Os usuários de recursos hídricos cujo empreendimento possui soma das vazões máximas instantâneas das captações,inferior a 150 m³/h e superior a 20 m³/h, deverão monitorar os volumes captados e a qualquer tempo poderão ser solicitados enviar a ANA os dados de monitoramento.

O inteiro teor das Resoluções e o Anexo I, bem como as demais informações pertinentes estão disponíveis no site www.ana.gov.br
Resolução Nº 129, de 22-02-2016, rio São Francisco
Resolução Nº 130, de 22-02-2016rio Paranaíba
Resolução Nº 131, de 22-02-2016, rio Verde Grande

OLIMPÍADAS RIO 2016 E MEIO AMBIENTE - ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PELÉ DO VÔLEI





















   MEIO AMBIENTE E OLIMPÍADAS RIO 2016

    Seguindo nosso trabalho de difusão da comunicação socioambiental o Jornal O Ecoambiental vem acompanhando a realização das Olimpíadas, realizando entrevistas, ouvindo a população, atletas,  esportistas, delegações e organizadores das Olimpíadas Rio 2016 sobre como encaram a busca de melhor qualidade de vida e meio ambiente através dos esportes. As Olimpíadas Rio 2016 tem um papel fundamental de valorização da juventude brasileira e da população de forma geral , na busca  de melhor qualidade de vida educação, cultura, esportes e meio ambiente. 
   Neste sentido, o Jornal O Ecoambiental realizou uma entrevista exclusiva com o atleta histórico do vôlei brasileiro, José Francisco Filho, o Pelé do Vôlei como é chamado,  que nos recebeu na Câmara Municipal de Belo Horizonte, contando sua trajetória vitoriosa na vida e no esporte defendendo a Seleção Brasileira de Vôlei

 Pelê do Vôlei com o Minas Tênis Clube  - Foto: Divulgação
                               
J:  Boa noite. José Francisco,  fale um pouco sobre sua história de vida.

José Francisco:   Boa noite. Eu vim de uma família muito simples, com dez irmãos. Perdi meu pai aos cinco anos de idade e minha mãe com onze filhos não teve como criar todos. O que ela fez? Nos colocou na Febem. Fiquei na Febem dos 5 aos 12 anos. Naquela época a Febem formava cidadãos. Saímos da Febem aos 12 anos. Comecei a trabalhar de trocador de ônibus até os 15 para 16. E aos 16 anos eu tive minha oportunidade através do esporte. Comecei a jogar vôlei aos 16 anos e aí o esporte abriu as portas do mundo. Aonde eu comecei no Guaíra, depois no Olímpico, Minas Tênis Clube, Atlético Mineiro e depois voltando para o Minas Tênis Clube, aonde eu fui tricampeão brasileiro, bicampeão sulamericano e sete vezes consecutivas o melhor atacante do Brasil. Voltando atrás, 1975, 76, eu fui o primeiro negro a jogar no Minas Tênis Clube. Então eu tenho muito orgulho de ter passado por muitas barreiras, principalmente no início da carreira. Depois que eu fui bicampeão brasileiro, realmente as portas se abriram aí facilitou bastante. Tive a oportunidade de jogar dois anos na Itália, levei minha família também. Voltando da Itália, abri minha escola de vôlei Pelé, onde eu tenho esta escola há 23 anos. Abri em 1992. Onde eu já formei mais de oito mil crianças e adolescentes através do esporte usando o esporte como inclusão, socialização e integração. É um trabalho que eu já faço há muito tempo. Este projeto meu das minhas escolas eu queria ampliar. Então o único jeito de ampliar com essa visão social era me candidatar a um cargo de vereador. Dessa forma eu daria a oportunidade não só para o voleibol. Hoje como eu sou um parlamentar essa oportunidade nós damos para o vôlei, basquete, futsal, handebol, atletismo, que é um esporte muito pobre. Então essa oportunidade a gente tem dado para estas pessoas menos favorecidas em Belo Horizonte. Eu sei que a pessoa mais simples tem garra, determinação, vontade de vencer, mas falta oportunidade. Aquela oportunidade que eu tive a 40, 35 anos atrás hoje eu tenho o dever e a obrigação de dar essa oportunidade aquelas pessoas mais carentes, através do esporte. Não pensando em ser um grande atleta. Pensando em ser um grande cidadão. Automaticamente você massificando essa oportunidade vai sair um Pelé do Vôlei, Pelé do Futebol, vai sair um Oscar do basquete, uma Hortência do basquete, um Cielo da natação. E assim por diante. Então eu acho que falta essa oportunidade. Pensando na cidadania primeiro. O grande atleta é a conseqüência.

Pelé do Vôlei defendendo a Seleção Brasileira de Vôlei - Foto divulgação

J: Ok, grande história. A realização das Olimpíadas no Brasil. Como você avalia a importância das Olimpíadas no Brasil e para a população brasileira?

José: É um evento muito importante. O maior evento do Planeta que seja no Brasil, mas a única restrição que eu vejo é que deveria haver mais esportes aqui em Belo Horizonte e não só monopolizado só no Rio de Janeiro. Eu acho que os outros estados deveriam ter também a oportunidade de ver de perto os grandes ídolos. As Olimpíadas é uma competição muito importante e difícil. Eu vejo os brasileiros, muitas  pessoas me param na rua e falam: “Pelé, o Brasil ganhou muitas medalhas no Pan-americano agora, nas Olimpíadas vai ser igual ?” Eu falo com eles: “ Vocês podem esquecer que o Panamericano é diferente. O Pan-americano, os países não vem com as equipes principais porque já estão treinando para 2016. Eu acho que além da gente vencer, vamos ganhar medalhas que nós ganhamos naturalmente, mas pode ter certeza que a gente não vai bater o recorde igual o governo está achando. Porque o investimento que o Governo Federal faz hoje, na minha concepção é errado. Porque ele contempla o atleta de alto rendimento. Vou falar: o Lucarelli, o Cielo, outros atletas de alto rendimento, que ganham  bolsa atleta de quinze mil reais. Eles não precisam porque o Lucarelli ganha cento e cinqüenta mil por mês de patrocinador. O Cielo ganha duzentos, então não precisam de dinheiro do governo. Esse dinheiro teria que ser aplicado lá embaixo, nas escolas municipais, estaduais. Em competições escolares, infantis, infanto-juvenil, para que ? Para dar oportunidade para os adolescentes, para que a médio e longo prazo o Brasil cresça em seu quadro de medalhas. Como fez a Grã Bretanha, a China. Eles começaram há planejar 12 anos antes. Então não se faz atleta olímpico em quatro anos. Tem que investir   oito, dez, doze anos, para que a gente possa conseguir alguma coisa.

J: O que significa o esporte para a juventude, para a população?

José: Eu sou exemplo disso. O esporte transformou minha vida. Eu já conversei com o Prefeito, com o Secretário de Esportes.  O dia em que eles tiverem uma visão ampla do esporte será muito bom. É a melhor ferramenta de inclusão social, de socialização. O esporte é a prevenção da pasta da saúde e da educação. Por quê? Para praticar o esporte tem que ter educação. Ter disciplina. Você praticando o esporte praticamente você tem mais disciplina e mais saúde. Automaticamente vai economizar as pastas da saúde e da educação. Esse dinheiro que sobrar na saúde e na educação tem que investir no esporte. Hoje o investimento da secretaria municipal de esporte é ridículo: 16 milhões.  Treze milhões ou doze milhões são para pagar o pessoal e sobram quatro milhões para fazer alguns eventos pontuais que não contempla todo mundo.

J: Você está acompanhando a organização das Olimpíadas. O que você está achando da organização geral das Olimpíadas? No Rio e aqui em BH onde acontecerão alguns jogos de futebol.

José: Vai haver alguns jogos de futebol aqui em BH. A organização eu tenho certeza que vai ser um sucesso. Porque o Brasil tem dinheiro. Está passando dificuldades, mas tem dinheiro. Fizeram um orçamento. Este orçamento já dobrou. Pode ter certeza que vai ser uma das melhores Olimpíadas que já existiu. Em matéria de logística, organização vai ser esta nossa. Mas em compensação em matéria de medalhas, pode ter certeza que nós não vamos bater o recorde.

J: E em termos de legado, pós Olimpíadas o que você acha que poderia ser um bom legado das Olimpíadas no Brasil?

José: Eu acho que o legado vai ser a motivação para os jovens. Os jovens assistirem pela televisão e começarem a praticar esportes. Quanto aos ginásios, à estrutura física, ou acho que vai ser igual em todos outros Países: vai ficar como “elefante branco”. Você viu na África do Sul, quase todos os estádios de vôlei, basquete, estão todos vazios e invadidos pelo povo. Porque não tem como manter. A Vila Olímpica, os apartamentos praticamente já estão todos vendidos, assim que acabar. Mas tem os ginásios de esportes que só para dar manutenção nos ginásios é muito difícil. Então acaba surgindo os “elefantes brancos”.

Pelé no parlamento na Câmara Municipal de BH Foto: divulgação

J: Em relação a este legado, nas escolas, praças públicas. O que você acha que poderia acontecer de melhor. Não só acompanhar as Olimpíadas, mas pós Olimpíadas?

José: Eu acho que durante as Olimpíadas, alguns esportes que alguns atletas que tiveram alguma folga e pudessem ir a algumas escolas municipais, estaduais e os alunos conviverem com aqueles atletas. Eu vejo em minhas palestras que faço em escolas municipais e estaduais e vejo quando eu falo sobre minha história e falo que o esporte me salvou as pessoas já começam a pensar: “poxa, eu também posso ser”. Porque a condição deles hoje é melhor do que foi a minha. Eu acho que quando um ídolo, um atleta de alto rendimento chega junto com a comunidade, eles se motivam mais a praticar um esporte. É a integração juntamente dos atletas de alto rendimento com as escolas municipais e estaduais tem que ter e eu acho que é a única salvação de motivar os meninos. Ter o ídolo do seu lado. Eu até conto uma história em uma das palestras. Eu com 14, 15 anos eu assistia o Japão e Brasil no Minas Tênis, no ginásio antigo do Minas. Eu assistindo o jogo eu mesmo me perguntava: “será que um dia eu vou poder vestir a camisa da seleção brasileira? Eu mesmo me perguntando. E Deus me abençoou e fiz 165 jogos pela seleção brasileira. Eu tinha tudo para não ser um grande atleta: pobre, negro, não tinha condição nenhuma. O caminho das drogas era mais livre que o outro caminho. Deus me enviou pelo caminho mais difícil e eu consegui vencer.

J: Esta questão do preconceito racial no Brasil pode ser vencida?

José: Sem dúvida. Tem preconceito. Principalmente quando um atleta ou qualquer pessoa está começando a praticar esportes ou ainda não se destacou. Realmente o racismo é muito grande. Depois que a pessoa consegue ganhar alguma coisa, ou crescer profissionalmente, automaticamente as portas se abrem e este preconceito diminui, mas continua. Hoje eu vejo o Minas Tênis Clube, tenho o prazer de ser Conselheiro do Minas Tênis Clube. Não tem nenhum Conselheiro negro lá. Eu tenho a honra de ser um Conselheiro lá e hoje pelo menos na minha frente não tem deboche. Eu também não preciso deles. Construí  meu espaço e tenho meu espaço.

J: Como você vê esta questão do esporte e o meio ambiente?

José: Eu acho que este projeto a gente tem que começar pelas escolas, ou pela Secretaria Municipal de Esportes, através dos projetos da Secretaria para os adolescentes. Levar essa conscientização do meio ambiente para as crianças, para que elas não tenham um mundo pior a médio e longo prazo. É um tema importante para a cidade. A Secretaria de Esportes e de Educação comprar essa idéia e conscientizar nas escolas as crianças e adolescentes que o meio ambiente é importante para que eles possam viver e ter uma qualidade de vida melhor no futuro.

J: Você acha que o Brasil tem uma cultura diferenciada em relação aos esportes? Percebe-se que em algumas modalidades o Brasil sempre se destacou, na área coletiva. Você vê alguma coisa sobre a nossa maneira brasileira de se praticar esportes, com nossa identidade?

José:  Sem dúvida. Qualquer modalidade seja no vôlei, basquete, futebol, o brasileiro tem mais ginga. Mas em compensação não é obediente tecnicamente.  O Brasil chega ganha pelo seu trabalho individual, de cada um. Pela técnica individual de cada um. Mas quando às vezes tem que jogar, fizer um esquema tático, aí realmente o brasileiro sai fora desse esquema. Ele não é tão disciplinado igual ao europeu. O europeu não tem essa ginga nossa essa habilidade nossa, mas taticamente eles são obedientes. Por isso, que hoje estão na nossa frente.  O Brasil tem a parte técnica muito avançada do que todos os jogadores europeus, americanos, mas na parte coletiva é indisciplinado. A Europa e Estados Unidos estão a nos luz na nossa frente.

J: Sobre a auto-estima do brasileiro, está havendo tanta divulgação de coisas negativas no País pela mídia em relação a tudo. Você acha que pelo esporte, pela nossa consciência de nosso valor como população. Até o Darci Ribeiro, antropólogo que acreditava numa civilização brasileira por isso. Você acha que o nosso País tem boas perspectivas?  Numa recente visita da Dilma aos EUA, numa entrevista coletiva, foi perguntado ao Obama o que ele achava do Brasil e ele disse que o Brasil é uma grande liderança ambiental. O que você pensa com relação ao nosso presente e futuro sobre nossa capacidade?

José: O Brasil é um País que tem um potencial enorme. Mas os gestores não dão um bom exemplo. Essa crise toda que está havendo, porque os gestores não dão bom exemplo. Você liga a TV e vê é roubo aqui, é desvio ali. Isso faz com que o Brasil caia em um descrédito. Mas o povo brasileiro é muito esforçado. É determinado, então a gente tem que ter um espelho. É o que eu falei. Se os atletas de alto rendimento forem às escolas e as crianças virem seu ídolo lá, então automaticamente eles vão querer serem eles futuramente.  Hoje o Brasil está num descrédito muito grande, mas nós não podemos desistir. Eu por exemplo como político hoje, não vou desistir porque eu quero ter uma vida melhor para minha neta, para os meus filhos que já tem trinta anos é meio difícil a médio prazo. Mas a longo prazo para minha neta, eu quero um mundo melhor para ela. Hoje estou aqui na política, fazendo uma política limpa, com transparência. Não vou perder a minha identidade, a minha filosofia, porque eu quero um mundo melhor. Vou lutar. Tem a parte podre tem. Mas tem a parte boa. Eu quero estar nesta parte boa. Se Deus quiser o mal não pode vencer o bem. Então nós temos que contaminar aqueles do mal para que eles tenham o mesmo ideal do grupo do bem.

J: Nós fizemos uma entrevista com um grande Mestre de Capoeira, Cobra Mansa. Ele acrescentou o seguinte, que a Capoeira existe em 136 Países e dentro dessa discussão Olímpica, há um debate para incluir a Capoeira como sendo um esporte Olímpico. Ele afirmou para o nosso Jornal que a Capoeira é a cultura que mais difunde a língua brasileira no mundo. Porque todos têm que cantar as músicas da Capoeira em português. Como você vê esta questão, sendo a Capoeira não só um esporte, mas uma arte completa que é bem original do Brasil. Você acha importante se incluir nas escolas a Capoeira?

José: Sem dúvida, nosso Mestre Cobra Mansa tem toda razão e realmente a Capoeira, eu viajo pelo mundo e todo lugar tem Capoeira. É realmente divulgada em todo mundo, mas realmente a Capoeira não tem oportunidade de ser um esporte Olímpico. A Secretaria Municipal de Esportes, juntamente com a de Educação poderia ter e dar mais incentivo a Capoeira. Toda criança gosta e a pessoa para praticar a Capoeira, voltando lá atrás, tem que ter a disciplina. Porque sem a disciplina, é o judô, a Capoeira, tem que ter muita disciplina e sem disciplina não se chega a lugar nenhum e a Capoeira e o Judô são modalidades que exigem mais disciplina.

Pelê defendendo o Minas Tênis Clube - Foto:divulgação

J: Em síntese você considera que uma grande questão para nosso País avançar é buscar mais disciplina?

José: Sem dúvida acho que a partir do momento em que o Governo e gestores se conscientizarem em dar oportunidade às crianças, adolescentes a prática de esportes, pode ter certeza que o esporte é uma ferramenta de inclusão e socialização. Quando você fala em esportes as portas se abrem em qualquer âmbito. Qualquer lugar que você vai. Você falou em esporte fica leve. Todo mundo gosta de praticar. O esporte é saúde, é educação.

J: Agradecendo a você, qual a mensagem você deixaria para a juventude, para o povo brasileiro sobre as Olimpíadas?

José: Eu peço que todos torçam pelo Brasil e que todos assistam as modalidades que eles gostam e que depois se motivem a praticar os esportes. O esporte é bom para a mente, para o físico, além da socialização. Principalmente os esportes coletivos, aonde você aprende a ganhar, perder a ter seu espaço. Cada um tem seu espaço. Eu não posso pegar a bola que está com o companheiro ali do lado. O esporte ensina a gente a viver. A viver, a aprender, a ganhar e a respeitar, e a convivência entre os seres humanos. No ser humano, o que prevalece na vida é essa integração, essa socialização. O respeito e a amizade que a gente tem entre os povos.

J: Eu agradeço a entrevista, muito obrigado.

José: Eu que agradeço.