sexta-feira, 6 de novembro de 2020

COMO DESPOLUIR AS ÁGUAS




SINDAGUA - MG

COMO DESPOLUIR AS ÁGUAS

      Em tempos de pandemia, os recursos naturais são cada vez mais foco de atenção por parte da sociedade. A água além de fundamental para a sobrevivência humana é um recurso natural essencial para a defesa da população diante a crise sanitária que o Brasil e o mundo vivenciam. Despoluir as águas é um desafio e uma exigência para que haja um combate eficaz à crise sanitária. Diante tantos problemas socioambientais é preciso que aconteçam atitudes locais de valorização dos recursos naturais.

    O Jornal Oecoambiental realizou uma entrevista com o presidente do sindicato dos trabalhadores que cuidam das águas e saneamento básico de Minas Gerais – Sindagua-MG.- Eduardo Pereira

   Esta entrevista faz parte de uma série de reportagens que estamos realizando sobre como despoluir as águas, rios, lagos e oceanos. Eduardo Pereira argumenta sobre sua experiência de trabalho na área de saneamento básico.

Jornal Oecoambiental: Eduardo, você é do interior de Minas Gerais? Fale um pouco sobre sua história.


 Eduardo: Meu nome é Eduardo Pereira de Oliveira, sou natural de Salinas, terra da cachaça, norte de Minas. Estou hoje presidente do Sindagua- MG.

Jornal Oecoambiental: Como está a situação da oferta de água durante a pandemia?

  Eduardo: No isolamento social durante a pandemia o consumo de água aumenta. As pessoas tomam mais banhos, lavam mais roupas. A água é o recurso natural principal para se evitar a contaminação. Não chegamos a sofrer uma crise hídrica. Nós passamos por uma crise em 2015. O que está ocorrendo são eventos pontuais. Em Cristália, norte de Minas, faltou água em 2015. Atualmente não está faltando água. Em Divisa Alegre, há falta água, mas não em decorrência da pandemia. O caso lá é porque a cidade não tem água. A cidade é abastecida via poços artesianos. Lá existem 26 poços artesianos. É uma característica da região.

 

  Jornal Oecoambiental: Os dados de Saneamento no Brasil quais são?

Eduardo: Segundo o Sistema Nacional sobre o Saneamento, com base em 2009 – 95,2% da população brasileira são atendidas com água, 52% com coleta de esgoto. Só que vale observar que apenas 37,9% dos esgotos gerados são tratados. Há certo déficit de abastecimento de água que ainda representa uma boa parte da população que é esquecida pelas iniciativas privadas. Nos grandes centros não falta água. Este percentual é onde as empresas, mesmo as públicas, têm dificuldade de chegar que é na zona rural. Onde há um distanciamento entre uma casa e outra. Há uma dificuldade muito grande do alto custo que é colocar uma tubulação de água para levá-la a estas comunidades. Este déficit é muito pelo distanciamento das pessoas que se localizam na zona rural. Com relação ao tratamento de esgoto, vale lembrar que no Brasil o tratamento de esgoto ainda é uma coisa muito nova. O Brasil tem 37,9% dos esgotos que são coletados, mais ainda com uma deficiência questionável, vamos dizer assim. A legislação pede 60% de eficiência mínima. As empresas tendem a atingir esta pequena eficiência. É uma situação que tem que aprofundar muito. Tem que haver um aprofundamento melhor com relação à coleta, tratamento de esgotos e as eficiências.

Jornal Oecoambiental: E aqui em Minas Gerais, como está a situação?

  Eduardo: Em Minas Gerais, nós que somos mineiros, temos muitas experiências a passar para o resto do Brasil. Isto porque Minas é um estado muito grande, 853 municípios com diversas desigualdades entre si. Você pega aí Nova Lima, uma cidade que tem um IDH próximo a oito, altíssimo. Com um índice de atendimento à população muito grande. Aí você vai para outras regiões de Minas, por exemplo, Jequitinhonha, onde encontramos a zona rural, o índice de atendimento, o alcance de água tratada diminui.  As desigualdades de nosso estado acabam afetando a oferta do abastecimento de água da população. Então isto não é culpa da empresa, de uma empresa pública, da Copasa. Isto é um problema do estado. O nosso estado é muito desigual. Você pega, por exemplo, a cidade de Divisa Alegre. É uma cidade muito pequena, deficitária, que dá prejuízo para a Copasa e lá não tem água. Lá o abastecimento é feito através de poços artesianos. Lá hoje há 26 poços artesianos e só seis funcionam. Então a Copasa tem um sacrifício, levando prejuízo em termos de custos ao levar água para a população e com a mesma qualidade daqui de Belo Horizonte. Isso porque a Copasa trabalha com subsídio cruzado. Ou seja, ela tem que pegar o investimento daquelas cidades onde há lucro e subsidiar aquelas cidades que dão prejuízo, como o caso de Divisa Alegre que é uma cidade totalmente deficitária. Lá uma empresa privada não vai querer ficar. Não tem mágica. Quando uma empresa privada levar em conta a arrecadação de uma cidade como Divisa Alegre, vai ter que custear a despesa operacional. Eles vão ter que rever na tarifa, a conta entre o gasto e a receita e teria que aumentar a tarifa. O que aumentaria ainda mais a desigualdade entre muitas cidades de Minas e as cidades maiores. Por isto que a gente defende aqui a Copasa como uma empresa pública. Ela não leva em consideração as cidades que dão prejuízo.  Melhor dizendo, estas cidades são subsidiadas pelas cidades maiores. 

   Com relação ao tratamento de esgoto, Minas Gerais tem uma grande deficiência em relação ao tratamento de esgoto. Isto não é uma coisa do estado de Minas, mas do Brasil. Diversas cidades em Minas já tem seu tratamento de esgoto, sua coleta, mas a grande dificuldade é que devido às desigualdades em Minas, os clientes não conseguem pagar água e esgoto. Em algumas prefeituras por questão de cautela e proteção política, algumas acabam não repassando a concessão de esgoto para uma empresa pública e nem para uma empresa privada. Porque senão a população vai pagar o que hoje é de graça. O administrador da prefeitura, mesmo que o esgoto é jogado no rio, mesmo sabendo desta deficiência, alguns prefeitos, municípios, eles não querem passar a concessão porque eles sabem que a população vai ter que pagar. Isso é normal.  Seja uma empresa pública ou privada ela vai cobrar por este serviço. Então não é um serviço gratuito. Quando a gente fala nesta questão de déficit que Minas Gerais possui na coleta e tratamento de esgoto é complexo. Porque não é um déficit por culpa da Copasa que é uma empresa pública. Mas sim pela desigualdade que tem nosso estado.  Nós somos sabedores que a concessão de tratamento de esgoto gera um custo para a população. É muito bom ter ciência disso.

Temos aqui experiência onde a Copasa não operava o esgoto, vale lembrar que operar a concessão de esgoto não é uma questão impositiva da Copasa. O município tem que passar para a Copasa, se for o caso.  A Copasa está querendo pegar todas as concessões de esgoto de Minas Gerais. Ela não pega é porque as concessões não chegaram para ela ainda. Estes lugares, principalmente cidades pequenas, onde o pessoal pagava vinte, vinte e cinco reais de água. Quando a Copasa passou a operar a questão da coleta e tratamento, o cliente passou a pagar cinqüenta. Começaram a pagar o tratamento e a coleta de esgoto. Este que é o grande problema. A população pede o tratamento de esgoto, mas ela não quer pagar.  Uma empresa privada não dá esta liberdade da população pagar ou não. Simplesmente quando pegar esta concessão isto é impositivo, vai pegar e vai ter que pagar.  É uma ocorrência muito injusta quando se fala da questão da concessão de água e de esgoto, comparando uma empresa pública com a privada.  A empresa pública chega à cidade e ela tem que ter “um jogo de cintura”, vai dizer assim, uma política local para que o cliente não fique insatisfeito com a cobrança que vai gerar. Uma empresa privada não está nem aí.  Colocou hoje ali e vai começar a cobrar amanhã. No mês que vem não pagou cortou.  Então estas coisas têm que ser bem avaliadas, bem aprofundadas para que a gente possa mostrar para a população o que é de fato importante neste contexto na luta contra a privatização.

Jornal Oecoambiental: Como avaliar a situação das águas com relação ao meio ambiente?

Eduardo: Esta questão do meio ambiente me preocupa muito. Nós vimos aí o desastre ambiental que a mineradoras causaram em Mariana, em Brumadinho, no Fundão. Não vimos até agora um culpado. Você não vê a população falar da mineradora. Agora você vê alguns políticos quererem detonar a Copasa porque é uma empresa pública. A ação da mineradora, porque é uma empresa privada é como se tivesse sido normal. Aconteceu lá a tragédia. Mataram várias pessoas. Causaram um crime ambiental que nós estamos pagando até hoje por isso.  A qualidade da água onde aquela lama correu vai demorar anos para ser a mesma. E ficou por isso: um desastre ambiental muito grande sem uma repercussão adequada para o tamanho do desastre. Isso me preocupa muito. Vimos também à questão das queimadas que estão acontecendo na Amazônia.  Aqui em Minas Gerais você vê algumas queimadas e aí você fica preocupado aqui.  O que acontece na Amazônia essa sensação de “normalidade” reflete no Brasil inteiro. Não é normal.

  A Copasa por ser uma empresa pública, ela é muito parceira do meio ambiente. Isso aí a mídia não divulga as ações socioambientais que a Copasa faz.  A Copasa tem um programa socioambiental de recuperação de águas coordenado pela administração da empresa que é um programa muito bonito. E que dá um retorno muito grande para os municípios, principalmente os municípios pequenos.  É o “Pró-mananciais”. É um programa socioambiental de recuperação e preservação de águas coordenadas pela Copasa. Vou dar um exemplo: Salinas é uma cidade de quarenta e dois mil habitantes. É a minha terra. Uma cidade onde a Copasa opera a água e esgoto. Tem uma  eficiência de 90% em termos de tratamento de esgoto e mesmo assim com uma concessão deficitária, a Copasa investe muito naquela região. Matrona é um distrito de Salinas. Não é uma cidade, é um vilarejo de Salinas, uma comunidade, só em 2019 a Copasa executou ali 61 bacias de contenção de águas de chuva, 25 lombadas e quatro mil metros de cerca. Isso aí só no ano de 2019. No Vale do Bananal na região de Salinas a Copasa colocou lá 6500 metros de elevação de estradas, 188 bacias de contenção e 2332 metros de cerca, tudo isso aí na região de Salinas. Não bastasse isso na região de Taiobeiras, a Copasa conseguiu colocar através do “Programa Pró- mananciais” e pelo “Colmeia” – que é o coletivo local de meio ambiente criado pela Copasa, colocou 49 bacias de contenção de águas de chuvas, 20 lombadas na barraginha que tem lá, 3576 metros de cercamento, 70 bacias de contenção de águas de chuvas. Isso só na cidade de Taiobeiras.  Na cidade de Rio Pardo de Minas, 122 bacias de contenção de águas de chuvas, 19840 metros de adequação de estradas, ou seja, estradas ecológicas, 43 lombadas e 1140 metros de ATP, na região de Rio Pardo de Minas. Em Divisa Alegre, uma cidade bem pequena, na divisa com a Bahia, totalmente deficitária, a Copasa construiu 179 bacias de contenção de águas de chuvas, 22 mil metros de adequação de estradas, estradas ecológicas que têm ali bacias de contenção. Na região de São João do Paraíso, 10376 metros de cerca, 10 mil metros de adequação de estradas.  Em Vargem Grande do Rio Pardo, 250 bacias de contenção, 20 metros de adequação de estradas, 54 lombadas, 9.407 metros de cercamento na barragem de Olhos D’água. São ações que a imprensa não divulga.   Isso aí a mídia não divulga as ações socioambientais que a Copasa faz. A Copasa é muito parceira do meio ambiente. Ela através do “Programa Pró-mananciais”, com a parceria com os municípios, vem protegendo e recuperando várias nascentes que fazem parte do manancial de águas operado por esta empresa. Claro que não citei todas as ações que a Copasa faz aqui no norte de Minas, como Curral de Dentro, Coronel Murta, Águas Vermelhas, são diversas ações.

Jornal Oecoambiental: Por que, em sua opinião, há tanta poluição das águas ainda com o esgotamento sanitário, como na região da Pampulha em Belo Horizonte?

Eduardo: Ótima pergunta. Pense na Copasa como se fosse um mascate, ela passa em frente a sua casa oferecendo uma rede de esgoto para coleta e tratamento, mas para isso ela te cobrará 90% de sua fatura de água. O problema é que a empresa não pode obrigar o cliente a ligar o esgoto em sua rede. E muitas vezes o cliente não liga para não pagar. O que gera lançamento clandestino em alguns lagos e rios. Não posso afirmar se isso ocorre na região da Pampulha, pois não conheço a situação “in loco”, mas no geral é assim. Outro fator que devemos considerar é o percentual de tratamento. Hoje a legislação pede uma eficiência mínima de tratamento de 60% e este percentual quando lançado em um rio com pouca vazão deixará a água com um aspecto de esgoto. Vale lembrar que o efluente tratado com 60% ou 90% continua sendo esgoto, porém tratado. O nome correto para este líquido é efluente tratado. Às vezes a população questiona sobre o cheiro ou aspecto, mas muitas vezes a empresa está bem acima do que a legislação pede.

   Vou te dar um exemplo: Salinas trata o esgoto com uma eficiência de 90% e lança no rio com pouca vazão e a população sempre fala que a Copasa está jogando esgoto no rio.

Jornal Oecoambiental: Há solução para despoluir as águas? Por que isso não é priorizado?

 Eduardo: Primeiro precisamos de saneamento, o que significa água tratada, esgoto tratado e drenagem de água pluvial e coleta e tratamento adequado do lixo. A água é retirada dos mananciais para, no nosso caso, abastecimento humano. A água passa por diversos processos que a transforma em esgoto e este deve ser tratado, conforme disse antes e ser devolvido aos rios ou lagos. As drenagens de água pluvial são muito importantes neste processo, pois, se bem planejadas para escoamento com destino aos rios, evitam junto com ela levar lixos e vários tipos de impurezas. Por último, temos o lixo que aqui no Brasil 99% são jogados de qualquer jeito em aterros controlados (para mim são aterros descontrolados) que afetam diretamente o lençol freático, nossa caixa d”água natural. O ciclo hidrológico é muito bonito e tudo tem que ser devolvido. O homem usa a água e tem que a devolver de alguma forma. A solução que vejo é o uso sustentável dos recursos hídricos sem deixar o viés econômico sobrepor o social e o ambiental, sendo que a privatização provoca grande desequilíbrio.

  Ainda sobre a prioridade de despoluição das águas, tudo tem um preço, seja pequeno ou grande.  Infelizmente os políticos não gostam de investir onde não tem visibilidade e não traz retorno de voto, deixando de lado e jogando sua responsabilidade para o setor privado. Enfim, falta educação ambiental para todos nós brasileiros para que coloquemos o meio ambiente em primeiro lugar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

VINHOS ORGÂNICOS - VINÍCOLA EMILIANA

 OS VINHOS ORGÂNICOS ESTÃO EM SEU MELHOR MOMENTO DEVIDO AO SURGIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

    Estes tipos de vinhos detêm atualmente 3,5% do mercado vitivinícola. Espera-se que 1 bilhão de garrafas sejam vendidas em 2023



   Uma das tendências de consumo que vem se consolidando fortemente, há alguns anos, é a de produtos orgânicos, e o vinho não foge à regra.



  Embora esta categoria detenha apenas 3,5% do mercado mundial de vinhos, o seu consumo tem vindo a aumentar, e a prova disso é que, em 2013, foram comercializadas 441 milhões de garrafas de vinhos biológicos, mas prevê-se que em 2023 o número aumente para um trilhão.

    Embora tenha começado na Europa, onde os consumidores são mais exigentes em relação às condições de produção e às práticas de sustentabilidade das empresas, essa tendência vem ganhando força nos países da América Latina.

“Começamos na Europa, que ainda é o nosso mercado mais consolidado, mas a Ásia e a América Latina têm crescido 20% ao ano, a ponto de a América Latina ser o continente com maior crescimento para nós”, explica Alejandro Smith, gerente de exportação para Latam da Emiliana Organic Vineyards, a maior vinha orgânica do mundo.

  E é que apesar de existirem muitas falsas crenças que associam orgânico ao hippie ou a uma moda da elite urbana, esses produtos são sinônimos de processos de fabricação rigorosos, exigidos pelos requisitos de acesso às certificações de produtos , e o mito de que os vinhos, por serem orgânicos, são mais caros ou de qualidade inferior que os tradicionais, desmoronou.

“Começamos a migração para o orgânico em 1998 por preocupação com a saúde de nossos trabalhadores, estaria mentindo se dissesse que havia uma visão empresarial naquela época. Porém, quando vimos que ganhamos o prêmio de melhor vinho chileno em uma degustação às cegas com nossa primeira safra, entendemos que era possível fazer um produto orgânico de excelente qualidade, e o próximo desafio era diminuir os custos de produção. Hoje conseguimos equilibrar o campo e competir em igualdade de preços em todas as categorias e nossa linha Adobe, com a qual queremos democratizar o vinho orgânico, já possui 11 variedades e representa 80% da nossa produção ”, disse Smith. Isto representa um volume importante, considerando que a vinha tem 1.200 hectares plantados e produz entre 10.000 e 12.

OS CONTRASTES

“O mercado de vinhos orgânicos vem crescendo a uma taxa anual de 20% na América Latina, é o continente que mais cresce no mundo.” Alejandro Smith Gerente de Exportação Latam de Emiliana.

Agora, com a pandemia, a demanda por produtos saudáveis, limpos e certificados, feitos sob as mais rígidas práticas de sustentabilidade ambiental, está aumentando, então os produtores de vinho orgânico esperam que a demanda por seus produtos continue a crescer de forma constante.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

EXECUTIVOS LANÇAM PRINCÍPIOS PARA INTEGRAR OBJETIVOS GLOBAIS ÀS FINANÇAS

 Executivos lançam lista de princípios
 para integrar objetivos globais às finanças

Fonte: ONU - Brasil
  • A Força-Tarefa de CFOs do Pacto Global das Nações Unidas lançou em setembro os princípios para finanças e investimentos integrados aos ODS.
  • Os princípios buscam orientar as empresas no alinhamento de seus compromissos de sustentabilidade com estratégias de finanças corporativas confiáveis para criar impacto relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Foto: EBC

Força-Tarefa de CFOs do Pacto Global lançou em setembro os princípios para finanças e investimentos integrados aos ODS. Os princípios buscam orientar as empresas no alinhamento de seus compromissos de sustentabilidade com estratégias de finanças corporativas confiáveis para criar impacto relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Lançado paralelamente à histórica 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU, 34 Diretores Financeiros e Executivos C-level - membros da Força-Tarefa de CFOs do Pacto Global - apontaram quatro áreas principais que são relativamente mal atendidas, mas essenciais para os investimentos alinhados aos ODS: impacto e medição; estratégias e investimentos; finanças corporativas; comunicação e relatórios dos ODS integrados.

O objetivo é trabalhar com a cadeia de valor de investimento, incluindo investidores, bancos, instituições financeiras de desenvolvimento, agências de classificação de crédito e empresas de avaliação de sustentabilidade para criar um mercado amplo, líquido e eficiente para investimentos de ODS e fluxos de capital.

“Os Princípios para Finanças Corporativas alinhados aos ODS permitem que o ecossistema financeiro amplie o financiamento e os investimentos em relação aos ODS para garantir que não deixemos ninguém para trás", disse Sanda Ojiambo, CEO e diretora-executiva do Pacto Global da ONU.

"Essa é a coisa certa e oportuna a se fazer, já que o sucesso de longo prazo dos negócios está intimamente ligado a um futuro sustentável para todos."

Conheça os Princípios:

1 - Impacto nos ODS e mensuração

2 - Estratégia e investimentos integrados aos ODS 

3 - Finanças corporativas integradas aos ODS

4 - Comunicações e relatórios integrados aos ODS

Clique aqui para acessar o texto completo.

Lista de empresas participantes da força-tarefa de CEOs: China Development Bank; Federated Hermes; Iberdrola; Moody’s Corporation; Sinopec; Sompo Asset Management; Vieira De Almeida Legal Partners; AB InBev; BASF; Braskem; Danone; Enel; Engie Impact; Eni; FCC Construcción; Ford; Givewith; Global Impact Initiative; Grupo Nueva Pescanova; IDB; Jacobs; Leonardo; PIMCO; Pirelli; RWE; SkyPower Global; SNAM; Societe Generale; Stantec; Terna; Tesco; Turkcell; Unilever; Verizon

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

PROFESSORA DO RIO DE JANEIRO CRIA "KIT ABRAÇO" VISITANDO ALUNOS DURANTE A PANDEMIA

 

Professora cria 'kit abraço' para visitar 
alunos da rede municipal do Rio durante 
a pandemia

  • Sentindo saudades e cansada de ver os alunos somente por meio da tela de um computador, a professora do ensino fundamental Maura Silva, de 47 anos, decidiu agir. Comprou e confeccionou dezenas de capas de chuva, máscaras e luvas descartáveis para visitar, pessoalmente, 55 alunos da rede municipal de ensino da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ).
  • Em dois dias do mês de julho, abraçou dezenas de estudantes que vivem nos bairros periféricos de Padre Miguel, Realengo e Bangu - sempre protegendo a si mesma e as crianças para evitar infecção por COVID-19. A atitude deixou alunos, pais e mães emocionados.
  • "Foram sete horas de carreata. Só não visitei mais alunos (no mesmo dia), porque muitos não estavam em casa", contou a professora em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).
FONTE: ONU - Brasil

A professora carioca Maura Silva, de 47 anos, visitou seus alunos no Rio de Janeiro usando equipamentos de proteção. Foto: Acervo Pessoal

Sentindo saudades e cansada de ver os alunos somente por meio da tela de um computador, a professora do ensino fundamental Maura Silva, de 47 anos, decidiu agir. Comprou e confeccionou dezenas de capas de chuva, máscaras e luvas descartáveis para visitar, pessoalmente, 55 alunos da rede municipal de ensino da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ).

Em dois dias do mês de julho, abraçou dezenas de estudantes que vivem nos bairros periféricos de Padre Miguel, Realengo e Bangu - sempre protegendo a si mesma e as crianças para evitar infecção por COVID-19. A atitude deixou alunos, pais e mães emocionados.

"Foram sete horas de carreata. Só não visitei mais alunos (no mesmo dia), porque muitos não estavam em casa", contou a professora em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

Em dois dias do mês de julho, abraçou dezenas de estudantes que vivem nos bairros periféricos de Padre Miguel, Realengo e Bangu - sempre protegendo a si mesma e as crianças para evitar infecção por COVID-19. Foto: Acervo Pessoal

O evento surpresa foi combinado com antecedência com os pais dos alunos, que concordaram em proteger as crianças com as máscaras e as capas de chuva. Quando chegava às residências, a professora tocava músicas usadas em sala de aula. Era a dica para os pais levarem as crianças ao portão de casa.

"É impossível lembrar disso e não chorar", contou a professora ao detalhar a experiência. "Tive vontade de não soltar mais, de continuar abraçando. Consegui me lembrar do cheiro de cada um, do cabelo, da mãozinha", disse.

"Não acredito em uma pedagogia sem afeto. Não é possível fazer uma criança querer descobrir o mundo ou descobrir suas potencialidades se ela não for envolvida pelo coração."

Com a intensificação da pandemia de COVID-19 no Brasil, em março, as escolas do país precisaram ser fechadas, deixando cerca de 35 milhões de crianças e adolescentes longe das salas de aula.

Foram criadas opções para a continuidade da aprendizagem em casa, mas nem todos estão conseguindo manter o processo de aprendizagem – em especial os mais vulneráveis.

A professora relatou algumas das dificuldades do ensino a distância, agravadas pela dificuldade de acesso à Internet. "Tenho 57 alunos nas duas turmas. Nem todos conseguem se conectar", declarou.

"Há mães que não têm Internet, mas colocam crédito (no celular) para usar os dados móveis na hora da aula. Algumas pedem a senha da Internet dos vizinhos", contou. "Também há aquelas que trabalham. Essas eu atendo à noite."

A jornada de trabalho de Maura Silva também está mais intensa, uma vez que ela se esforça para atender as necessidades de pais e alunos. "Tenho pais semianalfabetos, analfabetos funcionais, que não sabem muito bem como explicar, como chegar à criança, como falar com ela para fazer aquele trabalho."

"O tempo todo eles me solicitam porque não entendem alguma coisa. A dificuldade é essa. O pai não está preparado para o contato via computador e a criança também não."

O evento surpresa foi combinado com antecedência com os pais dos alunos, que concordaram em proteger as crianças com as máscaras e as capas de chuva. Foto: Acervo Pessoal

A pandemia de COVID-19 criou a maior perturbação educacional da história e o fechamento prolongado de escolas pode consolidar ainda mais as desigualdades no acesso à aprendizagem, alertou no início deste mês o secretário-geral da ONU, António Guterres.

A ONU estima que a pandemia tenha afetado mais de 1 bilhão de estudantes em todo o mundo. Apesar dos esforços para continuar aprendendo durante a crise, inclusive por meio de aulas por rádio, televisão e online, muitos ainda não estão sendo alcançados.

Maura Silva dedica a maior parte de seu dia a tornar a experiência do ensino a distância menos desgastante. Para isso, transformou a sala de estar de sua casa em uma sala de aula. Além disso, investe em atividades que os alunos possam realizar em família.

"Peço que assistam a filmes, mando um livro por Whatsapp que eles possam ler juntos e me mandar um retorno. (...) Peço coisas que sejam possíveis, porque esse aprendizado agora é da família também, não só da criança", contou.

Na opinião da professora, a escola deve se abrir para as famílias dos alunos, mesmo após o fim da pandemia. "A função do professor é tirar aquela cortina do mundo e fazer com que as crianças percebam que têm um mundo imenso lá fora do portão de casa e da escola, e que está dentro dela (a possibilidade) de descobrir o que fazer. E a família tem que fazer parte desse processo."

Apesar de prever realizar novas visitas às residências dos estudantes, Maura Silva diz desejar revê-los em breve em sala de aula, quando for possível fazê-lo. "Porque é ali que as coisas mágicas acontecem, é ali o nosso mundo", concluiu.

UNICEF: é urgente buscar cada criança e adolescente que não conseguiu se manter aprendendo

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou no fim do mês passado (24), em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a Busca Ativa Escolar em Crises e Emergência.

Trata-se de um guia para apoiar estados e municípios na garantia do direito à educação de crianças e adolescentes em situações de calamidade pública e emergências, como a pandemia da COVID-19.

“Não há como definir uma data única de volta às aulas presenciais no país, que tem de ser decidida de acordo com a situação epidemiológica de cada estado e município", explicou Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil.

“Mas a preparação das redes escolares para a reabertura de maneira segura deve ser prioridade absoluta em todo o país, assim como a busca ativa de quem não está conseguindo aprender com as escolas fechadas”, defendeu.

Além de encontrar meninas e meninos que estão fora da escola, ou em risco de evadir, é fundamental preparar as escolas para receber os estudantes em segurança, mitigando os riscos de infecção pelo novo coronavírus, alertou o UNICEF.

DIA MUNDIAL DO HABITAT

 Em dia mundial, ONU-Habitat estimula

 debate sobre como melhorar a vida nas cidades

  • O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) celebra nesta segunda-feira (5) o Dia Mundial do Habitat, uma das datas-chave dentro do Outubro Urbano, cujo objetivo é estimular o debate entre diversos setores sobre como tornar a vida nas cidades melhor para todas e todos.
  • O Dia Mundial do Habitat 2020 é uma oportunidade de ampla participação em uma discussão global sobre o impacto transformador da COVID-19 no setor de habitação e de como explorar melhores formas de construir nossas sociedades, potencializando o papel da habitação como catalisador para a progressiva garantia dos direitos humanos e como uma base para o bem-estar das pessoas.

Fonte: ONU - Brasil

O objetivo do Dia Mundial do Habitat é refletir sobre o estado de nossas cidades e sobre o direito básico de todos a uma moradia adequada.

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) celebra nesta segunda-feira (5) o Dia Mundial do Habitat, uma das datas-chave dentro do Outubro Urbano, cujo objetivo é estimular o debate entre diversos setores sobre como tornar a vida nas cidades melhor para todas e todos.

Este ano, em comemoração ao dia, foi realizado o evento “Aula Magna: habitação para todas e todos”, cujo vídeo está disponível no canal Circuito Urbano no YouTube.

O objetivo do Dia Mundial do Habitat é refletir sobre o estado de nossas cidades e sobre o direito básico de todos a uma moradia adequada. A data também se destina a lembrar o mundo de que todos nós temos o poder e a responsabilidade de moldar o futuro de nossas cidades.

O Dia Mundial do Habitat foi estabelecido em 1985 pela Assembleia Geral das Nações Unidas por meio da Resolução 40/202, e foi celebrado pela primeira vez em 1986. Ele ocorre todos os anos na primeira segunda-feira de outubro.

The Global Observance, evento global organizado por uma cidade diferente a cada ano, é o foco da celebração da data. Este ano, o evento organizado pelo ONU Habitat em parceria com o governo da Indonésia será sediado na cidade de Surabaya, na Indonésia, e terá duração de dois dias. A programação completa pode ser encontrada na site www.urbanoctober.unhabitat.org/whd.

O Dia Mundial do Habitat 2020 é uma oportunidade de ampla participação em uma discussão global sobre o impacto transformador da COVID-19 no setor de habitação e de como explorar melhores formas de construir nossas sociedades, potencializando o papel da habitação como catalisador para a progressiva garantia dos direitos humanos e como uma base para o bem-estar das pessoas.

As questões relativas à habitação devem estar no centro do desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo. A atual pandemia trouxe à tona o paradoxo da habitação: em uma época em que as pessoas precisam urgentemente de moradia, milhões de apartamentos e casas permanecem vazios.

O objetivo geral da Aula Magna foi apresentar o panorama global da habitação no mundo lusófono, seus principais desafios, e conceitos sobre habitação inclusiva, acessível e adequadas, além de proporcionar um debate entre especialistas sobre o tema dos países lusófonos do Sul Global (Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

As informações sobre o Dia Mundial do Habitat Brasil e sobre os demais eventos do Circuito Urbano estão no site www.circuitourbano.org. Todos os eventos são abertos ao público e transmitidos online no canal do Youtube.

Circuito Urbano

O Circuito Urbano é uma iniciativa do ONU-Habitat no Brasil para apoiar institucionalmente e dar visibilidade a eventos organizados por diversos atores que abordem temas urbanos no âmbito do Outubro Urbano.

Este ano, o Circuito Urbano se centrará no tema “Cidades Pós-COVID-19: Diálogos entre o Brasil e a África lusófona” e os eventos poderão abordar como subtemas as questões trazidas pelo Dia Mundial do Habitat e o Dia Mundial das Cidades. Serão mais de 180 eventos com mais de 1000 panelistas participantes.

Sobre o ONU-Habitat

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) estabeleceu-se em 1978, como resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat I). Com sede em Nairóbi, capital do Quênia, é a agência das Nações Unidas que atua em prol do desenvolvimento urbano social, econômico e ambientalmente sustentável e promove a moradia adequada para todas e todos.

ENTREVISTA COM LUDMILA YARASU-KAI - DANÇA MATERNA

 


  O Jornal Oecoambiental, que trabalha na comunicação socioambiental, diante a crise que o Brasil e o mundo enfrentam quanto à valorização da pessoa humana, do meio ambiente, realizou uma entrevista exclusiva com Ludmila Yarasu-Kai. Uma mulher de muita sensibilidade para com o ser humano. Psicóloga que faz jus a sua profissão de atuar nas Ciências Humanas trabalhando com o nascimento – mães e crianças que chegam ao mundo.   Agradecemos a generosidade e atenção de Ludmila desejando a ela e a todos que atuam nesta área de partos naturais e cuidados de respeito à pessoa humana, muitas felicidades e nosso muito obrigado pela entrevista. 

“Se a gente muda a forma como que cada um chega a este mundo, chegamos ao mundo sabendo que o mundo é bom. E se as pessoas que estão à volta desta criança proporcionam isso, preocupam-se com isso é porque elas se sentem merecedoras de respeito.” Ludmila Yarasu-Kai

Jornal Oecoambietal: Ludmila fale um pouco sobre sua história, seu trabalho.

 Ludmila: Sou Ludmila Yarasu-Kai.  Sou mãe da Helena de seis anos. A minha gestação foi um divisor de águas, tanto na minha vida pessoal, como na minha vida profissional. A minha gestação tem tudo a ver com minhas decisões profissionais. Houve este marco quando eu engravidei da Helena e durante a minha gestação, eu fazia parte de alguns grupos.  Tinha vários trabalhos e algumas posturas profissionais já não estavam mais cabendo no meu jeito de ser. A minha gestação foi como que uma oportunidade de sair destas coisas que não faziam mais sentido para mim. Eu sempre gostei do que eu fiz, mas não da forma que eu estava fazendo. Com o público que eu estava fazendo. Eu estava trabalhando em empresa. Com executivos, com um pessoal de lideranças. Eu gosto dos conceitos, de trabalhar com pessoas, mas não da forma que eu estava trabalhando. E aí como eu sou psicóloga, formada em psicologia pela UFMG em 2003, concluí um estágio na área social de grupos, que abriu as portas para trabalhar com mediação de conflitos. Desde minha conclusão de curso trabalhei no campo social. "Mediação de Conflito"s. Depois me formei como Coach. Fiz uma formação em relação familiar. Uma ferramenta de apoio a psicoterapia. Tive outras formações de cursos livres. Dentro de minha área da psicologia da fenomenologia, na psicologia social, humanista. Uma linha que eu sempre segui. Depois da minha gravidez eu foquei todo meu trabalho com as mães e o trabalho com as mães e os bebês.  Eu sempre gostei de dançar. Desde pequena sempre fiz todos os estilos de dança. Quando adulta sempre dancei muito dança de salão. E fiz uma formação com a professora Cris Menezes sobre danças circulares sagradas. O que me ajudou a chegar à "Dança Materna" depois da minha gravidez.

   Depois que a Helena nasceu em 2014, quando ela estava com seis, sete meses, eu conheci a dança materna, que é um projeto para integrar as mães e os bebês. Um projeto criado por uma bailarina especialista em bebês de São Paulo Tatiana Tardioli. Nas redes sociais tem dança materna, no youtube. Eu sou uma das professoras hoje no Brasil que ajuda desenvolver este projeto. Ela começou com a sua primeira gestação. Percebeu a importância e o vínculo que dançar grávida proporcionava no vínculo mãe e bebê. E como era bom e ajudava no trabalho de parto. No puerpério dela começou a escrever este projeto para trabalhar com mulheres. E depois de alguns anos ela tinha coletado prática com as mães e com os bebês por volta de até três anos de idade, da primeira infância. Ela fez este percurso de acompanhamento do nascimento da filha dela. Escreveu e desenvolveu este projeto e começou a capacitar outros professores. Em 2015 eu fiz esta formação. Eu me capacitei como professora, primeiro para trabalhar com mães e bebês. Depois eu fiz outro curso de gestantes. Para trabalhar com gestantes. Depois eu fiz o curso para trabalhar com mães e bebês que já andam.  Com bebês um pouco maiores. Vai mudando muito este desenvolvimento dos bebês.

    Além de trabalhar com a dança materna eu sigo com a terapia. Com o atendimento às famílias e os bebês, porque é um momento de pós-parto desafiante, de muita transformação. Como eu senti na minha vida de mudança de carreira. Do social que não acolhe uma mulher gestante no campo de trabalho. Muitas são despedidas logo depois da licença maternidade. Ou a licença maternidade é tão pouca que ela acaba pedindo demissão do trabalho. Ela não se enquadra mais ali.  É um momento de muitos desafios.

  Dentro da mediação de conflitos eu trabalhava nas comunidades e fui me especializando na comunicação não violenta. Uma ferramenta desenvolvida por Marshall Rosemberg, um americano que tem este trabalho no mundo todo. Então eu fui desenvolvendo este trabalho para famílias, para os bebês e com a comunicação mãe – bebê. O primeiro mês de um bebê a gente fica muito atordoada, sem entender. Acho que são as necessidades de um bebê porque ele não fala. Ele não se expressa de forma verbal. O que a gente precisa diante tantas mudanças hormonais.  O que nos apóia para poder lidar com este bebê e com tudo que está a nossa volta. Meu trabalho é dentro deste âmbito: de entender essa mulher, a rede social dela, onde ela pode buscar apoio. Como que ela pode fazer isso. Como ela pode resolver seus conflitos. Ás vezes tem muitos conflitos com seus familiares, com o marido.


Jornal Oecoambiental: Há muita desinformação com relação à qualidade da gestação?

 Ludmila: Estamos num mundo hoje do machismo, do patriarcado muito forte. As mulheres, em sua maioria, não têm muita consciência, porque estamos inseridos nesse machismo, neste patriarcado. Somos vítimas dele.  As mulheres não têm muita noção do potencial feminino. No potencial da mulher antes de engravidar. O que é ser mulher. O feminino, o feminismo. Não estamos muito conectadas com isso. E a gestação vem dar um choque de realidade. A natureza vem nos dar esta condição. Se a gente engravida a gente vai tendo este trabalho natural que a natureza vem fazer com o nosso corpo. O que eu percebo é que as mulheres não estão muito conectadas com isso. Não procuram saber: ”olha quando eu engravidar, o que é natural acontecer?“ Muitas vezes ao entrar em gestação ela vai descobrir estas informações ou ela vai seguir desconectada e vai seguir no sistema patriarcal violento contra a mulher. O que este sistema faz? O sistema olha para a mulher e diz:”você está doente, você é culpada”.  “Está grávida.” “Você precisa fazer muitos exames para ver se está tudo bem, cuidar da sua saúde. Cuidado, não faça esforços, tem atividades que você não pode fazer.” Então na hora do nascimento – “pode deixar que eu vou te ajudar.” E o que acontece?  Uma cesária desnecessária. Então a gente vai passando por um assistencialismo como se a gente fosse uma coitadinha. Não tivesse o poder sobre nosso próprio corpo. Como se a gente não tivesse esta consciência. Muitas mulheres não conseguem ter este resgate. Não conseguem buscar assistência que valoriza isso. Uma informação de qualidade que dá a liberdade e o poder para esta mulher parir. E a gente sabe que há muitos interesses por trás disso. Interesses da indústria farmacêutica, de alguns médicos, cirurgiões, anestesistas. Nas faculdades de medicina, no ensino de obstetrícia, as pessoas entram para lidar com uma cirurgia. O meu obstetra, que me acompanhou falava assim comigo: “Ludmila, segue com sua enfermeira obstetra. Na hora de seu trabalho de parto, se você precisar eu apareço. Então eu não tenho nada que fazer com você aqui agora. Quando você entrar em trabalho de parto a gente vê o que vai acontecer.” E eu segui com a minha enfermeira obstetra. As enfermeiras são diferentes. Como elas não têm uma formação cirúrgica, elas têm uma formação de cuidar do processo natural, de desenvolvimento de uma gestação, de um parto natural vaginal, como todos os outros animais. Assim como acontece com a gente quando está inserida em um meio assistencialista do homem com a mulher. Não deixa a gente tomar as decisões sobre o nosso próprio corpo. Dizem: “não sua barriga está muito grande. Você não tem passagem para o bebê. A gente vai ter que tirar.” Então a mulher vai sendo levada por muitos profissionais a ser submetida a uma cesariana, que é uma cirurgia. Não é um parto. Com evidências científicas de ser mais arriscada que o parto natural, vaginal. Só que a maioria das mulheres está nesta desconfiança de seu próprio poder. Ficando nas mãos da medicina, dos médicos jogando esta insegurança, de vida. Depois a recuperação dessa mulher é mil vezes pior. No trabalho de parto se diz assim: “há não senti nada depois da cesária, tudo passou rapidinho.” Só que esta mulher recebeu muita substância medicamentosa para não sentir dor. Ontem mesmo uma amiga minha acabou de parir. Mandou-me o vídeo do parto dela, já estava conversando, andando.  Isso não acontece na cesária. Fora todos os outros riscos deste bebê nascer prematuro. Porque as cesárias são agendadas muitas vezes. E muitas mulheres sentem medo do parto normal. Então a desconexão é tamanha. A minha geração teve muitas cesárias. E antes da minha é que os partos foram normais. A gente precisa se resgatar com as nossas avós nestes partos. Só que aí é outra questão.

   A outra questão é como o sistema é violento com as mulheres, quem não se propõe a fazer o parto natural, vaginal, muitas vezes o que a gente vê acontecendo é um parto que a gente chama de anormal, pelo tamanho da violência obstétrica. Os profissionais continuam sem saber que o parto é da mulher. Ninguém faz o parto. Então os bebês sobem na barriga da mulher. Não tem necessidade. Basta à mulher estar andando, estar em pé que a gravidade vai ajudar. A mulher não precisa estar deitada. Então tem “pano pra manga”. Várias experiências obstétricas que podem acontecer.  Tem uma série de filmes sobre o renascimento do parto, que fala muito sobre estas violências. Como que o médico induz, vai levando a pessoa até em conchavo com a pessoa que faz ultra som para levar a pessoa a cesária. Porque eles ganham mais. Na cirurgia eles têm uma praticidade. Eles fazem ali em meia hora. O trabalho de parto, em geral, dura cerca de três dias. A mulher sente dor, claro, mas é uma dor natural. Como a mulher grita, incomoda, incomoda quem está perto. Então eles querem dar anestesia para calar a boca dessa mulher. Dizem: “foi bom na hora que fez, então pára de gritar.” E a gente está questionando até hoje. Será que foi bom mesmo para a mulher?  Será que ela gozou mesmo na hora que foi fazer estes bebês?  A gente sabe que a maioria das mulheres não tem prazer. Quiçá ela não foi estrupada. E não está com esta gestação  através de um estupro. Que as pessoas nem sabem e às vezes dizem isso.  Então é um absurdo o que esta assistência hoje faz. As mulheres às vezes, não têm noção deste cenário. Meu trabalho também passa por um ativismo. Formar  grupos de mulheres. E a gente indica estes livros, esses filmes. E ensina mesmo a retomada deste poder da mulher ter o parto que ela quer. Ter uma experiência de nascimento respeitoso, humanizado. E principalmente o que a gente tem falado de respeitoso. Que é o que as pessoas merecem. Que as pessoas cheguem no mundo de forma respeitosa.

Foto: Fabiana Cândido

Jornal Oecoambiental: É possível conquistar uma boa qualidade de vida desde o nascimento?

  Ludmila: Então esta qualidade de vida desde o nascimento passa pela informação dessa mulher, deste estudo por uma escolha de uma boa assistência. Aí a gente tem uma luta hoje conquistada que os convênios têm obrigação de indicar as taxas de cesárias dos médicos. Se ela for mais de 10, 15% ela é alta. Se este médico tem muita cesária, a não ser que ele trabalhe apenas com risco. Mas se ele não é um obstetra que está ali atendendo partos todos os dias, que tem risco habitual. Se ele tem muita cesária, a gente já desconfia dele. Não indico. A gente trabalha muito com as mulheres puerperais, esqueci de falar disso. De preparação do parto. A gente vai observando o que estes profissionais estão falando. Quando falam assim: “não vamos conversar sobre o parto. Está muito longe.” Já pode desconfiar. A gente vai vendo estas dicas para não cair numa cesária desnecessária. Cair na mão de um desrespeito. Com muita informação as mulheres têm seus partos. Elas relatam. A gente estuda sobre o trabalho de parto, sobre as fases do trabalho de parto. É uma luta. É um absurdo mais a gente ainda têm isso de “eu vou ter meu filho e pronto”.   “Eu vou pra maternidade e pronto.” Não, tem que escolher uma maternidade. Quem são os plantonistas, quem vai ser seu médico que te acompanha. Como é que você faz. Em Belo Horizonte a única Maternidade que eu confio para indicar para ir de plantão é o Sofia Feldman. Atende pelo SUS. Eu tive a minha filha lá. E as outras a gente não consegue confiar no plantonista. A não ser que você vá com sua equipe paga. Este é um acesso que não é para todos. E aí no Sofia têm alguns preconceitos que as pessoas chegam e falam: “Ah... eu cheguei lá com muita dor e me mandaram andar.” Andar é a melhor coisa que uma gestante pode fazer. Ela anda, anda, pára a cada contração e isso vai fazer melhorar o processo de dilatação. Falta informação e as pessoas acham que isto é um descaso da Maternidade e não é.  Com muita rede de apoio, com estudo, com um grupo de mulheres, a gente tem uma boa chance de estas mulheres terem esses bebês e ‘terem seus direitos garantidos.

Foto: Arquivo do Gestação Legal

Jornal Oecoambiental: Como você avalia os principais problemas socioambientais que afetam os seres humanos desde o nascimento?

   Ludmila: As coisas estão todas interligadas. Uma coisa que eu tenho pensado muito freqüentemente é sobre a indústria alimentícia. Eu me tornei vegana já tem algum tempo. É uma alimentação saudável. E fui descobrindo com o veganismo como é a indústria agropecuária. Como que para manter uma pecuária se gasta muito mais com alimentos que poderiam alimentar o mundo. Como é absurdo o desmatamento que causa para ter carne. Para matar animais. O impacto social, ambiental principalmente. Então isto é um impacto que a gente está vendo hoje nas terras indígenas.

   Estes interesses capitalistas eles vão ficar claros quando se nasce dentro da Maternidade. As pessoas já estão treinadas achando que o melhor que se faz para o bebê é dar uma fórmula. Que estão dentro desta fórmula, grandes indústrias. Esta desigualdade social, um baixo nível de informação, de renda, isso vai também afetar diretamente até o desenvolvimento destas crianças, a gestação. Depois vai afetar o crescimento. O desenvolvimento mental, físico, das crianças. A pessoa de baixa renda ou de risco social está convencida pela mídia que o leite dela é fraco. Que ela precisa comprar uma latinha de leite artificial para o seu bebê. Tem um filme “Tigers” que retrata isso. Percebemos muito agora em Agosto, que é o mês da amamentação. Ele mostra exatamente isto que estou falando. Como é que a indústria alimentícia para bebês está enganando as mulheres quanto ao potencial delas de alimentar com o leite materno. Está tudo muito interligado. Os interesses e como que chegam para a gente desde a gravidez e o nascimento deste bebê. Depois acaba que por estas indústrias, por um consumo de industrializados, estes bebês tomam iogurtes, já comem muito açúcar antes mesmo de um ano. Isso vai lá à frente reproduzir diabetes, hipertensão, câncer. Então é muito complexo. É uma luta muito grande. Dá até uma tristeza, como se a gente não tivesse uma saída para estas questões todas. É um trabalho mesmo de formiguinha, quando a gente vai olhando para esta realidade,

Foto: Fabiana Cândido

Jornal Oecoambiental: Quais são os resultados de seu trabalho com as crianças e as mães?

 Ludmila: Atualmente eu tenho tido muitos bons resultados com a formação. Não há garantia que todas estas mulheres tenham o parto respeitoso. Mas esta mulher ela sabe o que ela quer. Ela escolhe e ela vai para sua experiência e é também o direito dela e desse bebê. Nem tudo é perfeito. Nem tudo é como a gente gostaria, mas ela escolhe. E é isso que importa. Desde que ela tenha informação e possa escolher dentro de sua realidade.  Dentro da rede que ela tem. Dos espaços que ela tem. Temos conseguido indicar pessoas ao SUS na Maternidade Sofia.  As pessoas tem tido assistência. A amamentação é desafiante. Também indicamos como procurar ajuda depois que o bebê nasce. Antes temos a informação sobre o preparo   ‘. Mas não tem nada mais o que fazer de passar bucha no peito, nada. Vai ter a informação do que precisa fazer e com o bebê. Depois tem a ajuda se precisar. Esta rede de mulheres que vai se formando, construindo cada uma sua experiência.

   Tem seis anos que trabalho com isso. Então as mulheres têm um segundo filho, às vezes um terceiro. As realidades vão mudando. As experiências vão mudando. Esta minha amiga com o segundo filho dela se curou. A primeira violência do parto que ela vivenciou e agora no do seu segundo filho natural. Então é muito especial poder ver este trabalho. Eu ainda acho que está pouco. Eu quero poder atingir mais e mais mulheres. Mas ainda com criança pequena não tem como. Faltam pernas para poder estar atuando em outras frentes. O principal é ter informação. É fazer estas mulheres terem este resgate com a natureza. Tenho conseguido. Eu trabalho com parceiras, com as profissionais, com médicos, pediatras que estão alinhados. Com médicos obstetras com consultoria em aleitamento. A gente vai trabalhando juntas e tendo muita luta ainda pela frente. Muitas vezes a gente consegue tirar aquela mulher de médico cesarista. Não é a gente que vai lá e fala. A gente vai munindo a mulher destas informações e ela mesmo percebe pelo que ela está vendo como positivo no parir dentro daquela assistência que ela tem.

Foto: Fabiana Cândido

Jornal Oecoambiental: Qual sua mensagem para que as futuras mães, as que estão cuidando de seus recém nascidos, os pais de uma maneira geral?

 Ludmila:O que eu penso é numa frase de um médico ginecologista obstetra Michel Odent. Ele diz que “para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer.” Se a gente muda a forma como que cada um chega a este mundo, chegamos ao mundo sabendo que o mundo é bom. E se as pessoas que estão à volta desta criança proporcionam isso, preocupam com isso é porque elas se sentem merecedoras de respeito. Elas já se conectaram com a importância delas como pessoas e que por isso é importante ela ser respeitada. E por isso é importante uma criança, um bebê vir ao mundo de forma respeitosa.  Então isso possivelmente vai atentar a estes cuidadores, a estes pais, a mãe, a buscar também formas respeitosas de criar esta criança.  De respeitar desde uma troca de fralda até tirar o bebê de uma brincadeira para poder dar um banho. A se comunicar com essa criança maior não é fácil. Eu tenho uma criança aqui em casa de seis anos com esta pandemia, sem poder sair para brincar com as outras crianças. Sem ir à escola. Sem escape de energia direito. Então a gente vai vivenciando muitos conflitos e situações que vai colocando a gente em cheque. Eu vou me sentindo colocada em cheque se eu consigo mesmo colocar em prática o trabalho que eu proponho, que eu apoio as pessoas a buscarem que é esta relação respeitosa, o diálogo, a conversa, a escuta, a empatia, compaixão. E é desafiante porque talvez a gente precise de algumas gerações para a gente poder virar. É trabalhar muito agora para a gente poder virar estas gerações. Mais pessoas tendo educações respeitosas. Sem palmadas, com diálogo. A gente tem ainda muito padrão da punição. Nosso sistema prisional, político, policial ele é punitivo. É necessário que tenha punição para muitos momentos, mas a gente precisa avançar muito mais ainda na forma de resolução dos conflitos. E estes conflitos começam em casa quando as pessoas que a gente ama de repente deixam de amar. Muitas separações, muitos desentendimentos familiares. Muita violência doméstica e por aí vai.  Hoje eu vi uma reportagem dizendo que o Ministro da Saúde está preocupado com a saúde mental e está oferecendo subsídio financeiro para as farmácias. E aí eu fiz um comentário: “mas será que os remédios são soluções para a saúde mental?” A volta das escolas, a educação, o apoio às mães, as mulheres, para mim tem muito mais efeito do que um remedinho ali, do que um remédio para a pessoa ficar feliz. Claro que eles são importantes em alguma medida e funcionam. Claro que eu falei da cesária. Uma intervenção médica também naquela situação que é necessária. Assim eu vejo que para tudo é bom sentar, conversar, fortalecer psicólogos, profissionais psiquiatras, as redes de saúde mental. Fazer grupos de apoios. Fortalecer estes canais que as pessoas consigam pedir socorro e conversar com alguém em uma escuta empática. Ao invés disso a solução é uma droga né?  E aí a gente vê o quanto o uso das drogas “legais” são permitidas. É uma complicação. É muito complicado, muito complexo. Então onde eu dou conta de trabalhar hoje. Porque já trabalhei com a prevenção à criminalidade eu consigo cercar um pouco de cuidados a vida. Para proteger um pouco esses resultados que poderiam vir à frente.

Foto: Gabriela Borba

Jornal Oecoambiental: Quais os cuidados para saúde que podemos tomar para os nascimentos diante pandemias ou crises sanitárias na rede pública de saúde?

 Ludmila: Diante da pandemia da Covid 19, este ano entrando quase para o sétimo mês de isolamento, de muitas mortes de muitas dúvidas, logo no início uma equipe brasileira liderada pela Melania Amorini, elas por conta própria começaram a fazer uma pesquisa e os resultados com as gestantes e as puérperas foram classificadas como grupo de risco. Então este grupo tem que ficar com os cuidados redobrados em um isolamento melhor porque as gestantes têm uma mudança corporal, hormonal muito grande e o organismo fica suceptível a virose e não só isso. Se ela tem contato com o vírus que tem causando tantas mortes e deixando seqüelas.  Também foi estudado que o organismo da gestante, que está todo ali dedicado mesmo a uma geração de uma vida, não só por riscos para uma vida e para ela, por isso o funcionamento do corpo já está numa forma bem alterada. E essa forma fica bem pelos quarenta e dois, quarenta e quatro dias que eles estão contanto. O isolamento, os cuidados assistência quando necessário pelo telefone de assistência que acompanha pelo posto de saúde. As determinações até na hora do parto não pode ser negado a esta mulher um acompanhante. Seja quem ela quiser pelo menos um acompanhante de direito dessa mulher. No início da pandemia alguns locais tiraram até este direito. Isso não pode ser permitido. A gente não vai, por exemplo, como trabalho como doula (assistente de parto) eu já tive acompanhando partos com o marido, com uma irmã, com uma mãe e eu lá como doula. Então isso não vai ser permitido entrar um maior número de pessoas porque para esta mulher isso às vezes é importante e as maternidades não aceitam isso. Mas um acompanhante pelo menos, tudo bem que este acompanhante não reveze com ninguém, esteja lá. Que seja doula, que seja o companheiro, que seja quem esta mulher quiser. E claro quem estiver acompanhando, tomar seus cuidados no isolamento, uso de máscaras. Seguir as ordens de segurança da OMS.

 Jornal Oecoambiental: Como as mães e familiares podem ter acesso a este importante trabalho que você realiza?

  Ludmila: Eu tenho estas redes digitais mais conhecidas como instagram, facebook, um canal no youtube tudo com o meu nome: Ludmila Yarasu-Kai. É fácil de me encontrar. Também através do nome da Dança Materna que também tem nestas redes todas. Também tem o site: www.dancamaterna.com.br , quando você vai em Belo Horizonte eu estou lá como professora.  Estou disponível para atendimento, consultoria, grupo. Hoje estou disponível para atendimento individual, com grupos. Atualmente tudo de forma on line. As aulas de Dança Materna também estão virtuais. Se precisarem tem meu celular, internet. Está mais tranqüilo hoje em dia. As pessoas têm este acesso. Posso também, para quem precisar e participa de nossa equipe estiver grávida ou quer engravidar pode fazer contato. Só dizer: “Lud quero participar de um grupo com você, como eu faço?” aí eu adiciono a pessoa nos grupos que eu já tenho com outras profissionais. Ou o bebê nasceu, “quero aprender sobre a amamentação, onde eu busco apoio?”. Então a gente vai fortalecendo esta rede. As pessoas podem me procurar por aí nestes canais sem problema. Pode me chamar para qualquer dúvida.  A pessoa pode também me chamar: “Lud está lembrando de mim?” O whatsApp e instagram é mais fácil. E no canal do youtube tem vídeos sobre o assunto. As pessoas me acham fácil assim: Ludmila  Yarasu-Kai.

Jornal Oecoambiental:  Você acredita que a participação das pessoas e comunidades na busca de solução dos problemas socioambientais é importante?

  Ludmila: É urgente que as pessoas participem. Que busquem soluções. Que busquem dentro do que elas podem fazer. Porque às vezes a pessoa pode dar uma chamada ali no vizinho que está na rua com uma mangueira desperdiçando água. Ela pode cuidar do seu lixo. Ela pode cuidar de uma árvore. Um dia eu passei perto de algumas árvores e a Cemig estava podando umas árvores. Eu não sei se eles fazem isso com conhecimento. Porque depois a gente vê as árvores caindo. Porque elas acabam morrendo com estas podas. Mas enfim, vi uma mulher passando eu comentei que estava precisando podar uma árvore no fundo da minha casa. Ela disse para ligar para a prefeitura: “eles vêem se estiver incomodando.” Ela disse:” a árvore que está incomodando, quebrando nosso passeio eles não tiram não. Mas tiram estas”. Então assim, eu vejo várias pessoas vendo apenas o seu umbigo, o seu passeio, que a raiz está estragando e as soluções são sempre mais drásticas. Então corta-se a árvore. Simples né? Mas que repercussão que isso tem? Tem tanta coisa que a gente pode fazer e de repente têm outras pessoas com maior potencial  que a sua ação pode atingir mais pessoas. Aí que estas mesmas têm que fazer mais campanhas. Mas é urgente. A gente está correndo sérios riscos porque realmente a Mãe Natureza não está sendo olhada. E está tudo interligado. A Mãe Terra, esta natureza que é a mulher, tudo que eu falei aqui que também não está sendo cuidada. Então é uma mudança mesmo global, geral, mas que começa no micro para ir aumentando. Que é obrigação do macro – Governos ­ fazerem. Aí é que está. Estão chegando às eleições, nossa responsabilidade de ir lá votar. Como é que isso pode ser mudado.

Jornal Oecoambiental: Nosso muito obrigado pela entrevista Ludmila Yarasu-Kai.  

Foto: Gabriela Borba