segunda-feira, 2 de agosto de 2021

REBECA ANDRADE CONQUISTA OURO - O BRASIL NAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO

 

Rebeca Andrade - medalha de ouro na gInástica em Tóquio - Foto: divulgação COb

   A primeira atleta brasileira a conquistar medalhas olímpicas históricas para o Brasil na ginástica artística, de ouro e prata, é a afrobrasileira – Rebeca Andrade.  

    A história de dedicação de Rebeca Andrade tem sua inspiração em Daiane dos Santos, a também brasileira, afrodescendente, que encantou o mundo na ginástica de solo com o “Brasileirinho” em 2000.

    A determinação de Rebeca prova que os projetos sociais esportivos são caminhos vitoriosos que geram talentos para o esporte brasileiro. Rebeca iniciou sua prática de ginasta no projeto social – “Iniciação Esportiva” da Prefeitura de Guarulhos – São Paulo.

   Na transmissão pela TV para milhões de brasileiros das Olimpíadas de Tóquio,  a apresentadora e ex – atleta Daiane dos Santos, que defendeu a ginástica brasileira no mundo durante anos, se emocionou relembrando sua história também de superação, junto com outros atletas desbravadores. Dizemos desbravadores, porque não há no Brasil uma política de incentivo à prática de esportes descentralizada nas comunidades como poderia haver.

 Superando barreiras e preconceitos as atletas afrobrasileiras inspiram a juventude (de todas as etnias) e as novas gerações de atletas que sonhar e vencer é possível.

  O Brasil é um país que possui um potencial muito grande a se desenvolver em todas as modalidades esportivas, De Daiane dos Santos, Rebeca Andrade a Arthur Zanetti.



Rayssa Leal - a "Fadinha" -  Foto: divulgação - COB

   A “Fadinha” Rayssa Leal, prata no skate na modalidade street, canalizou as atenções para a sadia prática dos esportes desde a infância. Tornou-se a medalhista mais jovem da história do Brasil, com apenas 13 anos de idade.  Rayssa é conhecida como “fadinha”, porque em 7 de setembro de 2015, estava fantasiada de fada azul e tentava uma manobra no skate conhecida como heelflip, uma das mais difíceis no esporte. Seus amigos gravaram, sem maiores pretensões, o momento em que conseguiu executar a manobra. A gravação viralizou nas redes sociais. 


Ítalo Ferreira  - medalha de ouro em Tóquio - Foto: divulgação COB


  Ítalo Ferreira, que conquistou a medalha histórica de ouro no surfe, é também nordestino, assim como Rayssa, no Brasil ainda há muito preconceito ou sentimentos xenofóbicos com relação aos nordestinos que precisam ser vencidos. Ítalo começou surfar com tampa de isopor. Na conquista do ouro, lembrou de sua avó, representando um país aonde a sabedoria dos mais velhos não é respeitada e valorizada como deveria.  No Japão, país anfitrião das Olimpiadas, há até um feriado nacional em comemoração ao Dia do Respeito ao  Idoso (Keiro no Hi), na terceira segunda feira de setembro. As crianças no Japão são educadas para respeitarem os mais velhos como exemplos de sabedoria.  E o desenvolvimento tecnológico do país emprega boa parte das suas inovações, para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. 


   O Brasil, contudo, apresenta nas Olimpíadas de Tóquio,  histórias de superação,  como a do nadador Bruno Fratus, bronze na natação. Uma lição de como a prática de esportes pode transformar a vida das pessoas. Bruno, venceu a depressão pela lesão sofrida pós Olimpíadas do Rio e com o apoio da esposa treinadora, ex-nadadora olímpica Michelle, teve sua vida transformada até a conquista do bronze em Tóquio.

   Mayra Aguiar, bronze no judô, superou cirurgias de ligamentos, para ser a maior medalhista da história do judô brasileiro. Fernando Sheffer, bronze na natação em Tóquio, treinou em um açude meses antes dos Jogos. Exemplos de superação. Lições de vida para a sociedade. 


Bruno Fratus -  bronze na natação  recebe em Tóquio - beijo de sua esposa Michelle Lenhardt  Foto: divulgação COB

    O Brasil pode, havendo políticas de incentivo popular à prática de esportes, se tornar em poucos anos uma potência esportiva mundial.    O país pode e deve muito mais fazer para valorizar a juventude a praticar esportes.

   O Brasil marcado pelos contrastes sociais, ostenta o triste recorde de possuir uma das piores e mais desiguais distribuições de renda do mundo. Em marcantes momentos   de ginástica em Tóquio, Rebeca apresentou ao mundo o ritmo do funk, na ginástica de solo. Um ritmo que faz parte da cultura e retrata grande parte da população brasileira excluída de políticas sociais, nas favelas e periferias.

   A força dos esportes mobiliza atitudes que elevam as relações humanas a uma convivência mais saudável. É possível as sociedades evoluírem para vencer os preconceitos, barreiras, racismo, intolerâncias. Haja vista a delegação de refugiados, nas Olimpíadas de Tóquio. 

   A singularidade da espécie humana é nossa diversidade de etnias de potencialidades humanas que podem conquistar melhores condições de vida com dignidade para todos.

  O mundo pós pandemia precisa renovar-se. Aprender com os erros quando deixamos de respeitar nossa própria espécie e o meio ambiente. A pandemia trazendo sofrimentos produz um aprendizado de que temos que melhorar em muito nossa relação com a natureza e com todos nós seres humanos. Produzir mais solidariedade, fraternidade que a prática de esportes na superação de limites nos educa e nos convoca a vencer, em se tratando das desigualdades socioambientais que o Brasil apresenta e que é preciso vencer. Erradicar pandemias, fome e miséria. Pensar, agir e construir um mundo saudável, sustentável para todos e não apenas para alguns que ignoram a beleza de ser humano e da natureza que nos cerca. Algumas modalidades de esportes nos apresentam a possibilidade de harmonia entre os seres humanos com a natureza, como o surfe. 

   Com os bons exemplos de Rebeca, Daiane, Ítalo e atletas de todas as etnias que mobilizam nossas melhores energias, fazemos votos de que possamos dar saltos de qualidade no respeito a todas as etnias, povos e a natureza.

    Que as energias canalizadas nas disputas dos Jogos Olímpicos de Tóquio, durante a maior pandemia da história da humanidade, auxilie o mundo a construir sociedades que vençam racismos, intolerâncias, desigualdades sociais, a fome, a miséria e construamos, unindo nossas melhores energias, um mundo sustentável para todos. 


quinta-feira, 29 de julho de 2021

MENSAGEM DE ESPERANÇA DE POPOLE MISENGA - DA EQUIPE OLÍMPICA DE REFUGIADOS

 

Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga envia mensagem de esperança

FONTE: ONU - BRASIL
  • Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga iniciou sua segunda participação em Jogos Olímpicos na madrugada de quarta-feira, depois de ter cativado o público brasileiro na Rio 2016.
  • Apesar de ter perdido a disputa, o ACNUR parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes. 
  • O nome e história de Popole ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que ele buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal. 
  • A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR.
Legenda: Atualmente, o judoca Popole Misenga treina em uma escola de judô no Rio de Janeiro, fundada pelo medalhista olímpico Flávio Canto
Foto: © Benjamin Loyseau/ACNUR

Na madrugada desta quarta-feira (28), o refugiado congolês Popole Misenga competiu nos Jogos Tóquio 2020, integrando a Equipe Olímpica de Refugiados. Apesar de ter perdido a disputa para o húngaro Krizstian Toth, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes. 

Popole é uma referência do judô internacional e esta é a sua segunda Olimpíada. Seu nome e história ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que Popole buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal. 

“No Brasil eu consigo construir minha carreira para chegar aonde almejo. Eu me casei no Rio de Janeiro, tornei-me pai e sou um exemplo a ser seguido. Estou lutando para que a vida dos meus filhos seja melhor do que a minha, para que outras pessoas refugiadas se inspirem para alcançar seus sonhos”, disse o judoca, em uma entrevista concedida ao Comitê Olímpico Internacional.

História no esporte - Aos 29 anos, Popole já construiu uma história longa com o esporte. Quando tinha apenas 9 anos de idade, foi forçado a deixar Kisangani — na República Democrática do Congo —, fugindo de conflitos violentos na região. Ele perdeu a mãe e, separado da família, foi resgatado oito dias depois de ter sido encontrado em uma floresta da região. De lá, foi levado para a capital, Kinshasa, onde descobriu o judô em um centro para crianças deslocadas.

Com muito treino e disciplina, Popole tornou-se atleta da modalidade. Mas, a cada competição que não vencia, Popole sofria duras consequências, chegando a ser privado de água e comida. O cenário mudou em 2013, durante o Campeonato Mundial de Judô realizado no Rio de Janeiro, momento em que ele decidiu desertar da equipe nacional e solicitar proteção internacional no Brasil.

Depois de conseguir o status de refugiado, Popole começou a treinar no Instituto Reação, escola fundada pelo consagrado Flávio Canto, medalhista olímpico brasileiro. Na época, o atleta reforçou a importância do esporte em sua vida e como a modalidade lhe deu serenidade para continuar.

“No meu país, eu não tinha um lar, uma família ou amigos. A guerra causou muita morte e confusão, eu tive que aproveitar a chance que eu tive para estar em segurança em outro local”.

Acolhimento - Esta outra localidade foi justamente o Rio de Janeiro, cidade que o acolheu com aplausos pela sua participação na Rio 2016. Mesmo que no Japão Popole não conte com torcedores o apoiando, os motivos que o fazem competir não serão esquecidos.

A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR

Trajetória - Em sua primeira disputa olímpica, nos Jogos Rio 2016, Pople conseguiu vencer o experiente indiano Avtar Singh e fez história ao se tornar o primeiro atleta refugiado a passar de fase nas Olimpíadas. Na competição seguinte, foi eliminado nos últimos 40 segundos da luta pelo campeão mundial, o sul-coreano Donghan Gwak.

Mesmo com a derrota, Popole tornou-se um símbolo para diversas comunidades e espectadores dos Jogos naquele ano, tornando-se reconhecido publicamente, em especial entre a juventude brasileira, que se inspirou em seu passado de superações.

Após a Rio 2016, o judoca seguiu comprometido com os treinos e ampliando sua experiência. Em 2017, garantiu uma vaga para Tóquio 2020 durante o Torneio de Abertura na Arena Deodoro, no Rio de Janeiro, com uma medalha de prata na competição.

Acompanhe o time - Como forma de referenciar o potencial humano dos atletas refugiados, o ACNUR criou a página oficial do Time de Refugiados. Acesse para ver fotos, perfis, horários das competições e outras informações atualizadas sobre a participação da Equipe Olímpica de Refugiados.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

ESTUDO APONTA DECLÍNIO NA CAPTURA DE CARBONO NA AMAZÔNIA

 

Declínio na captura de carbono na Amazônia é abordado por agência da ONU em estudo

FONTE: ONU - BRASIL

Foto: © Incêndios aumentaram, contribuindo para o desmatamento na Amazônia

Em um estudo publicado pela revista especializada Nature na quarta-feira (20), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) chamou atenção para uma mudança de padrão na floresta Amazônica, que já está emitindo mais gás carbônico, CO2, do que absorvendo. Segundo a OMM, essa queda na captura de carbono é reflexo do desmatamento e da mudança climática. 

Cientista Brasileira - O estudo foi liderado pela cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Lucia Gatti, que também integra um comitê da OMM sobre emissões de gases de efeito estufa. 

Os pesquisadores avaliaram os fluxos de dióxido e de monóxido de carbono em quatro pontos diferentes da Amazônia. As medições foram feitas durante quase 600 voos pela região, entre 2010 e 2018. As emissões de CO2 são maiores no leste da Amazônia, onde houve diminuição das chuvas e aumento das temperaturas nas temporadas secas.  

Incêndios  - O levantamento destaca que “nos últimos 40 anos, a região sudeste da floresta Amazônica foi a que mais sofreu com o desmatamento e com o aquecimento”, na comparação com o lado oeste. O desmatamento e o aumento das temporadas de seca promovem um “stress no ecossistema, aumentam os incêndios e geram mais emissões de carbono”, de acordo com o estudo.  

Além do desmatamento, outro problema é a redução da fotossíntese, também resultado das mudanças climáticas pela Amazônia.  

Acordo de Paris - A OMM explica que, no mundo todo, as concentrações atmosféricas de CO2 continuam subindo para níveis recorde, sendo o desmatamento uma das principais razões para o efeito. A agência da ONU lembra que as florestas tropicais costumavam absorver muito CO2 até agora, mas as mudanças na temperatura e nas chuvas criaram um ambiente severo para a vegetação. O resultado é que as florestas estão se tornando emissoras de gases.  

“Exploramos o efeito das mudanças climáticas e tendências de desmatamento nas emissões de carbono em nossos locais de estudo, e descobrimos que a intensificação da estação seca e um aumento no desmatamento parecem promover estresse no ecossistema, aumento na ocorrência de incêndios e maiores emissões de carbono na Amazônia oriental. Isso está de acordo com estudos recentes que indicam um aumento na mortalidade das árvores e uma redução na fotossíntese como resultado das mudanças climáticas em toda a Amazônia ”, revelou a pesquisa.

A OMM destaca que uma das metas do Acordo de Paris sobre o Clima é conseguir um equilíbrio entre emissão e absorção dos gases de efeito estufa.  
Para ler o estudo na íntegra, acesse aqui.