Fonte: ONU - BRASIL
Uma missão de pesquisa científica apoiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) descobriu um dos maiores recifes de corais do mundo na costa do Taiti.
A condição intocada, a profundidade e a extensa área coberta pelos corais em forma de rosa fazem desta uma descoberta altamente valiosa e indica que podem haver outros recifes grandes não conhecidos.
Segundo a agência, os organismos que vivem nos corais são importantes para pesquisas na área da medicina e os corais ajudam na proteção da erosão costeira e até de tsunamis.
Na costa do Taiti, uma missão científica apoiada pela ONU descobriu um dos maiores recifes de corais do mundo. Ao anunciar a descoberta impressionante no dia 20 de janeiro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) informou que os mergulhadores exploraram grandes corais em forma de rosa que se estendem por cerca de três quilômetros a uma profundidade entre 30 e 65 metros.
As primeiras investigações sugerem que a profundidade em que se encontra os corais protegeu o grande recife do branqueamento, fenômeno biológico nocivo à vida aquática causado pelo aumento de temperaturas, geralmente relacionado ao aquecimento global.
“Foi mágico testemunhar corais gigantes e lindos em formato de rosas que se estendem até onde os olhos podem ver. Era como uma obra de arte”, disse Alexis Rosenfeld, fotógrafo francês e fundador da campanha #1Ocean, que liderou a missão de mergulho.
Tesouro enterrado - A descoberta do recife é altamente incomum devido à sua localização profunda, já que a grande maioria dos recifes de corais conhecidos do mundo estão localizado a cerca de 25 metros de profundidade.
Os corais em forma de rosa medem até dois metros de diâmetro e o próprio recife tem entre 30 metros e 65 metros de profundidade.
“Esta descoberta sugere que há muito mais recifes grandes por aí a profundidades de mais de 30 metros, no que é conhecido como a 'zona crepuscular' do oceano, que simplesmente não conhecemos”, relatou a UNESCO ao descrever o grande achado.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, disse que, até o momento, apenas “20% de todo o relevo oceânico foi mapeado” e por isso, “a descoberta notável no Taiti demonstra o trabalho incrível de cientistas que estão ampliando os conhecimentos sobre tudo o que se encontra nas profundezas”.
“Conhecemos a superfície da lua melhor do que o oceano profundo”, constatou ela. “Esta notável descoberta no Taiti demonstra o incrível trabalho de cientistas que, com o apoio da UNESCO, ampliam nosso conhecimento sobre o que está por baixo.”
Um grande avanço - Encontrar recifes de coral desse tamanho é significativo porque eles são uma importante fonte de alimento para outros organismos e, como tal, podem ajudar na pesquisa em torno da biodiversidade.
Organismos que vivem em recifes também podem ser importantes para pesquisas medicinais, enquanto do ponto de vista da sustentabilidade, os recifes podem fornecer proteção contra a erosão costeira e até tsunamis.
“A Polinésia Francesa sofreu um evento de branqueamento significativo em 2019, no entanto, este recife não parece ter sido significativamente afetado”, disse a pesquisadora Laetitia Hedouin, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e do órgão de pesquisa ambiental CRIOBE, que esteve presente na missão.
Boas notícias - “A descoberta deste recife em tão bom estado é uma boa notícia e pode inspirar a conservação futura. Achamos que os recifes mais profundos podem ser mais bem protegidos do aquecimento global”, celebra Hedouin
Até agora, muito poucos cientistas conseguiram localizar, investigar e estudar recifes de coral a profundidades superiores a 30 metros. No entanto, os avanços na tecnologia significaram que mergulhos mais longos nessas profundidades agora são possíveis.
No total, a equipe realizou mergulhos que totalizaram cerca de 200 horas para estudar o recife, e puderam testemunhar a desova dos corais. Outros mergulhos estão planejados nos próximos meses para continuar as investigações ao redor do recife.
Ação para o oceano - A expedição que fez a descoberta fez parte da iniciativa de mapeamento oceânico da UNESCO.
A UNESCO é a agência da ONU responsável pela pesquisa oceânica. A Comissão Oceanográfica Intergovernamental, fundada em 1960 sob o mandato da agência, envolve 150 países, coordena programas globais como mapeamento oceânico e sistema de alerta de tsunami, além de inúmeros projetos de pesquisa científica.
A agência também é a guardiã de lugares oceânicos únicos, através de 232 reservas da biosfera marinha e 50 sítios marinhos do Patrimônio Mundial de Valor Universal Excepcional.
A UNESCO lidera a Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável, de 2021 a 2030, que este ano envolve várias grandes cúpulas internacionais para ampliar a cooperação e a ação internacional.
A campanha #1Ocean é liderada pelo fotógrafo explorador Alexis Rosenfeld, em parceria com a UNESCO para a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável. Todos os anos, até 2030, serão realizadas expedições oceânicas para registrar bens para a humanidade, as ameaças que os oceanos enfrentam e as soluções que podemos oferecer.