segunda-feira, 12 de setembro de 2022

ESCRAVIDÃO MODERNA ATINGE CERCA DE 50 MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO - SEGUNDO RELATÓRIO DA OIT


FONTE: ONU - BRASIL

Um relatório divulgado nesta segunda-feira (12) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com a Walk Free e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que o número de vítimas de escravidão moderna atingiu, no ano passado, a marca de 50 milhões.

O documento, Global Estimates of Modern Slavery” (disponível apenas em inglês) mostra que do total, 28 milhões de pessoas realizavam trabalhos forçados e 22 milhões estavam presas em casamentos forçados. Quase uma em cada oito pessoas que realizavam trabalhos forçados no ano passado é criança (3,3 milhões). Mais da metade delas é vítima de exploração sexual comercial.

O número de vítimas de 2021 é 10 milhões mais alto do que o número de pessoas que estavam em situação de escravidão moderna em 2016.

As mais recentes estimativas mostram que o trabalho forçado e o casamento forçado aumentaram significativamente nos últimos cinco anos, de acordo com a OIT, Walk Free e OIM.
Legenda: As mais recentes estimativas mostram que o trabalho forçado e o casamento forçado aumentaram significativamente nos últimos cinco anos, de acordo com a OIT, Walk Free e OIM.
Foto: © OIM

O número de pessoas em situação de escravidão moderna aumentou consideravelmente nos últimos cinco anos. No ano passado, 10 milhões de pessoas a mais estavam em situação de escravidão moderna em comparação com as estimativas globais de 2016. Mulheres e crianças continuam sendo desproporcionalmente vulneráveis.

A escravidão moderna está presente em quase todos os países do mundo e atravessa fronteiras étnicas, culturais e religiosas. Mais da metade (52%) de todos os casos de trabalho forçado e um quarto de todos os casamentos forçados ocorrem em países de rendas média alta ou alta.

A maioria dos casos de trabalho forçado (86%) ocorre no setor privado. O trabalho forçado em outros setores que não o da exploração sexual comercial representa 63% de todo o trabalho forçado, enquanto a exploração sexual comercial forçada representa 23% de todo o trabalho forçado. Quase quatro em cada cinco vítimas de exploração sexual comercial forçada são mulheres ou meninas.

O trabalho forçado imposto pelo Estado representa 14% das pessoas submetidas ao trabalho forçado.

Quase uma em cada oito pessoas que realizavam trabalhos forçados é criança (3,3 milhões). Mais da metade delas é vítima de exploração sexual comercial.

Casamento forçado - Estima-se que 22 milhões de pessoas viviam em um casamento forçado em um algum dia de 2021. Isso indica um aumento de 6,6 milhões em relação às estimativas globais de 2016.

A verdadeira incidência de casamentos forçados, particularmente aqueles envolvendo crianças de 16 anos ou menos, é provavelmente muito maior do que as estimativas atuais podem capturar; estes são baseados em uma definição restrita e não incluem todos os casamentos infantis. Os casamentos infantis são considerados forçados porque a criança não pode consentir legalmente com o casamento.

O casamento forçado está intimamente ligado a atitudes e práticas patriarcais há muito arraigadas e depende em grande medida do contexto. A esmagadora maioria dos casamentos forçados (mais de 85%) foi impulsionada pela pressão familiar. Embora dois terços (65%) dos casamentos sejam encontrados na Ásia e no Pacífico, quando o tamanho da população regional é considerado, a prevalência é mais alta nos Estados Árabes, com 4,8 pessoas em cada mil na região em situação de casamento forçado.

Migrantes - Trabalhadores migrantes têm mais de três vezes mais probabilidade de estar em trabalho forçado do que trabalhadores adultos não-migrantes. Embora a migração laboral tenha um efeito amplamente positivo sobre as pessoas, famílias, comunidades e sociedades, esta descoberta demonstra como as pessoas migrantes são particularmente vulneráveis ao trabalho forçado e ao tráfico de pessoas, seja devido à imigração irregular ou mal governada ou a práticas de recrutamento injustas e antiéticas.

“É chocante que a situação da escravidão moderna não esteja melhorando. Nada pode justificar a persistência dessa violação fundamental dos direitos humanos”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “Sabemos o que precisa ser feito e sabemos que pode ser feito. Políticas e regulamentações nacionais eficazes são fundamentais. Mas os governos não podem fazer isso sozinhos. As normas internacionais fornecem uma base sólida e é necessária uma abordagem que inclua todas as partes. Sindicatos, organizações de empregadores, sociedade civil e pessoas comuns têm um papel vital a desempenhar.”

O diretor-geral da OIM, António Vitorino, afirmou: "Este relatório destaca a urgência de garantir que toda a migração seja segura, ordenada e regular. A redução da vulnerabilidade das pessoas migrantes ao trabalho forçado e ao tráfico de pessoas depende, em primeiro lugar, de estruturas políticas e jurídicas que respeitem, protejam e cumpram com os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todos os migrantes - e potenciais migrantes - em todas as fases do processo de migração, independentemente de seu status de migração. Toda a sociedade deve trabalhar junta para reverter essas tendências chocantes, inclusive por meio da implementação do Pacto Global sobre Migração”.

A diretora fundadora da Walk Free, Grace Forrest, disse que a escravidão moderna é a antítese do desenvolvimento sustentável.  “No entanto, em 2022, continua a sustentar nossa economia global. É um problema criado pelo homem, relacionado tanto com escravidão histórica quanto com a desigualdade estrutural persistente . Em tempos de crises cada vez mais profundas, a vontade política genuína é a chave para acabar com esses abusos dos direitos humanos”, comentou.

Soluções - O relatório propõe uma série de ações recomendadas que, tomadas em conjunto e rapidamente, contribuiriam muito para acabar com a escravidão moderna. Essas incluem: melhorar e fazer cumprir as leis e as inspeções do trabalho; pôr fim ao trabalho forçado imposto pelo Estado; fortalecer as medidas de combate ao trabalho forçado e ao tráfico de pessoas em empresas e cadeias de suprimentos; ampliar a proteção social e fortalecer as proteções legais, incluindo o aumento da idade legal do casamento para 18 anos sem exceção.

Outras medidas incluem abordar o aumento do risco de tráfico de pessoas e de trabalho forçado para trabalhadores(as) migrantes, promover o recrutamento justo e ético e aumentar o apoio a mulheres, meninas e pessoas vulneráveis.

Nota - A escravidão moderna, conforme definida no relatório, consiste em dois componentes principais: trabalho forçado e casamento forçado. Ambos se referem a situações de exploração nas quais uma pessoa não pode recusar ou deixar devido a ameaças, violência, coerção, engano ou abuso de poder. Trabalho forçado, conforme definido na Convenção sobre o Trabalho Forçado da OIT, 1930 (nº 29) , refere-se a “todo trabalho ou serviço que é exigido de qualquer pessoa sob a ameaça de qualquer penalidade e para o qual essa pessoa não se voluntaria. A "economia privada" inclui todas as formas de trabalho forçado, exceto o trabalho forçado imposto pelo Estado.

MILHÕES DE PESSOAS SOFREM NO PAQUISTÃO EM CONSEQUÊNCIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

 FONTE: ONU - BRASIL

   Em visita ao Paquistão nesta sexta-feira (9), o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo por aumento de doações humanitárias às vítimas das inundações que arrasaram o país nos últimos dias. A organização solicita ao menos 160 milhões de dólares para ajudar as vítimas.

Entre 33 milhões e 35 milhões de pessoas foram afetadas, tanto pela perda de vida quanto pelos danos aos meios de sobrevivência. Pelas atuais estimativas, os danos causados pelo evento climático extremo chegam a 30 bilhões de dólares.

O secretário-geral lembrou que o Paquistão é um dos países que está sendo injustamente prejudicado pela crise climática e destacou que as emissões de gases estufa seguem em alta à medida que as pessoas morrem em inundações e fome, o que ele considerou “loucura” e “suicídio coletivo”.

Nos próximos dias, o secretário-geral deve estar em contato com famílias deslocadas em território paquistanês e acompanhar a atuação humanitária no socorro às vítimas.

Mais de 420 mil refugiados afegãos vivem nas áreas do Paquistão mais afetadas pelas chuvas torrenciais e inundações repentinas.
Legenda: Mais de 420 mil refugiados afegãos vivem nas áreas do Paquistão mais afetadas pelas chuvas torrenciais e inundações repentinas.
Foto: © Humera Karim/ACNUR

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu ao mundo que contribua com fundos em larga escala para ajudar o Paquistão.

Falando nesta sexta-feira (9) da capital Islamabad, o líder da ONU disse que o país precisa de apoio financeiro de grande dimensão para responder à crise provocada pelas inundações.

As declarações foram feitas ao lado do ministro paquistanês dos Negócios Estrangeiros, Bilawal Bhutto Zardari, com quem Guterres visitará as áreas afetadas neste fim de semana.

O secretário-geral declarou que uma importante razão da visita é chamar a atenção da comunidade internacional para a catástrofe climática em curso.  Ele pediu ajuda financeira urgente para que o país realize ações de assistência e recuperação. Para Guterres, a questão não é de solidariedade ou generosidade, mas sim de justiça.

Baseado nesse argumento, o ministro Bhutto Zardari afirmou que um em cada sete cidadãos paquistaneses foi afetado pelas chuvas de monção. Para o chefe da diplomacia paquistanesa, a solidariedade internacional ajudará o país a retornar à normalidade.

Ele lembrou que um terço do país está submerso. Entre 33 milhões e 35 milhões de pessoas foram arrasadas pela perda de vidas, bem como pelos danos aos meios de sobrevivência. Atualmente, estas enfrentam o que o chefe da ONU chamou de “ameaça real de fome, doenças e danos avultados”.

António Guterres disse que o país precisa de apoio financeiro de grande dimensão
Legenda: António Guterres disse que o país precisa de apoio financeiro de grande dimensão.
Foto: © Eskinder Debebe/ONU

Emissões - Antes, o líder das Nações Unidas se reuniu com o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif. Ambos lembraram que o país não contribuiu para a mudança climática, mas é um dos mais impactados pela crise.

Estima-se que as inundações tenham desalojado mais de meio milhão de pessoas e destruído plantações comerciais e infraestrutura de comunicação.

Guterres destacou que o Paquistão e outros países em desenvolvimento, do Chifre da África ao Sahel, pagam um preço terrível pela intransigência de grandes emissores, “que continuam apostando nos combustíveis fósseis, em confrontação à ciência, ao bom senso e à decência humana básica”.

O secretário-geral destacou que as emissões seguem em alta à medida que as pessoas morrem em inundações e fome o que considerou “loucura” e “suicídio coletivo”.

Compromisso - Falando ao mundo ele disse que o apelo global é que se pare com a loucura, a guerra contra a natureza e que se invista de imediato em energia renovável.

Numa realidade em que a crise aumenta e se observa que a maioria dos países ainda não está preparada, ele pediu aos países desenvolvidos que ofereçam ao Paquistão e a outras nações na linha de frente os recursos financeiros e técnicos necessários para  sobreviver a eventos climáticos extremos como as atuais inundações.

Na ocasião, o chefe da ONU pediu que metade de todo o financiamento climático seja para a adaptação e resiliência no mundo em desenvolvimento.

Ele pediu que os países desenvolvidos criem um roteiro confiável para sustentar o compromisso de dobrar o apoio financeiro.

Crianças afetadas por inundações no Paquistão sendo examinadas por especialistas em saúde.
Legenda: Crianças afetadas por inundações no Paquistão sendo examinadas por especialistas em saúde.
Foto: © Sami Malik/UNICEF

Saúde e alimentos - Para abordar as perdas e danos causados pela crise climática, o apelo lançado aos governos é que dediquem a seriedade que o tema merece na próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, COP 27.

Pelas atuais estimativas, os danos causados ​​pelas inundações no Paquistão chegam a 30 bilhões de dólares.

Em apelo urgente, a ONU solicitou 160 milhões de dólares para ajudar as vítimas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre dezenas de milhares de pacientes com diarreia, malária e várias infecções agudas nas regiões afetadas.

No terreno, cerca de 400 mil pessoas receberam assistência do Programa Mundial de Alimentos (WFP). 

A agência está ampliando sua resposta de emergência para alcançar 1,9 milhão de afetados que sofrem após terem perdido casas, gado, alimentos, infraestrutura, terras agrícolas e colheitas.  O apoio foi canalizado às províncias de Baluquistão, Khyber Pakhtunkhwa e Sindh.

Nos próximos dias, o secretário-geral deve estar em contato com famílias deslocadas em território paquistanês e acompanhar a atuação humanitária no socorro às vítimas.

domingo, 11 de setembro de 2022

DIA DO CERRADO - 11 DE SETEMBRO

 

Foto: divulgação

Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil em extensão. Ele abrange os estados do: Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Além disso, ocupa uma pequena área de outros seis estados.

O clima predominante no cerrado é tropical sazonal, com períodos de chuvas e de secas. Já a sua vegetação, é caracterizada por árvores de troncos retorcidos, gramíneas e arbustos. Em geral, as árvores são de pequeno porte e esparsas. (Fonte: Toda Matéria)


11 DE SETEMBRO É O DIA NACIONAL DO CERRADO

 O BIOMA É O SEGUNDO MAIOR DA AMÉRICA DO SUL 

REPORTAGEM DE REGINA PINHEIRO 

  O Dia Nacional do Cerrado foi criado em 2003 para chamar atenção sobre a necessidade de se preservar esse que é o segundo maior bioma da América do Sul e do Brasil só perdendo para a Floresta Amazônica. O período de seca desta época do ano aumenta o risco de incêndios no Cerrado. Recentemente, uma grande área do Parque Nacional de Brasília foi destruída pelo fogo.  Basta uma ponta de cigarro acesa para que a vegetação seja destruída e os animais que  fazem parte do bioma morram. O dia 11 de setembro também foi escolhido para homenagear um dos fundadores da Rede Cerrado, o ambientalista Ary José de Oliveira, Ary Para-raios, que nasceu neste dia, no ano de 1931.


  O Cerrado é considerado o berço das águas brasileiras, abrigando nascentes de importantes rios como o São Francisco e Tocantins. A sua vegetação rasteira, composta em maioria por árvores de pequeno porte, arbustos e gramíneas,  proporciona a captação da chuva com suas raízes, fazendo com que o solo estoque água.  

    Considerado a savana brasileira, o Cerrado abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, com mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. A maior parte do Cerrado brasileiro está localizada no Planalto Central. O bioma está presente nas áreas do Distrito Federal e nos Estados de Goiás, Tocantins, além da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Paraná. Da Rádio Senado, Regina Pinheiro.  ( Fonte: Agência Senado)

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

FESTIFRANCE - 2022 - 13 a 18 DE SETEMBRO EM BH












   



FESTiFRANCE chega à oitava edição

Programação presencial ocorre no Cine Santa Tereza entre os dias 13 e 18 de setembro.

O FESTiFRANCE Brasil é uma mostra competitiva de cinema francês que acontecerá em Belo Horizonte, de 13 a 18 de setembro, em parceria com o Cine Santa Tereza. O evento, destinado a profissionais e amantes do Cinema, é organizado pela Sokol.M Compagny, companhia francesa que atua na produção e na divulgação de eventos culturais.

O festival é composto por longas e curtas-metragens, nos formatos de ficção, animação e documentários. Como mostra competitiva, promove o contato entre público, júri, profissionais e jovens cineastas. Além das exibições dos filmes, o FESTiFRANCE oferece workshops, conferências e oficinas sobre cinema. Em janeiro de 2023, a diretora francesa Naïs Van Laer virá à Belo Horizonte para um Workshop de escrita de filmes documentais e fotografia. ( FONTE:AFBH/SCAC)

Confira mais detalhes sobre a programação

Serviço: 8º FESTiFRANCE

Endereço: Cine Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89 - Santa Tereza, map) e Canal da SOKOL.M TV

Datas: 13 a 18 de setembro de 2022

DETERIORAÇÃO DAS FONTES DE ÁGUA DOCE NO MUNDO

  Fonte: ONU - BRASIL 

  Durante a Semana Mundial da Água, realizada de 23 de agosto a 1º de setembro, em Estocolmo, os países foram incentivados a fazer mais para proteger seus lagos, rios e pântanos, que muitas vezes são negligenciados quando se trata de conservação.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) defende que proteger estes ecossistemas de água doce deveria ser uma prioridade máxima ao redor do globo, visto seus impactos no clima, na biodiversidade e até na economia.

A situação atual, enquanto isso, é alarmante, com uma em cada cinco bacias hidrográficas do mundo tendo experimentado flutuações nas águas superficiais fora de sua faixa natural nos últimos cinco anos.

 

Vista de Danau Sentarum, na Indonésia, o maior lago com maré do mundo, que fica completamente vazio durante a estação seca.
Legenda: Vista de Danau Sentarum, na Indonésia, o maior lago com maré do mundo, que fica completamente vazio durante a estação seca.
Foto: © Ramadian Bachtiar/Center for International Forestry Research (CIFOR)

Na China, em partes do rio mais longo da Ásia, o Yangtse, foram registrados recordes nos baixos níveis de água, causando perturbações na energia hidrelétrica, interrompendo a navegação e forçando as principais empresas a suspenderem as operações. Milhões de pessoas já enfrentaram cortes de energia. Enquanto isso, na Alemanha, o nível anormalmente baixo do Reno tem afetado a navegação e a economia.

Em 2022, vimos em várias partes do planeta os efeitos colaterais da crise climática nos ecossistemas de água doce, com períodos secos cada vez mais frequentes e intensos, intercalados por enchentes e precipitações extremas. Nos últimos cinco anos, uma em cada cinco bacias hidrográficas experimentou flutuações nas águas superficiais fora de sua faixa natural.

Especialistas ambientais afirmam que tais exemplos destacam os perigos de se considerar os ecossistemas de água doce como um bem garantido. Durante a Semana Mundial da Água, realizada de 23 de agosto a 1º de setembro, em Estocolmo, os países foram incentivados a fazer mais para proteger seus lagos, rios e pântanos, que muitas vezes são negligenciados quando se trata de conservação.

“Os ecossistemas de água doce trazem benefícios de grande escala para a sociedade, o clima, a natureza, a biodiversidade e as economias, portanto, protegê-los é uma prioridade máxima”, destaca o chefe da Unidade de Ecossistemas de Água Doce do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Joakim Harlin.

Poluição - Uma outra ameaça aos habitats de águas superficiais — lar de 10% de todas as espécies conhecidas, com 55% de todos os peixes dependendo dos ecossistemas de água doce para sua sobrevivência — é a poluição. Pesquisas do PNUMA mostram que cerca de um terço de todos os rios da América Latina, África e Ásia sofrem de grave poluição patogênica. A poluição orgânica severa é encontrada em aproximadamente um em cada sete rios, e a poluição severa e moderada por salinidade em cerca de 10% de todos os rios.

Segundo um estudo global recém publicado pelo PNUMA, a tendência da humanidade de desvalorizar o meio ambiente provocou uma crise global de biodiversidade que está levando um milhão de espécies à extinção.

Uma das conclusões do relatório indica que as decisões políticas e econômicas são frequentemente baseadas em um conjunto restrito de valores de mercado que não levam em consideração os valores intrínsecos, espirituais, culturais e recreativos dos ecossistemas. 

Zonas úmidas - As zonas úmidas, por exemplo, têm um enorme valor cultural, inclusive para os povos indígenas, e são um refúgio para todos, desde observadores de pássaros até aventureiros. Mas elas, em particular, têm sido desvalorizadas há muito tempo. Durante a maior parte dos últimos 200 anos, as turfeiras e pântanos têm sido vistos como zonas improdutivas. Cerca de 85% delas foram perdidas desde 1700, sendo que muitas foram drenadas.

Entretanto, ciências emergentes sugerem que as turfeiras absorvem o dióxido de carbono que aquece o planeta e armazenam duas vezes mais carbono do que todas as florestas do mundo.

Harlin diz que este último relatório demonstra que “alcançar um futuro sustentável e justo exige que reconheçamos e integremos as contribuições das áreas úmidas para as pessoas e seu bem-estar”. Ele afirma que há cinco fatores cruciais para a preservação dos ecossistemas de água doce. 

“Devemos parar de destruir e começar a restaurar as zonas úmidas; parar de extrair dos rios e aquíferos em excesso; assegurar a conectividade para peixes e outras espécies aquáticas ao longo dos caminhos da água; lidar com a poluição e limpar as fontes de água doce, usar com sabedoria as zonas úmidas e integrar a água e as zonas úmidas nos planos de desenvolvimento e gestão de recursos.”

Preservação - A salvaguarda de áreas úmidas requer monitoramento, proteção, restauração, melhor gerenciamento, finanças e priorização do governo. O PNUMA tem alcançado progresso nesta área ao se envolver com governos e legisladores para melhorar a gestão de recursos hídricos, destacar questões emergentes e trabalhar com parceiros para coletar e analisar dados dos corpos d'água, incluindo sua extensão e qualidade ao longo do tempo.

Um exemplo é a Global Peatlands Initiative (Iniciativa Global pelas Turfeiras, em tradução livre), liderada pelo PNUMA, uma parceria que enfrenta a crise ambiental e climática através da colaboração sul a sul para a restauração e manejo sustentável das turfeiras.

Plataformas como o Freshwater Ecosystems Explorer (Buscador de Ecossistemas de Água Doce, em tradução livre) e a colaboração com cientistas, pesquisadores e analistas de dados em todo o mundo apoiados pelo Centro PNUMA-DHI sobre Água e Meio Ambiente permitem fluxos de informação atualizados e confiáveis para os legisladores e para a outras partes que trabalham com recursos hídricos.