Nosso Jornal Oecoambiental divulga alguns autores que abordam temas e questões ambientais. Levando-se em conta a multiplicidade e diversidade cultural de povos, saberes e visões sobre a realidade socioambiental que vivemos, nosso objetivo é contribuir na difusão da informação e educação socioambiental.
Segue a introdução de um texto de Enrique Leff, mexicano, Doutor em Economia do Desenvolvimento pela Soborne, França. Especializado em Economia Política do Meio Ambiente e em Educação Ambiental.
A Formação do Saber Ambiental (*)
" A construção de uma racionalidade ambiental implica a formação de um novo saber e a integração interdisciplinar do conhecimento, para explicar o comportamento de sistemas socioambientais complexos. O saber ambiental problematiza o conhecimento fragamentado em disciplinas e a administração setorial do desenvolvimento, para constituir um campo de conhecimentos teóricos e práticos orientado para a rearticulação das relações sociedade-natureza. Este conhecimento não se esgota na extensão dos paradigmas da ecologia para compreender a dinâmica dos processos socioambientais, nem se limita a um componente ecológico nos paradigmas atuais do conhecimento. O saber ambiental excede as "ciências ambientais", constituídas como um conjunto de especializações surgidas da incorporação dos enfoques ecológicos às disciplinas tradicionais - antropologia ecológica; ecologia urbana; saúde, psicologia, economia e engenharia ambientais - e se estende além do campo de articulação das ciências ( Leff, 1986/2000), para abrir-se ao terreno dos valores éticos, dos conhecimentos práticos e dos saberes tradicionais.
O saber ambiental emerge do espaço de exclusão gerado no desenvolvimento das ciências, centradas em seus objetos de conhecimento, e que produz o desconhecimento de processos complexos que escapam à explicação dessas disciplinas. Exemplo disto é o campo de externalidades no qual a economia situa os processos naturais e culturais, e inclusive a inequitativa distribuição da renda e a desigualdade social gerada pela lógica do mercado e pela maximização de benefícios a curto prazo.
O discuso ambiental vai se conformando a partir de uma posição crítica da razão instrumental e da lógica do mercado, que emerge da natureza externalizada e do socical marginalizado pela racionalidade econômica. Os pontos cegos e os impensáveis dessa razão modernizante - o ambiente excluído, oprimido, degradado e desintegrado - não se preenchem ecologizando a economia, mas transformando seus paradigmas de conhecimento para construir uma nova racionalidade social. Sob esta perspectiva, o ambiente transforma as ciências e gera um processo de ambientalização interdisciplinar do saber. " (*)- ( Leff, Enrique - Saber Ambiental - Cap. X - "A formação do saber ambiental" - Ed. Vozes )
" A construção de uma racionalidade ambiental implica a formação de um novo saber e a integração interdisciplinar do conhecimento, para explicar o comportamento de sistemas socioambientais complexos. O saber ambiental problematiza o conhecimento fragamentado em disciplinas e a administração setorial do desenvolvimento, para constituir um campo de conhecimentos teóricos e práticos orientado para a rearticulação das relações sociedade-natureza. Este conhecimento não se esgota na extensão dos paradigmas da ecologia para compreender a dinâmica dos processos socioambientais, nem se limita a um componente ecológico nos paradigmas atuais do conhecimento. O saber ambiental excede as "ciências ambientais", constituídas como um conjunto de especializações surgidas da incorporação dos enfoques ecológicos às disciplinas tradicionais - antropologia ecológica; ecologia urbana; saúde, psicologia, economia e engenharia ambientais - e se estende além do campo de articulação das ciências ( Leff, 1986/2000), para abrir-se ao terreno dos valores éticos, dos conhecimentos práticos e dos saberes tradicionais.
O saber ambiental emerge do espaço de exclusão gerado no desenvolvimento das ciências, centradas em seus objetos de conhecimento, e que produz o desconhecimento de processos complexos que escapam à explicação dessas disciplinas. Exemplo disto é o campo de externalidades no qual a economia situa os processos naturais e culturais, e inclusive a inequitativa distribuição da renda e a desigualdade social gerada pela lógica do mercado e pela maximização de benefícios a curto prazo.
O discuso ambiental vai se conformando a partir de uma posição crítica da razão instrumental e da lógica do mercado, que emerge da natureza externalizada e do socical marginalizado pela racionalidade econômica. Os pontos cegos e os impensáveis dessa razão modernizante - o ambiente excluído, oprimido, degradado e desintegrado - não se preenchem ecologizando a economia, mas transformando seus paradigmas de conhecimento para construir uma nova racionalidade social. Sob esta perspectiva, o ambiente transforma as ciências e gera um processo de ambientalização interdisciplinar do saber. " (*)- ( Leff, Enrique - Saber Ambiental - Cap. X - "A formação do saber ambiental" - Ed. Vozes )
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