CAMINHADA PELA PRESERVAÇÃO DE ÁREAS VERDES DE BH UNE IGREJA CATÓLICA E MOVIMENTOS AMBIENTAIS
Cuidar da Casa Comum e da Paz para construir uma nova sociedade
Neste sábado, 3 de outubro, véspera do Dia de São Francisco de Assis, a Região Norte da Cidade vai presenciar, pela primeira vez, a união de moradores, entidades ambientais, de moradores, sociais, paróquias e jovens da Igreja Católica de Belo Horizonte, que marcharão pelas avenidas e ruas levando a bandeira pela preservação das áreas verdes da Cidade. Integrantes do Movimento Salve a Mata do Planalto, do Parque Jardim América, Manuelzão, Gandarela, Lagoa Seca, Serra do Curral, Lagoa da Pampulha, Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAMBH), Rede Verde, Estação Ecológica Cercadinho, entre outras entidades integram essa frente de luta e resistência.
A concentração será às 13h30 horas no terreno onde está sendo construída a Catedral Cristo Rei, na avenida Cristiano Machado, 11.910, bairro Juliana, em frente ao Shopping Estação, e deverá contar com a presença do Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Azevedo de Oliveira.
Depois os manifestantes seguirão em caminhada pelas ruas e avenidas dos bairros Vila Clóris e Planalto, vestidos de branco e verde e portando sombrinhas. Na Rua Bacuraus será dado um abraço simbólico na Mata do Planalto. No final Dom Edson Oriolo, Arcebispo Auxiliar, celebrará a Missa no encerramento da caminhada no Colégio Santa Maria, rua Adelina Sales Pereira, 273, bairro Planalto.
Promovido pelo Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, em parceria com a Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição e movimentos sociais de defesa das áreas verdes da capital mineira, o evento também conta com a participação das paróquias e dos jovens que irão celebrar, na programação, o Dia Nacional da Juventude da Rensc (DNJ). A Arquidiocese de Belo Horizonte abraçou a defesa das áreas verdes da Cidade, que estão ameaçadas de extinção. Ela atendeu também o que preconiza o Papa Francisco na Encíclica Laudato Sí. De acordo com a Encíclica a mãe terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável. O Papa alerta para a escassez da água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. O Vicariato Episcopal, por intermédio do Padre Chico Pimenta, ouviu o pedido de socorro dos representantes de moradores, movimentos ambientais e sociais, que denunciam o descaso dos órgãos públicos para a preservação desses espaços, entregando-os para construtoras.
Mata do Planalto
A Mata do Planalto, área de mais de 200 mil metros quadrados, que abriga espécies da fauna e da flora em extinção e 20 nascentes, que abastecem o córrego Bacuraus, chega aos Rios das Velhas e São Francisco, está ameaçada de extermínio pela especulação
imobiliária. Há mais de seis anos os moradores lutam pela preservação da área, enquanto o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), órgão da Secretaria Municipal de Meio Ambiente autorizou, por meio de Licença Prévia, a construção de 16 prédios, 16 andares, 760 apartamentos e mais de 1300 vagas de garagens.
No dia 23 de setembro, o Comam não cancelou a Licença Prévia, ignorando recomendação do Ministério Público Estadual e da própria Procuradoria Geral do Município que reconhece erros no processo e aprovou diligência à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. No final de outubro, o Comam deve decidir se cancela a licença prévia, mas depende da posição da Secretaria Municipal. Isso provocou descontentamento nas lideranças do Movimento Salve a Mata do Planalto, que solicitaram ao Desembargador Osvaldo Oliveira Araújo, do Tribunal de Justiça de Minas, um posicionamento a respeito da Medida Liminar pleiteada e da decisão judicial sobre os processos: Ação Popular e Agravo de Instrumento.
Parque Jardim América
Outra área que vem sofrendo a pressão do Poder Público e construtora para sua real extinção é o Parque Jardim América, situado na Região Oeste de BH. Desde 2011 os moradores lutam pela preservação da última área remanescente da extinta fazenda das Goiabeiras, que deu origem ao bairro em 1929. A área possui árvores centenárias e grande valor histórico e ambiental. O Comam concedeu a uma construtora Licença Prévia e a Licença de implantação para construção de um empreendimento imobiliário. O Ministério Público Estadual propôs uma Ação Civil Pública, obtendo uma liminar que suspendeu a intervenção de qualquer edificação na área até a decisão final do processo. Os moradores do bairro Jardim América vêm resistindo ao projeto e atuando com reuniões semanais, audiências públicas e eventos culturais.
Belo Horizonte já perdeu o título de Cidade Jardim. A Serra do Curral foi entregue a inúmeros empreendimentos, a mineradoras e à invasão descontrolada. Muitas outras áreas sofrem com pressão e abandono, Lagoa Seca, Lagoa da Pampulha, Gandarela, Ocupações Isidora (Esperança, Vitória e Rosa Leão), entre outros.
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