terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O ser humano diante os conflitos sociambientais - artigo


   Dizer que estamos todos felizes no Brasil e no mundo poderia ser verdade. No entanto, sabemos das mazelas da sociedade globalizante que os seres humanos estão construindo. Globalizam-se os prejuízos para a maioria dos países e da população mundial e privatizam-se em pequenas minorias os lucros cada vez maiores.
   Estávamos numa aula onde um participante do Curso O Cidadão e o Meio Ambiente, no Centro de Cultura Nansen Araújo em Belo Horizonte, contou uma história. Ele trabalha realizando filmes para a TV Paraguaia sobre os animais silvestres que são feridos diante a agressão dos seres humanos ao meio ambiente pelo interior do país. Em visita a um povo indígena ele entregou um caramelo a uma criança. Ela imediatamente chamou todas as crianças e dividiu um pedaço para cada um. Dividir para aquelas crianças e aquela cultura faz parte do cotidiano.
   Saber que seres humanos ainda são capazes de fazer isso em pleno século XXI é um alento. Podemos ainda pensar que existem civilizações na qual poderíamos refletir culturas. As culturas diversas são ainda esperança de que possamos organizar sociedades ambientalmente mais justas. Por isso valorizar culturas locais, povos, populações tradicionais, seja vivenciar conflitos.
   O individualismo mina cada vez mais o diálogo entre as pessoas. Quando achamos que estamos conversando, estamos exercendo papéis pré-estabelecidos seja na internet através de redes sociais, seja no pouco tempo para a convivência das famílias, das pessoas. O tempo está curto para tantos afazeres impostos pela mídia, pelos ritos de consumo da globalização. Nossa busca pela felicidade ideologicamente conduzida pelo consumo a qualquer preço encontra ao final o vazio de nosso pouco tempo para ouvirmos a nós mesmos se estamos realmente felizes. O medo é patrocinado pela TV e a solução dos conflitos socioambientais parece ser utopia.
   Estamos aqui vivenciando chuvas que vão expondo a inviabilidade das cidades agora, por exemplo, em Minas Gerais – Brasil. Nas Filipinas outro furacão desabrigou e ceifou vidas de milhares de pessoas. Mais alguns indícios da ação humana provocando o aquecimento global. Além de a natureza expor esta condição insustentável pelo mundo, os conflitos seguem no dia a dia com todos os seres humanos, vivendo em cidades adestradas. Os conflitos que geram este aquecimento global têm origem no modo de produção e consumo que vem sendo adotado em todo mundo de forma hegemônica insustentável. Mas ainda acredito que podemos seguir construindo uma melhor qualidade de vida e meio ambiente. Sociedades sustentáveis.     
   Temos condições de melhorar nossas relações humanas que vem também sendo conflituosas em função desta sociedade insustentável. Necessitamos valorizar o que somos mais do que consumimos ou achamos que somos. Relaxar, ouvir uma boa música. Agradecer pelo que de bom ainda existe nesse mundo em seres vivos, recursos naturais e na nossa capacidade de optar pela valorização do que de melhor existe em cada ser humano. E esse diálogo deve ser permanente. Que possamos ser melhores a cada dia e acreditar que nossa ação humana unindo pessoas e instituições em defesa da vida e de todo meio ambiente melhore as condições socioambientais em nosso dia a dia. 
                       
Luiz Cláudio

sábado, 17 de dezembro de 2011

Occupy Wall Street - como os seres humanos distribuem as riquezas produzidas no mundo

   Seria possível aos seres humanos terem do ponto de vista socioambiental um mundo apenas ? Por que então continuarmos dividindo o mundo em primeiro mundo, “países emergentes” (aliás estão “emergindo” para onde ?), os G8, G20 ... ? Haverá condição de nossa espécie humana distribuir as riquezas produzidas no mundo de forma mais justa e igualitária ? Quais são os custos socioambientais desta desigualdade onde 1% da população possui 40% das riquezas produzidas no mundo ? Essa injusta distribuição de riquezas é sem dúvida um dos mais graves problemas de meio ambiente que nossa espécie tem a enfrentar. Qual é sua opinião ? Segue reportagem de Frederico Rampini sobre o movimento Occupy Wall Street.:

  Um por cento da população mundial possui 40% das riquezas do planeta. Eis como vive, onde vive, o que faz e como ele gasta o seu dinheiro aquela parte da humanidade contra a qual (e em nome dos 99% restantes) o movimento Occupy Wall Street está lutando.
  A reportagem é de Federico Rampini, publicada no jornal La Repubblica, 06-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Mãe, o que fazem todas essas pessoas no nosso avião?". O filho de Jacqueline Siegel não conseguia dar uma explicação a si mesmo, na primeira vez que se encontrou na fila de embarque (primeira classe, obviamente) com tantos desconhecidos, ele que estava acostumado a viajar com o seu pai no jato particular da empresa. Bem-vindos ao mundo do 1%.
   Uma categoria social que acabou ficando sob os holofotes da atenção pública graças ao movimento Ocuppy Wall Street: aquele que se autodefine como "os 99%" e denuncia os privilégios da oligarquia. Se você mora em Manhattan, isto é, no coração do protesto, por meio de quais sinais pode-se perceber se você pertence ao vituperado ou invejado 1%?
  Eis 12 mandamentos que traçam a linha de demarcação na vida diária. É um teste empírico, a prova da verdade que trai os verdadeiros privilegiados.
• Primeiro: você se veste rigorosamente made in Italy (com exceção dos sapatos Louboutin), comprando na Bergdorf Goodman da Quinta Avenida.
• Segundo: janta no Masa (o japonês com menus sem preços), Per Se, Marea, Babbo, e pelo menos uma vez por ano você se concede o personal chef com catering de três estrelas.
• Terceiro: mensalidade fixa da Metropolitan Opera, mais doação fiscalmente dedutível.
• Quarto: voa apenas na BusinessFirst, se o Gulfstream não estiver acessível.
• Quinto: nunca anda de metrô, nem mesmo que esteja nevando.
• Sexto: presença assídua em um spa-fitness, com massagista e personal trainer.
• Sétimo: assina o Wall Street Journal.
• Oitavo: férias de verão na Toscana, em Aspen para esquiar, fins de semana na casa nos Hamptons.
• Nono: seus filhos estudam em uma escola privada do tipo Waldorf (pedagogia progressista, mas competitiva), mensalidade a partir dos 30 mil dólares por ano.
• Décimo: nada de conta corrente, mas sim um telefone direto com o serviço personalizado Wealth Management de um grande banco.
• Décimo primeiro: a mansão onde você mora deve ter porteiros uniformizados.
• Décimo segundo: você gosta de cães de raça, mas é o dog sitter que os leva todas as manhãs ao Central Park.
   Essas regras de vida do 1% mudam pouco se você estiver na China, país que recém cruzou o limiar de um milhão de milionários: foi na República Popular que a Burberrys viu suas vendas crescer em 34% em seis meses, que a Zegna inaugurou a sua 70º loja, que a casa de leilões Christie's vendeu por 4 milhões de euros um par de pistolas da era Qing com cabo de ouro incrustado de pedras preciosas.
   Não varia muito no Brasil, onde o poder de compra dos ricos é tão próspero que a Louis Vuitton cobra um ágio de 100% em comparação com os mesmos produtos da sua loja nos Champs-Elysées.
   Estamos falando de uma exígua minoria de extrarricos? São os banqueiros de sempre, magnatas da indústria, estrelas do espetáculo? Não apenas. Nos EUA, os indivíduos com um patrimônio líquido de 1 a 5 milhões – é o limiar acima do qual os gestores patrimoniais os classificam como "altos patrimônios" – são 26,7 milhões. Outros 2 milhões de norte-americanos têm um patrimônio entre 5 e 10 milhões líquidos. Um milhão de pessoas estão sentadas em um ninho de ovos de ouro de 10 a 100 milhões. Por fim, 29 mil estão sentado em cima de 100 milhões de dólares. Todos juntos fazem mais da metade da população italiana.
   Se quisermos ficar com a definição precisa do 1%, isto é, apenas três milhões de norte-americanos, o limite de ingresso é medido com base na renda. Os dados do Internal Revenue Service (a Receita Federal norte-americana) marcam a fronteira exata: é preciso receber uma renda de, pelo menos, 506 mil dólares brutos anuais (375 mil euros) para entrar no círculo dos três milhões de pessoas que são o 1% da população norte-americana.
  Em nível global, para isolar o 1% que está no topo da pirâmide, é preciso voltar às estatísticas sobre o patrimônio, por serem mais homogêneas. O Global Wealth Report do Credit Suisse indica que eles controlam 38,5% da riqueza mundial, e que os seus bens cresceram 29% em apenas um ano: é uma velocidade dupla com relação ao crescimento da riqueza total do planeta.
   Portanto, o Occupy Wall Street denuncia um fenômeno real, aqueles que estão "lá em cima" alçaram voo, distanciando-se cada vez mais da maioria da população. Um fascinante estudo dos historiadores Peter Lindert e Jeffrey Williamson demonstra que nunca na história passada o 1% teve uma cota tão grande da riqueza nacional. Em 1774, quando ainda havia o colonialismo inglês e, portanto, a aristocracia, o 1% dos privilegiados na New England controlavam apenas 9% do total. A nobreza da época vivia em condições menos distantes da média, com relação às novas oligarquias do terceiro milênio.
   Na história norte-americana, a dilatação enorme das desigualdades tem uma data de nascimento: 1982. Não por acaso, é o início da era de Ronald Reagan, marcada por um sistemático ataque ao welfare state, ao poder dos sindicatos, juntamente com políticas fiscais cada vez menos progressivas. É desde 1982 que o 1% se separa do resto, sobe para a estratosfera, amplia as distâncias: no quarto de século posterior, a sua cota da renda nacional mais do que dobrou, subindo acima dos 20%. A parcela de riqueza sobe ainda mais, superando os 33%.
   É a trajetória que última capa da revista The Nation mostra: "Wall Street inventou a luta de classes". Quando esse conceito já havia se tornado um tabu no debate político norte-americano, os ricos se apropriaram dele, e o conflito social sobre a distribuição dos recursos foi vencido por eles.
   Mas também há aqueles que convidam a se compadecer deles. Robert Frank, no seu livro The High-Beta Rich relata a história da família Siegel, aquela do filho que não entende por que tem que subir no avião com desconhecidos. Depois de ter feito sua fortuna no setor imobiliário e ter construído "a Versalhes dos Estados Unidos", em Orlando, na Flórida (23 banheiros, uma garagem para 20 carros, duas salas de cinema), a família teve a sua mansão penhorada pelos bancos quando o mercado entrou em colapso. "Os extrarricos jamais sofreram uma volatilidade tão exasperada da sua fortuna, ligada aos mercados financeiros", explica Frank.
   Portanto, o 1% é uma categoria em risco, de alta mobilidade. Nela se entra e dela se sai com a porta giratória em alta velocidade. Por isso, em 2008, foi aprovado o welfare dos banqueiros: 600 bilhões apenas para salvar Wall Street.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

VAZAMENTO DE PETRÓLEO EM CAMPO DE FRADE/RJ - CONTINUA

Foto: ANP

    Ainda continua o vazamento de óleo, 382 mil litros de óleo, o equivalente a 2.400 barris, vazou até o momento da Bacia de Campos no acidente no Campo de Frade sob responsabilidade da companhia petroleira norte americana Chevron. O superintendente de meio ambiente da empresa, Luiz Pimenta não sabe precisar por quanto tempo ainda haverá vazamento.
   Em Macaé/RJ o presidente da Câmara Municipal disse que ainda tinha “uma dúvida muito grande se eles não estavam tentando chegar ao pré-sal. O representante da Chevron negou que a empresa norte americana teria tentado fazer perfurações até a camada pré-sal. Ao mesmo tempo a empresa diz ter todas as permissões necessárias para extrair petróleo do pré-sal no Campo de Frade. Esta empresa tem status Classe A que lhe permite perfurar em águas profundas na costa do Brasil. Autoridades reguladoras brasileiras argumentam que a licença da empresa para operar em águas profundas está em revisão ou poderá ser revogada.


   O IBAMA multou a empresa em 50 milhões, o valor máximo de multas aplicadas pelo órgão. O fato é que os danos ao meio ambiente ainda continua ocorrendo embora se divulgue que a mancha visível no mar é de cerca de 159 litros (um barril), no fundo do mar ainda há vazamentos nas rochas. Um dos questionamentos que nosso Jornal Oecoambiental faz é se há realmente segurança de que vazamentos graves como este poderão ser previstos e evitados na exploração do pré-sal na costa brasileira.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

114 ANOS DE BH - PARABÉNS A POPULAÇÃO DE BH PELO ANIVERSÁRIO

BELO HORIZONTE E OS 114 ANOS DE ANIVERSÁRIO  
Vista de Belo Horizonte - imagem do alto mangabeiras
Foto: Jornal Oecoambiental

   Parabéns Belo Horizonte hoje é nosso aniversário de cidadania, 114 anos. Nossos horizontes para todos habitantes da cidade possam ser de muita paz, prosperidade, felicidades, amor, união, solidariedade e que todos continuemos construindo uma cidade e um país sustentável.
   Construir uma cidade sustentável para todos é ainda um desafio não só para Belo Horizonte, mas para a maioria das cidades do Brasil e do mundo. Esse desafio é lançado quando o mundo volta-se para a solução dos problemas ambientais.
   Manter-se, ser capaz de se sustentar para nossa cidade é cuidar melhor de todos habitantes da cidade e das belezas naturais que temos. Uma cidade para todos, com direitos de cidadania para todos. Ambientalmente saudável, como prevê o Artigo 225 da Constituição. No entanto, ainda somos uma cidade onde há espaços “reservados” para ricos e pobres. Uma cidade que empurra os que vivem do trabalho para as periferias e se reservam o centro nas horas de lazer ou áreas ditas nobres para poucos que detém o  “maior poder aquisitivo”.
   Pensando no estado de Minas aonde está localizada, historicamente com tantos minerais e ouro daqui retirado pagando-se o quinto do ouro, poderíamos nos questionar, porque uma região de tanto ouro ainda convive com uma das piores distribuições de renda do mundo, não só BH como o Brasil ?
   Aniversário antes de tudo são dos seres humanos, as pessoas que por gerações produzem riquezas que não são distribuídas equitativamente. Enquanto a grande mídia insiste para que as pessoas consumam, comprem sem salário digno e justo para a maioria. A maioria dos espaços urbanos são espaços privatizados e não de convivência. A ideologia dominante é a imposição do consumo pelo consumo.
   Nossa mensagem de aniversário para a cidade é no sentido das pessoas voltarem-se a nossa condição humana comum. Somos iguais organicamente, mas econômica e ambientalmente a cidade privilegia uma minoria e pune os mais empobrecidos. Os efeitos da degradação ambiental não atingem de forma igual a todas pessoas. Que o digam aqueles que nesse período de chuvas nas vilas e favelas moram em encostas e áreas de risco.
   Que bom seria todos sairmos às ruas festejando o fim das desigualdades sociais, urbanas, rurais, socioambientais. Esta festa ainda uma dia com certeza vai acontecer. Vamos então edificar esse dia . Construirmos os degraus para nosso sonho de uma cidade livre de toda opressão.
   A maioria da população é maltratada em transportes coletivos superlotados em horas de pico. A cidade ainda não percebeu que há nascentes, serras, árvores sendo degradadas e que as pessoas seguem por este mesmo caminho. Que possamos reagir a tanta degradação. Há que se promover em Belo Horizonte a democratização do lazer por exemplo. Ter praças acessíveis, parques bem cuidados sem ter como a população utilizar esses espaços, seja pela dificuldade de um transporte público de qualidade, seja porque ainda não descobrimos que uma cidade é para todos.
   Que em nossos 114 anos de idade, uma cidade ainda jovem poderíamos dizer, toda população possa de fato defender uma qualidade de vida saudável. Que possamos todos perceber que podemos ter uma Lagoa da Pampulha saneada, sem o mau cheiro que depõe contra nossa capacidade de assumir que somos civilizados. Os povos indígenas são de fato uma civilização que tem muito a ensinar. Numa cultura indígena saudável jamais uma Lagoa da Pampulha tão degradada e poluída seria produzida por um povo indígena. O estado da Lagoa da Pampulha é o estado das pessoas.
   Que nossa população não seja exposta a tanto sofrimento nos transportes públicos, na utilização da rede pública de saúde. Que o ensino público de fato possua mais qualidade. Que os salários dos professores sejam de mais respeito não apenas com estes profissionais, mas com as crianças e juventude que tem direito a um ensino público de qualidade e de bom conteúdo.  Que nossa cultura popular seja respeitada, assim como todas as culturas. Hoje os grandes teatros de nossa cidade são democratizados para que toda nossa população tenha de fato sua cidadania respeitada ?
   Parabéns Belo Horizonte, que possamos ter de fato belos horizontes, porque poderemos avançar na conquista de nossa cidadania socioambiental e de fato nos preocuparmos com o desmatamento urbano que a cidade vem assistindo. Que a saída para a civilização belorizontina seja se horizontalizar. Que possamos construir uma convivência, bairros, comunidades saudáveis e não isoladas no individualismo anti-humano.
   Que possamos defender nossas nascentes. Um dos critérios para que a cidade capital de Minas fosse aqui instalada em 1897 foi pela quantidade de água de boa qualidade que ainda resiste existir por aqui. Que saibamos então defender as nascentes que estão ameaçadas em todas regiões da cidade, na Mata da Baleia, na Serra do Gandarela e todos lutemos pela criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, onde boa parte das nascentes que abastecem a região metropolitana corre perigo de extinção. Que possamos impedir que a Serra do Curral seja destruída como vem acontecendo. As obras que fazem parte das campanhas políticas sem pessoas não tem razão de ser. Nas obras anunciadas o concreto não pode oprimir o ser humano como vem acontecendo. Que nossa cidade seja realmente uma cidade com qualidade de vida e meio ambiente saudável para todos e as políticas públicas tenham como ponto de partida as pessoas e nossa qualidade de vida.
   Que o legado do ouro das minas seja o aprendizado de que distribuir a riqueza para todos e ter acesso e direito a um meio ambiente saudável é uma conquista que podemos alcançar juntos, nos unindo cada vez mais em defesa da vida e de todo meio ambiente.
  Nosso abraço de parabéns é um abraço pela valorização de cada um de nós habitantes de nossa Belo Horizonte em belezas humanas e naturais.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

MUDANÇA NO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO - ANISTIA PARA QUEM DEGRADA O MEIO AMBIENTE ?

   O Brasil está perdendo uma importante oportunidade de democratizar a discussão sobre o Código Florestal. O conjunto da sociedade civil brasileira está sendo devidamente informada sobre o que significa essa alteração no Código Florestal ?
   A pressão política de setores empresariais ligados ao agronegócio, como produtores de camarão dentre outros, altera o texto original. A sociedade civil por sua vez não é consultada em sua ampla maioria. Ou seja, setores que concentram poder econômico fazem lobby e sobrepõem aos interesses nacionais da construção da sustentabilidade sua lógica de lucro a curto prazo.
  Em Durban – África do Sul, na COP 17 a alteração do Código Florestal foi denunciada, pois o país fica ainda mais vulnerável as conseqüências das mudanças climáticas se apenas os setores empresariais organizados sem uma compreensão da construção da sustentabilidade tiverem vez. O planeta já vem há tempos mostrando que não resistirá a postergação de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
   Na última terça-feira o Senado Federal votou a mudança do Código – lei de 1965.
  O Brasil possui 537 milhões de hectares de cobertura vegetal. A mudança no Código Florestal foi uma exigência do setor agropecuário. Muitas das propriedades rurais pelo Código Florestal original estão irregulares. Teriam que se adequar a legislação. Ou seja, o governo ao aprovar essa alteração está praticamente dando uma “anistia” aqueles que exploram a atividade econômica sem pensar a médio e longo prazos na degração do meio ambiente. O governo argumenta que em troca da recuperação de áreas desmatadas aceita uma flexibilização da lei. A pergunta que se faz é: o governo então está anistiando quem está hoje degradando o meio ambiente ?
  Há uma denúncia de que cerca de 79 milhões de hectares de florestas ficarão sem proteção ou deixarão de ser reflorestados com as mudanças no Código Florestal, uma superfície equivalente ao território conjunto da Alemanha, Áustria e Itália, segundo a rede de ONGs Observatório do Clima.
  Enquanto o país realiza neste domingo um plebiscito sobre o desmembramento do Pará, um tema polêmico como a mudança do Código Florestal mereceria sem dúvida um plebiscito.