terça-feira, 15 de março de 2011

BELO MONTE E A OS DANOS AO MEIO AMBIENTE DO PAÍS


       O professor Luiz Pinguelli Rosa publicou na Folha de S. Paulo, no último dia 12 de fevereiro, um artigo defendendo a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Um de seus principais argumentos foi o preço oficial que a sociedade pagaria por sua energia: R$ 68/MWh, em comparação com o das novas termelétricas, de R$ 140/MWh.
     Achei curioso o professor acreditar na manutenção dos R$ 68 e por outro lado citar tão genericamente a redução do fluxo no canal principal do rio. "A solução é garantir uma vazão mínima (pelo leito original do rio)", escreve.
   De quanto seria essa tal vazão mínima? Ela garantiria a sobrevivência dos peixes e a navegabilidade do rio? É difícil acreditar, principalmente para quem conhece a região e sabe que durante boa parte do ano o Xingu já praticamente não corre. A água para mover as turbinas principais da barragem seria desviada do leito do Xingu por canais gigantescos. Quanto mais água passar pelo leito natural do rio, menos energia será gerada pela água desviada pelos canais. É evidente que o consórcio vai repassar essa conta ao consumidor.
   O valor apontado ignora ainda uma série de custos ligados aos serviços ambientais que o rio Xingu preservado presta à sociedade, como a produção de peixes e a preservação da biodiversidade. O professor também observou que a área inundada de Belo Monte (516 km²) praticamente se restringiria àquela ocupada pelo rio em sua variação sazonal, como se isso justificasse o alagamento.
   Ele parece desconhecer que estamos tratando de ecossistemas adaptados a um certo nível de alagamento em período curto do ano e que inevitavelmente se degradariam com o alagamento permanente (liberando o nefasto gás metano e fazendo com que as hidrelétricas da Amazônia contribuam tanto ou mais para o efeito estufa do que as termelétricas de potência equivalente, segundo apontam estudos científicos).
   De toda forma, os impactos indiretos de Belo Monte seriam muito maiores que os diretos. A imigração prevista de dezenas de milhares de pessoas para a região já começou e já causa desmatamentos em uma escala sem precedentes. Tudo isto tem um custo, não considerado por Pinguelli.
   Pensando nacionalmente, sabe-se que as florestas preservadas da bacia do Xingu contribuem em muito para o regime de chuvas do resto do país. É possível estimar economicamente o valor desta chuva, pois a devastação da floresta traria prejuízos financeiros calculáveis para a agricultura e para a indústria, que depende de água para produzir. Sem falar no abastecimento das nossas cidades.
   Localmente, podemos enumerar os custos sociais causados pelo aumento da violência resultante do inchaço populacional repentino, pelas doenças causadas pelo enorme volume de água parada em uma região tropical e pela perda do apelo turístico, com o fim das corredeiras e das maravilhosas praias de areia branca.
   São custos de Belo Monte que precisam ser considerados, o que não foi feito adequadamente, devido a terríveis pressões políticas, como registraram os próprios técnicos do Ibama, que não aprovaram o projeto. Mas que ainda podem ser evitados se a obra for cancelada. Essa luta está apenas começando.

Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) em Altamira, e faz parte do Painel de Especialistas para a Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte (Pinkaiti)

domingo, 13 de março de 2011

CASAL DE BEM TE VIS

SABIÁ

CANTO DO ROUXINOL


PEDRA DO SINO

SONS DA NATUREZA

TSUNAMI E TERREMOTOS NO JAPÃO/MARÇO 2011 - COMO PODEMOS NOS DEFENDER


   Na convivência de um mundo cada vez mais individualista onde as empresas transnacionais nunca lucraram tanto, os seres humanos estão ameaçados. A gravidade da situação atual do planeta pode ser aferida pelo que ocorre agora no Japão depois deste tsunami/2011, país que tecnologicamente tem maior infra-estrutura contra terremotos e tsunamis revive o caos da segunda guerra mundial, no maior terremoto seguido de tsunami de sua história. O Japão é o país que mais investe em prevenção de terremotos e tsunamis. Mesmo assim, a devastação é impressionante. Se no Japão há essa destruição, como nos defendermos em outras regiões do planeta? Sabemos que a localização do Japão é em uma região propensa a terremotos. A questão é que se tratam de conflitos socioambientais que ceifam vidas,desabrigam, desestruturam pessoas, famílias, comunidades, cidades, fazendo crescer as estatísticas de degradação ambiental que o mundo vem sofrendo. Diga-se que os efeitos dos conflitos socioambientais não se referem apenas  ao que os cientistas consideram efeitos do aquecimento global. Compreendemos os conflitos socioambientais numa dimensão de como as ações dos seres humanos e sua opção por determinado modo de produção de sociedade e escolhas de matrizes tecnológicas, energéticas,  interferem na vida dos seres humanos e em todo ambiente.

  Os governos ao não priorizarem acordos e soluções globais a crise ambiental fazem nestas “catástrofes” ações de solidariedade que poderiam ser mais eficientes se houvessem atitudes permanentes ou um plano global de fato para que os seres humanos em todo mundo não sejam exterminados como vem acontecendo. A solidariedade internacional quando é para se reduzir as emissões de gases, deter o aquecimento global, por exemplo, são sempre postergadas.
  Resta-nos como sociedade civil em todo mundo nos unirmos cada vez mais. É preciso que nos conscientizemos que os conflitos socioambientais penalizam principalmente os mais empobrecidos. Hoje não apenas pessoas, mas países, cidades, estão deixando praticamente de existirem. Pessoas e famílias, bilhões de seres humanos em todo mundo, que não dispõem sequer de um mínimo de condições a sobrevivência, a sua subsistência, como podem enfrentar essa crise ambiental? O que o mundo exige hoje é a implantação de tecnologias socioambientais, que salvem vidas e defendam uma relação mais harmônica dos seres humanos com todo o ambiente.
  É necessário uma urgente mudança ou transformação na forma de governar, agir, planejar as cidades, capacitar através da educação ambiental toda população em como nos defendermos dos conflitos socioambientais. É preciso que governantes, todas as áreas do conhecimento humano possam desenvolver e implantar pesquisas, projetos, na solução dos conflitos locais de meio ambiente. Este modo de produção de sociedades insustentáveis precisa ser alterado, uma vez que estão centrados no consumo pelo consumo. O que denominamos “tecnologias socioambientais” são fundamentadas na valorização e defesa do ser humano, o ponto de partida, seguido de todo ambiente. A construção da sustentabilidade é o caminho que temos que construir no Brasil e no mundo. Conflitos socioambientais locais e globais estão interligados.