EDITORIAL
As eleições 2014 podem significar uma nova
fase da construção da sustentabilidade no Brasil. O meio ambiente hoje
significa uma dimensão política - socioambiental do século XXI. Países que não
se preocupam com o meio ambiente terão entraves nas possibilidades de se
manterem economicamente. Uma economia
sintonizada com a sustentabilidade é aquela capaz de se manter não apenas em
curto prazo. É preciso desenvolver uma
percepção estratégica sobre como desenvolver as forças produtivas,
respeitando-se os seres humanos e todo meio ambiente.
O Brasil agrega de forma natural e humana
as bases para esta construção da sustentabilidade local com repercussões
globais. Na nossa estrutura
populacional, temos a diversidade étnica como uma de nossas maiores riquezas.
Povos Indígenas culturalmente harmonizados com o meio ambiente, populações
tradicionais, quilombolas, a diversidade cultural em todas as regiões do País,
a pluralidade religiosa, de crenças configuram uma Nação que possui
sabedoria. A valorização da cultura
brasileira é ponto fundamental da construção da sustentabilidade.
Na relação ser humano e natureza,
historicamente o Brasil produz há séculos riquezas naturais que formaram boa
parte do parque industrial dos países do norte, fornecendo matérias primas de
excelente qualidade. As riquezas
naturais do Brasil ainda mantêm economias em todo mundo. Ocorre que esta
produção de riquezas não reverteu para a maioria da população os bônus
econômicos que nossa população tem direito de receber. Quanto ouro Minas Gerais produziu e ainda
produz para o País e para o mundo? Como
explicar então nosso País possuir uma das piores distribuições de riquezas do
mundo? A explicação está na história, na política, na cultura, na nossa formação
socioambiental.
A distribuição de riquezas para a maioria da
população, a elevação da qualidade de vida de todos os brasileiros deve ser à
base da economia sustentável que fortalecerá cada brasileiro e brasileira para
vencermos os desafios de uma globalização predatória como há hoje no mundo.
Ligadas a justa distribuição de riquezas temos a urgência de implantação de políticas
de reparação ao extermínio dos Povos Indígenas e a exploração escravista dos Afrodescendentes que pelo trabalho, possibilitam uma acumulação de capital desigual de algumas famílias no Brasil e no mundo em detrimento de milhões e bilhões de pessoas que sofrem com tamanha exploração. Milhares
de pessoas em estado de mendicância, vivendo nas ruas sem mínima qualidade de
vida é um problema ético - socioambiental no Brasil. Pessoas passando fome,
vivendo em condições subumanas no Brasil e no mundo é um problema ético,
socioambiental para todos os Países.
É preciso vencer a concepção de que “avanço
tecnológico” seja sinônimo de concentração de riquezas para poucos e miséria e
marginalização para muitos humanos. Com tanta criatividade humana a produção de
novas tecnologias no século XXI que colocará um País em um patamar de “desenvolvido”
é ser um País sustentável. A busca de tecnologias de última geração de melhor
qualidade de vida para todos, vencendo-se preconceitos étnicos, culturais e
valorizando-se todo o meio ambiente é nosso atestado de inteligência de que o
ser humano não será destruído por sua própria espécie.
A cultura socioambiental do século XXI
coloca este desafio para o Brasil e para o mundo: um ser humano vivendo de
forma degradada, sem qualidade de vida é um problema de toda espécie humana. O
grande desafio para o século XXI é o ser humano não se autodestruir e valorizar
sua própria espécie, bem como não destruir o todo o meio ambiente, os recursos
naturais de forma predatória.
A implantação de energias renováveis é e
continuará sendo cada vez mais, um marco decisivo para as economias globais. As
políticas públicas devem despoluir os rios, cursos d’água, além de buscarem
soluções emergenciais para a crise do abastecimento de água. O Brasil pode dar
este exemplo de sustentabilidade porque temos uma população sábia e outras
riquezas naturais privilegiadas. As
mudanças climáticas colocam desafios de que o princípio da precaução deva ser
internalizado pela sociedade civil brasileira e mundial.
As relações humanas devem seguir o caminho do
diálogo, da mediação de conflitos. Saber que os problemas ambientais originam
conflitos socioambientais é conquistar uma cultura de potencializar soluções
para a crise socioambiental contemporânea através do diálogo. O caminho da promoção de guerras e do ódio não
é o caminho da sustentabilidade.
O respeito à diversidade cultural de todas
as regiões do Brasil só nos fortalecerá no caminho da sustentabilidade. Vencer o preconceito racial, ou étnico é base
fundamental para a construção da sustentabilidade. O mundo reconhece, por
exemplo, a arte do Carnaval, do Samba, da Capoeira falta-nos como Nação
brasileira valorizar devidamente nossa própria cultura e nossa riqueza
socioambiental.
A valorização e sustentabilidade da Floresta
Amazônica deve ser uma prioridade nacional. Respeitar e saber cuidar da
Floresta Amazônica implicará em saber cuidar de cada ser humano, das árvores
nas cidades e nos campos. A Floresta Amazônica é nossa casa, nosso ambiente,
são as árvores que estão plantadas em nosso quintal, na nossa rua, nas nossas
cidades, pois somos parte mineral, vegetal, orgânica da floresta. Sem as
árvores não teríamos ar para respirarmos. Para
este cuidado há que se haver cuidado com a pessoa humana. Implantar saúde e
educação públicas voltadas para a qualidade de vida das pessoas e de todo meio
ambiente que nos cerca. Ter saúde e educação de qualidade é cuidar da água, sem
a qual não teremos como sobreviver. É cuidar de não poluir os cursos d’água.
Ter saúde e educação é não desmatar a Floresta Amazônica de forma predatória e
tanto na área urbana como no campo. É produzir alimentos sem agrotóxicos.
Valorizar a agricultura familiar, a agroecologia e a economia solidária.
O resultado das eleições 2014 nos ensina que
ter posições diferentes faz parte do ser humano. O que se precisa é ter mais respeito ao se
discordar de uma posição política. É preciso que nos eduquemos para dialogar e
não para propagar o ódio. Vencer o preconceito com relação ao respeito a todas
as regiões do Brasil e nossa diversidade cultural. Vencer os preconceitos
étnicos. Na medida em que houver uma melhor distribuição de renda no Brasil, a
exploração dos mais pobres por fundamentalismos religiosos que mercantiliza a
crença das pessoas será vencida. A crença em Deus será uma conquista da
maturidade de Fé de cada brasileiro. Pois “Deus é brasileiro”.
Desejamos sucesso, prosperidade, saúde,
felicidade, paz, harmonia a todos os brasileiros e ao mundo. E a Presidenta
Dilma tudo isto e muita sabedoria, que ela demonstra ter para unir o Brasil e o
mundo no caminho do diálogo, como ela mesma disse. E que a Presidenta Dilma e a
sociedade civil brasileira internalize a sustentabilidade como princípio
estratégico de governança para um Brasil e um mundo melhor de se viver com
dignidade humana e todo meio ambiente mais sadio para todos.