quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

MIA MOTTLEY - PRIMEIRA MINISTRA DE BARBADOS - DEFENSORA DO MEIO AMBIENTE

Fonte: ONU - BRASIL

  Mia Amor Mottley é a primeira-ministra de Barbados, laureada pelas Nações Unidas com o prêmio Campeã da Terra na categoria Liderança Política.

   Eleita em 2018 com mais de 70% dos votos populares, tornou-se a primeira mulher líder de Barbados desde a independência, em 1966.

   O país segue um plano ambicioso para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis até 2030. Uma das metas de sua gestão é que quase todas as casas da ilha tenham painéis solares e um veículo elétrico na frente.

   Descubra mais sobre essa figura emblemática em uma reportagem do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Legenda: Mottley passou anos fazendo campanha contra a poluição, a mudança climática e o desmatamento
Foto: © Kyle Babb/PNUMA

Mia Amor Mottley é a primeira-ministra de Barbados. Ela também foi laureada pelas Nações Unidas com o prêmio Campeã da Terra na categoria Liderança Política. Há anos ela se dedica às campanhas contra poluição, mudança climática e desmatamento, tornando Barbados um país pioneiro no movimento global pelo meio ambiente. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) produziu uma reportagem especial em que apresenta essa figura emblemática e revela porque sua voz ganhou projeção global. 

Sem meias palavras - Quando Mia Mottley subiu ao palco na Assembleia Geral das Nações Unidas em 2021, ela não estava disposta a fazer vista grossa. Sem meias palavras, denunciou os “poucos anônimos” que estão levando o mundo para uma catástrofe climática e ameaçam o futuro dos pequenos Estados insulares, como o que ela governa. 

“Nosso mundo não sabe com o que está brincando, e se não controlarmos este incêndio, todos seremos queimados”, disse a primeira-ministra. Inspirando-se na letra de reggae de Bob Marley, ela acrescentou: “Who will get up and stand up for the rights of our people?” (“Quem se levantará e defenderá os direitos de nosso povo?”, na tradução literal).

A primeira-ministra Mottley foi uma campeã para aqueles que são mais vulneráveis à tripla crise planetária da mudança climática, perda da natureza e da biodiversidade, e poluição e resíduos. Seu ativismo apaixonado e suas conquistas políticas são exemplos primordiais de como as lideranças mundiais podem tomar medidas ousadas e urgentes em questões ambientais.

— Inger Anderson, diretora executiva do PNUMA 

Mottley foi eleita primeira-ministra em 2018 com mais de 70% dos votos populares, tornando-se a primeira mulher líder de Barbados desde a independência, em 1966. Sob sua liderança, o país segue um plano ambicioso para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis até 2030. Uma das metas de sua gestão é que quase todas as casas da ilha tenham painéis solares e um veículo elétrico na frente.

A primeira-ministra, que também supervisionou uma estratégia nacional para plantar mais de 1 milhão de árvores, com a participação de toda a população, diz que encontra inspiração nas florestas que cobrem cerca de 20% de Barbados. O plano visa promover a segurança alimentar e construir uma resiliência a um clima em mudança. 

Nosso mundo não sabe com o que está lidando, e se não controlarmos este fogo, ele queimará a nós todos.

— Mia Amor Mottley, Primeira-Ministra de Barbados

 

Um novo relatório do PNUMA sugere que o mundo está caminhando para um aumento de temperatura de 2,7°C, o que poderia levar a mudanças catastróficas para os ecossistemas do planeta. Com a perseverança de Mottley, a América Latina e o Caribe se tornaram a primeira região do mundo a chegar a um acordo sobre o Plano de Ação para a Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, um esforço para prevenir e reverter a degradação dos espaços naturais em todo o mundo. Um relatório do PNUMA publicado em junho de 2021 constatou que para cada dólar investido na restauração de ecossistemas, são gerados até 30 dólares em benefícios econômicos. 

Combate à pobreza - Mottley acredita que enfrentar o declínio ambiental é fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico e combater a pobreza. Lidar com desastres relacionados ao clima “afeta a capacidade de financiar avanços rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse ela. “Outras coisas importantes no dia-a-dia das pessoas - como educação, saúde, rodovias -, tudo é afetado porque se tem um espaço fiscal limitado para realizar ações que, não fossem esses desastres, você conseguiria”.

Ela também é uma voz defensora dos países em desenvolvimento vulneráveis à mudança climática, especialmente os pequenos estados insulares que têm a previsão de serem inundados pela elevação do nível do mar. Durante uma visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Barbados em outubro, ela enfatizou a importância de disponibilizar financiamento para que as nações em desenvolvimento se adaptem às mudanças climáticas. 

Nos países em desenvolvimento, o custo para combater os riscos relacionados ao clima, como secas, inundações e elevação do nível do mar, é de US$ 70 bilhões por ano e pode chegar a US$ 300 bilhões anuais até 2030.

“Temos que reconhecer que, se não fizermos uma pausa nesta fase para resolver a estrutura de financiamento, teremos problemas”, disse Mottley.

Para ajudar Barbados a se adaptar à crise climática, a primeira-ministra liderou um programa nacional de resiliência denominado De Telhados a Recifes (“Roofs to Reefs”, em inglês). A iniciativa conta com o uso de ferramentas financeiras inovadoras para ampliar os gastos públicos em todas as áreas, desde o reforço da estrutura das casas até a restauração dos recifes de coral, que ajudam a proteger o litoral das tempestades. De Telhados a Recifes tem sido elogiado como um modelo para outros países ameaçados pela mudança climática. 

Mottley é também a copresidente do Grupo de Líderes Globais em Resistência Antimicrobiana, liderando um esforço internacional para combater a resistência antimicrobiana (RAM) — uma grande ameaça ao meio ambiente, à saúde humana e ao desenvolvimento econômico. RAM é a capacidade de organismos de resistir à ação de medicamentos utilizados para o tratamento de doenças em humanos e em animais. O uso indevido e excessivo de agentes antimicrobianos, incluindo antibióticos, pode exacerbar a mudança climática, a perda da natureza e biodiversidade, e a poluição e resíduos. 

Sobrevivência fiscal - Enquanto o mundo continua a se recuperar da devastação da pandemia de COVID-19, a primeira-ministra destaca que uma recuperação sustentável é essencial para a sobrevivência fiscal de seu país, que depende do turismo, bem como adverte que a continuidade dos negócios, da maneira como são conduzidos, aceleraria a crise climática.

“Penso que a combinação da pandemia e da crise climática nos proporcionou um momento político perfeito para que os seres humanos parem e examinem a fundo o que estão fazendo”, disse Mottley. “O que eu realmente quero deste mundo é que consigamos ter um senso de responsabilidade perante o nosso meio ambiente, e também perante as gerações futuras”.

Campeões da Terra - Os prêmios Campeões da Terra e Jovens Campeões da Terra do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente reconhecem indivíduos, grupos e organizações cujas ações têm um impacto transformador no meio ambiente.  Com cerimônias anuais, são a maior honraria ambiental da ONU.

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